Neste trabalho, apresentamos uma análise espacial dos homicídios ocorridos em Belo Horizonte e registrados pela Polícia Militar de Minas Gerais durante o período de 1995 até 1999. Utilizamos o programa SaTScan para identificar os conglomerados de risco de mortalidade mais elevado. Considerando todas as regiões da cidade de Belo Horizonte, apenas dez apresentam um risco maior de homicídios, quase todas concentradas em favelas. Como existem 85 favelas ao todo, concluímos que não são as condições sócio-econômicas per se as responsáveis pelos conglomerados de homicídios, mas o fato dessas regiões serem assoladas pelo trafico e violência associada ao comércio de drogas.
RESUMO Propomos uma reflexão sobre a ambivalência da escola sobre os adolescentes com trajetória infracional. Nosso problema consiste em demonstrar como a escola opera como lugar de exclusão, operando a partir da lógica segregatória do privilégio cultural. O método foi a revisão crítica da produção científica da psicologia e sociologia, usando como descritores “educação” e “adolescente em conflito com a lei” nas plataformas SciELO e Pepsic. Nos resultados constatamos que os índices de evasão escolar coincidem com a entrada na trajetória infracional dos adolescentes, fortalecendo o estigma e a exclusão. Perguntamos se, mesmo excludente e tão precária, não seria ainda essa escola formal melhor do que a não escola? Após análise da literatura defendemos a hipótese de que a escola pode funcionar como uma alça que oferece um ponto de apoio, proteção e referência para o adolescente com trajetória infracional, ainda que seu modelo seja anacrônico em relação ao efetivo exercício dessa possibilidade.
A violência urbana no Brasil tem assumido proporções elevadas nos últimos anos. Somente em 2014, quase 60 mil pessoas foram vítimas de homicídios no Brasil, posicionando o país entre os mais violentos do mundo. O objetivo deste texto é apresentar os resultados da avaliação da implementação do Programa Fica Vivo! na cidade de Belo Horizonte, ao longo de 15 anos de execução. De maneira geral, pode-se dizer que o programa cumpriu sua finalidade e logrou êxito em reverter a tendência de crescimento das taxas de homicídio. A metodologia adotada para avaliar os impactos do Programa Fica Vivo! permitiu aferir os efeitos das políticas de prevenção e controle dos homicídios.
RESUMO Este texto pretende pensar as articulações entre o curso de vida e, principalmente, a trajetória infracional de adolescentes que cumprem medida socioeducativa de Internação e Semiliberdade por tráfico de drogas em uma cidade mineira. Orientado, no âmbito da Sociologia, pela criminologia de curso de vida e, no âmbito da Psicologia, pela escuta da singularidade da vida adolescente, este trabalho apresenta um recorte extraído das informações oferecidas pelo Plano Individual de Atendimento (PIA), com o objetivo de analisar no material os indicativos de que esses jovens estão submetidos a um processo de acúmulo de desvantagens. Questiona-se, assim, a capacidade efetiva do sistema socioeducativo de reeducar esses jovens e modificar a suas trajetórias de vida.
Apresentamos uma discussão epistemológica, ontológica e metodológica a respeito da transdisciplinaridade a partir de investigação sobre curso de vida e trajetória delinquencial de jovens e adolescentes no município de Belo Horizonte. Partimos de uma análise da estrutura de mudança e da relação de saber e poder entre as disciplinas envolvidas, tais que, psicanálise, sociologia e educação. Três aspectos relevantes foram levantados após breve construção teórica e apresentação da pesquisa: a transdisciplinaridade enquanto discussão teórica; a transdisciplinaridade em ato; a análise da implicação. A discussão conduzida no artigo leva à apresentação de três instrumentos metodológicos, construídos no percurso transdisciplinar que segue a pesquisa: narrativas memorialísticas, questionários e Planos Individuais de Atendimento (PIAs).
En vista de la escasez de trabajos que aborden la participación de niñas y mujeres en el crimen, nuestro objetivo es presentar un estudio de caso de delincuencia femenina, extraído de los resultados parciales de la investigación «Curso de vida y trayectoria delincuente: un estudio exploratorio de eventos y narrativas de jóvenes vulnerables». Usaremos la perspectiva teórica del psicoanálisis para analizar el Plan de Servicio Individual, la entrevista semiestructurada y la narrativa memorialista de una joven que llamamos Cecilia, en honor a la poeta brasileña Cecilia Meireles. Es una mujer morena que sufrió abusos sexuales en la infancia, se convirtió en madre en la adolescencia y asesinó a sus parejas por participar en delitos. También enredada en la criminalidad, busca refugio y orientación en una religión afro.
Resumo Frente às elevadas taxas de mortalidade e encarceramento de jovens brasileiros negros, pobres e moradores de periferia, apresenta-se pesquisa transdisciplinar que buscou qualificar os eventos, transições e rupturas que marcam suas trajetórias, analisando o ciclo de vida para desvelar seus nexos, movimentos e fatores de risco. Para tanto, partimos do levantamento de Planos Individuais de Atendimento (PIA) de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa para, posteriormente, efetuar uma busca ativa por esses sujeitos, a fim de aplicar um questionário e convidá-los a contarem suas histórias de vida por meio da metodologia de Narrativas Memorialísticas. A partir da análise de um caso que revela o potencial universal de cada vida singular, foram analisados quatro eixos identificados a partir do próprio discurso do jovem, a saber: a violência do Estado, a adolescência, a mortalidade e a aposta. Em contraposição à precariedade e à ausência de amparo a que algumas vidas são lançadas, desvelando a morte, uma aposta decidida, traduzida pela oferta de algum enlaçamento, parece convocar a construção de saídas possíveis.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.