Identificar e analisar as classificações e representações da alimentação, bem como as práticas de produção e consumo de alimentos entre agricultores e agricultoras da região do Vale do Taquari (Rio Grande do Sul, Brasil). MétodosOs dados e as informações foram obtidos a partir de entrevistas e observação participante, orientadas por um esquema metodológico qualitativo. Participaram da pesquisa, realizada em 2004 e 2005, 48 famílias rurais, de três diferentes localidades. Os recursos teórico-analíticos utilizados foram os da antropologia da alimentação e da abordagem da reciprocidade. ResultadosEntre as famílias estudadas é significativa a produção de alimentos para autoconsumo, sendo as mulheres as principais responsáveis por sua obtenção. As práticas alimentares, embora tenham sofrido modificações, em 1 Os resultados apresentados, breve e parcialmente neste artigo, compõem o livro "A agricultura familiar à mesa: saberes e práticas da alimentação no Vale do Taquari o projeto de pesquisa foi apoiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, a partir do Edital MCT/MESA/CNPq/CT-Agronegócio 01/2003 (processo CNPq nº 503566/2003-9); a instituição executora foi a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária, as instituições parceiras foram a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A equipe multidisciplinar que conduziu a pesquisa, coordenada pela primeira autora deste artigo, foi composta pelos(as) pesquisadores(as): Flávia Charão Marques (PGDR/UFRGS), José Antônio Kroeff Schmitz (UERGS), Leonardo Beroldt (UERGS), Margarita Rosa Gaviria Mejia (PPGS/UFRGS) e Saionara Araujo Wagner (FEPAGRO); bem como pelos(as) então estudantes do
OBJETIVO: Identificar e analisar as classificações e representações da alimentação, bem como as práticas de produção e consumo de alimentos entre agricultores e agricultoras da região do Vale do Taquari (Rio Grande do Sul, Brasil). MÉTODOS: Os dados e as informações foram obtidos a partir de entrevistas e observação participante, orientadas por um esquema metodológico qualitativo. Participaram da pesquisa, realizada em 2004 e 2005, 48 famílias rurais, de três diferentes localidades. Os recursos teórico-analíticos utilizados foram os da antropologia da alimentação e da abordagem da reciprocidade. RESULTADOS: Entre as famílias estudadas é significativa a produção de alimentos para autoconsumo, sendo as mulheres as principais responsáveis por sua obtenção. As práticas alimentares, embora tenham sofrido modificações, em função da modernização da agricultura e da incorporação de produtos industrializados, guardam especificidades locais e estão relacionadas a diversas expressões de sociabilidade, como a circulação de alimentos e a realização de festas comunitárias, que, impregnadas por simbolismos, atualizam um modo de vida e têm garantido segurança alimentar. CONCLUSÃO: As práticas de produção para autoconsumo das famílias estudadas estão associadas à sua segurança alimentar e, desse modo, às suas estratégias de reprodução social. A circulação de alimentos e as escolhas alimentares expressam relações de sociabilidade e de identidade nas comunidades rurais estudadas. Aspectos socioculturais e distintos níveis de relações sociais apresentam-se em transformação, podendo colocar em risco a segurança alimentar das famílias. Tais processos inspiram a realização novos estudos.
Artigo recebido em 17 de janeiro de 2017, versão final aceita em 18 de julho de 2017.1 A respeito do uso dos termos agricultura ecológica, agricultura orgânica e agroecologia: no Brasil, a Lei n0 10.831, de 23 de dezembro de 2003, trata de sistema orgânico de produção agropecuária, e no parágrafo segundo considera que o conceito de sistema orgânico de produção agropecuária abrange os denominados: ecológico, biodinâmico, natural, regenerativo, biológico, agroecológicos, permacultura e outros que atendam os princípios estabelecidos pela Lei. Neste artigo, estamos aceitando a proposição apresentada no Marco Referencial em Agroecologia (EMBRAPA, 2006). De acordo com este, quando nos referimos à Agroecologia, estamos focalizando um conjunto de princípios e conceitos orientadores de práticas, e quando tratamos de Agriculturas Ecológicas, nos remetemos às manifestações concretas ou à materialização daqueles conceitos. O caso em análise, a agricultura ecológica em Ipê e Antônio Prado, pode ser considerado uma manifestação prática dos princípios e conceitos da agroecologia, como também de outros conceitos que não fazem parte do marco referencial em agroecologia, já que esta prática emerge nos municípios de Ipê e Antônio Prado, antes da introdução da agroecologia como referencial teórico no Brasil. RESUMO:Este artigo analisa o processo de produção de conhecimentos e inovações em agricultura ecológica. Trata especificamente do caso do biofertilizante Super Magro, insumo desenvolvido por técnicos e agricultores ecologistas dos municípios de Ipê e Antônio Prado/RS. Para a análise, apresentamos um quadro teórico que explora: (a) o papel da prática agrícola como lócus e objeto (epistêmico) de produção de novos conhecimentos e inovações; (b) o modelo de aprendizagem e acumulação de conhecimento contextual. As informações analisadas foram coletadas através de entrevistas semi-estruturadas e de observação participante junto a técnicos e agricultores ecologistas, durante o ano de 2012. Pode-se afirmar que o processo de desenvolvimento do Super Magro deu-se a partir da prática cotidiana e da reflexão criativa de técnicos e agricultores envolvidos no desenvolvimento de uma agricultura ecológica. O processo tem início com a internalização de conhecimentos teóricos, em especial a Teoria da Trofobiose, e de algumas práticas já testadas em outras experiências de produção orgânica. E em seguida, com a contextualização, ou reconfiguração, destes aos conhecimentos e práticas dos agricultores e às necessidades dos cultivos existentes, em especial o cultivo da maçã. O fato dos agricultores ecologistas de Ipê e Antônio Prado fazerem parte de associações e de um núcleo da Rede Ecovida
ResumenEste artículo plantea una reflexión sobre los cambios sociotécnicos en la agricultura, entendidos como respuestas contratendenciales al desarrollo orientado por la modernización. A partir del caso emblemático del territorio Ipê-Antônio Prado en el extremo sur de Brasil, se confirma que la vinculación de distintos actores resulta en nuevas prácticas productivas, discursos, performances y múltiples procesos sociales que reposicionan modos locales de organización. Se identifica la emergencia de una expresión nativa de "agricultura ecológica" que se inicia bajo el signo de la agricultura alternativa, sin embargo, desencadena cursos de acción heterogéneos que configuran potenciales agendas de cambio para la producción de alimentos.Descriptores: agroecología; sostenibilidad; acción social; organización social; cambios sociotécnicos. AbstractThis article presents some reflections about the socio-technical changes in agriculture understood as counter-movements to development strategies based on modernization. By examining the emblematic case of Ipê-Antônio Prado in the far south of Brazil, this study confirms that through the collaboration of various actors new productive practices, discourses, performances and multiple social processes emerge that reposition local forms of organization. The study identifies the emergence of an endogenous expression of "ecological agriculture" that was initiated within the broader framework of alternative agriculture. However this shift has triggered heterogeneous courses of action in the region that have configured new processes of change for agricultural production.
A partir da identificação de um contexto particular na porção noroeste de Minas Gerais, caracterizado por relativa efervescência artístico-cultural, buscamos, neste artigo, analisar os usos estratégicos do patrimônio cultural imaterial. Inscrevem-se nessas estratégias o apelo performático à literatura e a adesão persuasiva ao discurso da economia criativa. A observação sugere reflexão acerca da autoria e da autenticidade das ações locais.
O artigo se refere às dinâmicas sociotécnicas na pecuária familiar gaúcha realçando a relevância das experiências de desenvolvimento rural em comunidades de pecuaristas familiares no Rio Grande do Sul. Ele também salienta a necessidade de aprofundamento das pesquisas e estímulo às políticas públicas que valorizam a transição da agricultura em direção à conservação e uso sustentável das ameaçadas áreas campestres do Estado. O cultivo de grãos, a silvicultura e o manejo inadequado dos campos estão entre as principais causas da degradação, que já suprimiram mais da metade da área original desses recursos nativos, cuja multifuncionalidade vai muito além da tradicional e conhecida produção de proteína animal. Para a melhor compreensão da gestão desse premente processo transicional o trabalho apresenta a Perspectiva Multinível enquanto abordagem potencialmente capaz para investigar os elementos que explicam como múltiplos atores locais e regionais articulam trajetórias e repertórios originais de desenvolvimento rural, trazendo aportes importantes para a formulação de políticas. Esse estudo, que se apoia em revisão bibliográfica, atribui e identifica papel central ao pecuarista familiar e seus rebanhos, na medida em que este grupo social está envolvido com processos de coprodução criativos, adaptados e contextualizados localmente.
Marcela é uma planta medicinal de largo uso popular, cujas propriedades despertam interesse da indústria farmacêutica. Com o objetivo de avaliar sementes de diferentes procedências e épocas de coleta, aquênios de marcela foram coletados em Eldorado do Sul e Viamão/RS, em 11 de março; 24 de março e 11 de abril. Os aquênios foram classificados em cheios, intermediários e chochos, conforme seu tamanho, coloração e rugosidade do pericarpo. A umidade foi determinada pelo método da estufa a 105ºC (± 3ºC/24h), o vigor foi avaliado pelo teste de condutividade elétrica e velocidade de germinação. A germinação foi testada a 20ºC e iluminação constante. Os lotes de 24 de março reuniram melhores características, pois aliaram maior quantidade de sementes cheias (58%), com vigor e germinação (64%) satisfatórios. Sementes de 11 de abril, embora tenham atingido maior germinação (82%), apresentaram grande quantidade de sementes chochas (49%), baixando a qualidade do lote. Em 11 de março, as sementes apresentaram significativamente maior umidade, caracterizando sua imaturidade. Os lotes coletados em Eldorado do Sul/RS apresentaram qualidade superior àqueles provenientes de Viamão/RS, evidenciando diferenças populacionais. A melhor época de coleta foi em 24 de março; a maturação das sementes parece estar relacionada à senescência da planta mãe.
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