A exclusão social à qual as comunidades quilombolas estão expostas, em todo o território brasileiro, tem favorecido sua vulnerabilidade socioeconômica, ambiental, o que se traduz em precárias condições de vida e saúde. Este estudo tem como objetivo analisar as condições de vida, saúde e morbidade referidas pelas comunidades quilombolas do semiárido baiano. Trata-se de um estudo transversal realizado nas comunidades quilombolas de Matinha dos Pretos e Lagoa Grande no município de Feira de Santana (BA), com indivíduos adultos (≥ 18 anos). Os dados foram coletados por meio da aplicação de três instrumentos e analisados utilizando-se o pacote estatístico Stata 14.0. Resultados: dos 864 entrevistados, 63,0% são do sexo feminino; 47,8%, casados, apresentando uma média de idade de 42,6 anos (IC 95%: 41,1 – 44,2), e de escolaridade, variando de 6 a 7 anos de estudo em média. A maioria realiza trabalhos informais, especialmente nas funções relacionadas à agricultura. Em relação à vulnerabilidade ambiental, é de se destacar que 99,5% das casas não possuem rede de esgoto. Observou-se que a maioria raramente procura os serviços de saúde. As doenças de maior prevalência foram: doenças da coluna, doenças parasitárias e hipertensão arterial. Os principais agravos relacionados à saúde mental foram: ansiedade (n = 231); transtornos mentais comuns (n = 159) e fobias (n = 107). Os resultados demonstraram que as comunidades quilombolas de Feira de Santana (BA) encontram-se vulnerabilizadas, condição que revela a necessidade de intervenções sociais e de saúde, com vistas à melhoria da condição de vida e saúde dos quilombolas. Palavras-chave: Perfil epidemiológico. Condição de vida. Grupos com ancestrais do continente africano.
The study aimed to analyze the phenomenon of sexual violence against children and adolescents in the state of Bahia, between 2014 and 2016, since its characterization to spatial relations. This is an ecological study of reported cases of sexual violence in children and adolescents, which occurred in Bahia, with sociodemographic characterization of cases, occurrences and aggressors; time trend of rates and Moran statistic I for spatial analysis. A total of 2,443 cases were reported, the victims were mostly female (85.2%), mean age 12 years and brown (69.3%); the aggressors were known (44.2%) and males (95.0%). In relation to the distribution of rates, there was a variation from 1.7/100,000 inhabitants in January 2014 to 1.0/100,000 inhabitants in December 2016. In spatialization, there was an incidence of the phenomenon in almost all of the municipalities of Bahia (96%) with high-high cluster formation at approximately 6%. Thus, it is concluded that children and adolescents are potentially exposed to sexual violence. The spatialization of cases opens a range of possibilities for planning health surveillance strategies, aiming at more assertive interventions.
Objetivo: Analisar o perfil das internações nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) adulto do Distrito Federal durante janeiro/2018 a junho/2022, com ênfase na comparação entre antes e durante os primeiros anos de pandemia por COVID-19. Métodos: Estudo quantitativo, descritivo e com análise temporal, utilizando dados do Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde. Estudou-se às características sociodemográficas, tempo de permanência, gastos com internação, causas de admissão e mortalidade, destacando o contraste antes e durante a pandemia e a evolução mensal das admissões. Resultados: Identificou-se 32.514 internações, maior proporção do sexo masculino, e idade entre 50 a 69 anos. Antes da pandemia as doenças do aparelho circulatório prevaleciam, com modificação na pandemia para doenças infecciosas e parasitárias. A mortalidade cresceu 9,8%, houve aumento na média de dias de UTI e gastos hospitalares. As internações por doenças infecciosas, apresentou quatro pontos de inflexão na tendência temporal do número de internações, com maior crescimento de março a julho/2020. Conclusão: A maioria das internações em UTI, antes e durante a pandemia, foram homens, idosos, de raça/cor parda. As causas migraram das doenças do aparelho circulatório para as infecciosas, com a COVID-19 sendo a principal responsável pela mudança do padrão de internação.
Diferenças raciais se associam às desigualdades sociais e condicionam a forma de vida das pessoas, podem determinar a saúde e doença de um determinado grupo. O proposito da pesquisa foi analisar a mortalidade por causa básica de óbito, tempo de sobrevivência e diferenciais pela raça/cor e sexo na Bahia. Trata-se de um estudo epidemiológico, quantitativo, com dados secundários provenientes do SIM. Avaliou-se a associação entre as variáveis “causa básica de óbito” e “raça/cor” pelo teste do qui-quadrado, estudaram-se as relações entre todas as categorias de ambas as variáveis em uma análise de correspondência simples, e realizou-se uma análise de sobrevivência para comparar as curvas. Os resultados revelam que as mulheres apresentam melhor tempo de sobrevivência que os homens. Há uma associação entre a causa de óbito e raça/cor estatisticamente significante (p<0,0001). Os dados sugerem que há causas específicas de óbito segundo a raça/cor. Não encontramos diferenças estatisticamente significantes na sobrevivência média de brancos quando comparados com amarelos. Os pardos morrem principalmente pelas causas externas e apresentam o menor tempo de sobrevivência médio, aproximadamente 10 anos menos que os brancos. Pretos morrem principalmente pelas doenças infecciosas e parasitárias, e apresentam em média 7,9 anos de sobrevivência menos que brancos. Indígenas morrem principalmente por transtornos mentais e comportamentais e apresentam 8,5 anos menos de sobrevivência. Conclusão: As mulheres apresentam maior sobrevivência média que os homens. Embora a sobrevivência média geral tenha apresentado uma tendência ao aumento, nas categorias da raça/cor há diferenças na média, diferenças que são mantidas ao longo dos anos.
Objetivo: investigar a distribuição espacial dos casos confirmados e óbitos da COVID-19 nos quatro primeiros meses da Pandemia no município de Salvador, a partir dos seus distritos sanitários. Método: estudo ecológico d com 34.691 mil casos confirmados e 1.589 mortes por COVID-19 em Salvador, Bahia, entre março e junho de 2020. Analisaram-se os dados no STATA 12.0 por meio de estatística descritiva e inferencial. Resultados: A média de casos confirmados foi de 109,2 casos/ dez mil habitantes. Os distritos de Barra/Rio Vermelho (143,8/dez mil) e Centro Histórico (136,1/dez mil) apresentaram média de casos superiores à média municipal. Houve média de 5,4 mortes/dez mil habitantes, ficando os distritos Liberdade (8,4/dez mil) e Itapagipe (7,2/dez mil) com médias superiores à municipal. Os distritos de densidades consideradas altas (Botas, Itapagipe e Liberdade) representaram 22,4% dos casos das doenças e 25,9% do total de mortes. A população e nº de casos de H1N1 correlacionaram-se significativamente ao número de casos de COVID-19 nos distritos. Observou-se tendência crescente do número de casos, com crescimento médio semanal de 27,17% (p-valor < 0,001) e alta no período entre março e junho de 2020. Os distritos sanitários que tiveram um maior crescimento de notificações foram Barra- Rio Vermelho (30,3%), Cajazeiras (28,7%) e Pau da Lima (28,1%). Conclusões: o número de casos é maior nas regiões de maior circulação de pessoas por fins econômicos e(ou) turísticos, porém a letalidade é maior em regiões mais pobres do município. A tendência crescente de casos requer atenção para medidas efetivas de isolamento social.
Objetivo: caracterizar o perfil epidemiológico de vítimas idosas deviolência e seus agressores, a partir de documentos oficiais geradospelo Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis concluídosentre 2014 e 2016. Método: realizou-se um estudo epidemiológicodo tipo transversal. Para análise dos dados, foi adotado, além dadescrição das variáveis, o modelo de regressão de Poisson robustopara avaliação das associações. Resultados: dos inquéritos avaliados,237 (58,1%) estavam relacionados a agressões ao idoso. A violênciapsicológica foi a mais frequente (44,4%). Notou-se que 65,8% detodas as vítimas eram do sexo feminino, entre 60-69 anos (42,6%)e com ensino fundamental (42,7%). Os agressores mais frequenteseram do sexo masculino (67,8%), com média de idade de 42,0 anose filhos da vítima em 49,4% dos casos. Infelizmente, em pouco maisda metade houve indiciamento do agressor. O abuso psicológico foimenos prevalente quando a vítima era de raça/cor branca (RP = 0,6)e mais frequente quando o agressor era o filho (RP = 1,6). O abusofísico esteve associado aos idosos jovens (RP = 1,2), sendo fatorde proteção para o abandono/negligência (RP = 0,8). Salienta-seque os homens agressores estiveram menos associados à violênciafinanceira do que as mulheres (RP = 0,7). Conclusão: os resultadosdemonstram uma prevalência significativa de violência contra idosos,sendo esta ocasionada de modo associado. Faz-se necessária aidentificação precoce desse tipo de violência e investimento emações de proteção da pessoa idosa, com o intuito de manter a suacapacidade funcional e inserção social.
O presente estudo tem como objetivo avaliar a associação entre o comportamento do bullying, variáveis sociodemográficas e a atividade física acumulada em adolescentes escolarizados brasileiros. Trata-se de um estudo com dados secundários, utilizando dados da Amostra 2, da PeNSE 2015 (n = 10926). Para a análise de dados foi utilizada a regressão logística binária para estimar a chance de ocorrência do fenômeno do bullying na forma de Odds Ratio (OR) bruta e ajustada. Para a verificação dos fatores associados ao bullying em adolescentes brasileiros a amostra foi estratificada em “ativos” e “insuficientemente ativos”, de forma a entender o comportamento do bullying entre cada estrato. Observou-se que o sexo masculino apresentou duas vezes mais chances (OR = 1,99; IC95% 1,80 – 2,19) de apresentar este comportamento de bullying quando comparado com o sexo feminino. Verificou-se para o estrato “ativos”, associação entre perpetrar bullying e o sexo masculino (OR = 2,21; IC95% 1,82 - 2,67) e sofrer bullying enquanto auto percepção (OR = 2,45; IC95% 2,05 - 2,93). Para os “insuficientemente ativos”, percebeu-se associação no modelo ajustado entre “perpetrar bullying” e sexo masculino (OR = 1,88; IC95% 1,65 - 2,13). Notou-se que os adolescentes do sexo masculino, que sofriam bullying, tinham mais chance de praticar bullying. Os resultados sugerem ainda que, tanto no grupo “ativo” quanto no grupo de “insuficientemente ativo”, quem perpetra bullying tem mais chance de ter sofrido bullying, sugerindo que o comportamento do bullying é anterior à prática de atividade física.
Introdução: O suicídio é um grave problema de saúde pública no mundo e estudos apontam sua relação com a ocupação, visto que o desemprego ou fatores atrelados a condições de trabalhos, podem constituir em agravantes. Objetivo: Descrever as características da mortalidade por suicídio e seus aspectos sociodemográficos, bem como sua relação com a ocupação e tendência temporal no estado da Bahia entre os anos de 2010 a 2017. Métodos: Trata-se de um estudo longitudinal, do tipo série temporal, utilizando dados secundários do Sistema de Informação sobre Mortalidade, segundo sexo, raça/cor da pele, tipo de ocupação, faixa etária e escolaridade, com análise de tendência por meio da regressão de Prais-Winsten. Resultados: 3.888 suicídios foram registrados na população estudada, com maior proporção no sexo masculino, representando 81,3%, sendo que 42,9% de todos os suicídios foram de trabalhadores agropecuários. Quanto à tendência temporal, houve variação de 4,04 suicídios/100.000 habitantes em 2010 para 5,21 em 2017, apresentando tendência crescente, com média de crescimento de 2,50% ao ano. Conclusão: Entende-se que a problemática da autoagressão deve ser discutida por órgãos públicos, em busca de meios funcionantes para minimização do agravo, com enfoque nos grupos mais vulneráveis, de forma a considerar com maior prioridade as ocupações.
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