RESUMO Este estudo analisou a integração da equipe de Saúde Bucal (eSB) à equipe de Saúde da Família (eSF) no Distrito Federal. Trata-se de estudo qualitativo onde dezenove entrevistas, observação do trabalho e análise documental foram conduzidas, e a coleta e a análise, em triangulação, basearam-se em categorias analíticas formuladas a partir das políticas públicas que orientam o trabalho em saúde bucal: trabalho em equipe, ações educativas e intersetoriais, vínculo e acolhimento, acesso e coordenação do cuidado, planejamento e educação permanente, participação e controle social, qualificação da assistência e condições de trabalho. Os resultados evidenciam integração dos profissionais da saúde bucal na interconsulta, nas reuniões de equipe, nas visitas domiciliares, nas ações intersetoriais focadas em escolares e de educação em saúde individual e de grupos, num meio onde predomina o modelo biomédico. Os agentes comunitários se destacam como facilitadores da integração, enquanto os técnicos de saúde bucal permanecem na invisibilidade. Conclui-se que a integração da eSB com a eSF é incipiente e limitada por conflitos de normas e pela forma como se organiza o trabalho na eSF no contexto estudado, constituindo-se em uma difícil integração.
Resumo Este artigo faz uma revisão da literatura nas bases SciELO, Lilacs, BVS e Medline, e analisa como o trabalho dos profissionais na atenção primária no Brasil contribui para o acesso universal aos serviços de saúde. De uma seleção inicial de 901 artigos, foram incluídos 52, publicados entre janeiro de 2005 e outubro de 2015. Os achados evidenciam elementos do trabalho que influenciam a capacidade do serviço em assegurar o acesso, relacionados a modos de produzir cuidado que ampliam o acesso às ações de saúde. São destacados os seguintes elementos: normativas prescritoras do trabalho; espaços que favorecem o encontro (acolhimento, visitas domiciliares, apoio matricial e atividades coletivas); formação/experiência do trabalhador; relação com o usuário e com o território; vínculo e responsabilização; respeito à autonomia e aos diferentes saberes e culturas; conhecimento da realidade local; carga de trabalho; e valorização/satisfação profissional. Os modos de produzir cuidado descritos contribuem para a ampliação do acesso, tanto pela existência de confiança, vínculo e capacidade de dar resposta às demandas apresentadas pelos usuários, como pela organização de serviços mais flexíveis e atentos às necessidades de saúde dos sujeitos individuais e coletivos.
Resumo Objetivou-se analisar as orientações federais para organização do processo de trabalho na Atenção Primária à Saúde e os modos de produção do cuidado, no sentido de promover a universalidade de acesso aos serviços, por meio de análise documental em fontes primárias oficiais relacionadas à Política Nacional de Atenção Básica e aos Programas Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade, Mais Médicos e Telessaúde Brasil Redes. A análise originou cinco categorias: formação de trabalhadores na e para a APS; valorização do trabalhador e do trabalho; organização das ações de saúde para/com as pessoas e comunidades; complexidade do fazer em saúde e o trabalho multiprofissional e; a construção coletiva da saúde como direito. Os resultados apontam avanços na promoção da universalidade, especialmente nos documentos anteriores a 2015, por conta de ações relacionadas à formação profissional, ao acolhimento, ao estabelecimento de processos de avaliação e a ampliação do escopo de ações. Entretanto, há aproximações com a cobertura universal, evidenciadas pelo incentivo à implantação de equipes com redução da composição multiprofissional e flexibilização da carga horária, que dificultam a efetivação do SUS como política social inclusiva.
Resumo Trata-se de uma revisão de síntese integrativa com objetivo de refletir sobre os desafios atinentes às ações de vigilância em saúde no enfrentamento da COVID-19, no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), em sistemas de saúde de países selecionados. Foram incluídos, no estudo, países com modelos de APS distintos, mas que adotaram a vigilância nos territórios como premissa para o controle da transmissão da COVID-19. Houve a revisão bibliográfica da literatura científica e a análise documental de normas e diretrizes relacionadas à organização da APS para enfrentamento da pandemia. A produção dos dados ocorreu no período entre abril e julho de 2020 e envolveu a busca de documentos sobre o enfrentamento da COVID-19, no que se refere à APS, nos sites oficiais governamentais de cada país e nas bases de dados científicas Web of Science e Science Direct. Ações integradas de vigilância em saúde demonstraram atuação mais direcionada sobre riscos, sendo possível respostas inovadoras e mais efetivas para enfrentamento da COVID-19, considerando necessidades emergentes no âmbito da APS. Contudo, experiências desenvolvidas por alguns países apresentaram controvérsias éticas e operacionais além dos desafios de acesso às tecnologias decorrente das desigualdades sociais.
Nesse artigo discute-se a atenção primária à saúde no Brasil como espaço potencial de criatividade, favorecido pela implantação de um novo modelo de atenção. Apresentam-se expressões da criatividade no trabalho, entendendo-as como um processo social participativo originado a partir das potências locais, onde indivíduos agem integrados a coletivos de trabalho, movidos por desconforto intelectual que os impulsiona a enfrentar os constrangimentos do meio e a encontrar as reservas de alternativas presentes no contexto.
Yves Schwartz é filósofo, professor emérito d'Aix-Marseille Université, França, foi professor catedrático da Universidade do Porto, Portugal, é presidente fundador da Sociedade Internacional de Ergologia (SIE). Membro do comitê científico de revistas europeias e brasileiras e de várias sociedades científicas. Membro do Centre de Recherche sur le Travail et le Développement (CRTD) do Conservatoire National des Arts et Métiers (Cnam), Paris, França. A vasta obra de Yves Schwartz traz um aporte teórico e metodológico fundamental para subsidiar estudos sobre a ação humana que nos ajuda conhecer, compreender e intervir no trabalho. Esta entrevista foi realizada no contexto da pandemia de Covid-19, que nos exige ainda mais reflexões sobre a atividade humana. Na entrevista, buscamos conhecer como surgiu a ergologia e quais as contribuições que ela aporta para essas reflexões e para a compreensão dos desafios relacionados à gestão do trabalho.
Objective: to analyze how the work of four family health teams, in Brazilian Midwest and South regions, influences the capacity of the services in guaranteeing access. Methods: this is a descriptive study with a qualitative approach. Results: the results were systematized in nine elements, namely: (I) formation/ Knowledge of standards; (II) experience; (III) affinity of professionals with a particular theme, grievance or group of people; (IV) professional satisfaction; (V) workload; (VI) management and organization of the work process (VII) teamwork; (VIII) actions carried out with the participation of the community and; (IX) respect for the autonomy of people and different knowledge and cultures. Conclusion: the identified elements related to the individual issues, the organization of the service and the relationship and participation of the community in the actions of the health unit should be considered both in the training of new health workers and in the formulation of public policies.
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