RESUMO Este ensaio tenta mostrar, na conjuntura da disputa com o externalismo, que a proposta internalista de justifi cação doxástica não se mostra efi caz para a obtenção de uma análise correta do conceito de conhecimento. Para provar tal ponto, primeiro tentamos fi xar um conjunto de elementos que acreditamos permitir-nos efetuar uma avaliação adequada1 A reflexão que aqui empreenderemos em torno do problema do conhecimento estará vinculada, basicamente, ao conhecimento de proposições contingentes. A propósito, o uso que fazemos ordinariamente do termo "conhecimento" pode ser ambíguo. Mais: a ambigüidade do termo "conhecimento" pode não se restringir àqueles casos banais em que instâncias de uso desse termo significam conceitos totalmente distintos entre si. Por exemplo, quando dizemos de alguém que ele sabe fazer uma cirurgia cerebral ou que sabe como pilotar um fórmula-1 estaríamos usando o termo "saber" para significar um conceito que possui uma análise totalmente diferente de quando usamos o termo "saber" dizendo que alguém sabe que Brasília é a capital do Brasil. Nesses casos, o termo "saber" significa conceitos totalmente distintos entre si. No primeiro, "saber" está ligado à atribuição de conhecimento proposicional. No segundo, a ligação é com a atribuição de procedimento eficiente em relação a alguma ação/operação executada pelo respectivo sujeito. Nossa advertência aqui é a de que podemos deparar com uma ambigüidade diferente dessa que acabamos de exemplificar. Estamos nos referindo a casos em que um determinado termo significa conceitos diferentes, sim, mas que possuiriam uma análise apenas parcialmente diferente entre si. Em tais casos, usaríamos o termo "saber" significando, numa determinada situação, um conceito que, se analisado apresentaria, por exemplo, a composição conceitual F, G e H, e, noutra situação, o mesmo termo significaria um conceito que, se analisado, apresentaria a composição conceitual F e G. O ponto então é o seguinte: qual seria a análise correta -ou seja, verdadeira e completa -do conceito de saber? Nossa resposta é simples: se usamos ambos conceitos em nossas atribuições, então temos, pelo menos, duas diferentes análises corretas para os conceitos significados por aquele termo. Assim, se um filósofo fixasse a meta de analisar o conceito-Φ, ele poderia alcançá-la obtendo qualquer uma das propostas que analisasse corretamente um daqueles conceitos que são significados por "Φ" e que ele utiliza em suas atribuições reais ou hipotéticas. * Professor do Departamento de Filosofia da UFPI. Artigo recebido em setembro de 2007 e aprovado em março de 2008.
ResumoNós propomos aqui uma análise completa para o conceito de conhecimento de proposições corrigíveis por agentes não reflexivos. Nossa proposta absorve algumas exigências que são próprias da teoria das alternativas relevantes (TAR). Mais especificamente, a exigência de que o justificador da crença-alvo tenha de eliminar alternativas para que a crença gerada possa ser convertida em conhecimento. Ao absorver tal exigência, nossa proposta herda automaticamente a tarefa de analisar o conceito de eliminação. Nós assumimos tal tarefa e acreditamos tê-la cumprido definitivamente. No percurso desse cumprimento, porém, tivemos que lidar com um resiliente argumento cético o qual explora a conversão entre a possibilidade do erro e a ocorrência de casos de crença acidentalmente verdadeira. No final, apresentamos uma proposta de conhecimento que nos permite, segundo cremos, a erradicação da sorte epistêmica e a prova da incorreção do resiliente argumento cético.Palavras-chave: teoria das alternativas relevantes, ceticismo, problema de Gettier. AbstractHerein we propose a complete analysis of the knowledge of corrigible propositions by non-reflective agents. Our proposal absorbs some requirements of the relevant alternatives theory (RAT). More specifically, our proposal absorbs the requirement that the target-belief justifier must eliminate alternatives so that the generated belief can be converted into knowledge. In absorbing this requirement, our proposal automatically inherits the undertaking of analyzing the concept of elimination of an alternative. We assumed such undertaking and believe that it was utterly satisfied. In that process, we had to deal with a resilient skeptical argument that exploits a conversion between the possibility of error and the occurrence of cases of accidentally true belief. At the end of our investigation, we present a proposal of knowledge that expresses, in our view, the condition for the eradication of epistemic luck and which allows us to prove the incorrectness of that resilient skeptical argument.
In the present paper, I argue against a naturalistic conception of epistemology. I do this by showing, among other things, that conceptual intuition, which constitutes the proper method of the analytic conception of epistemology, is methodologically superior to the best method available to naturalistic epistemology.Resumo: Nós argumentamos aqui contra uma concepção naturalista de epistemologia. Nós o fazemos mostrando, entre outras coisas, que a intuição conceitual, que é o método próprio da concepção analítica de epistemologia, é superior metodologicamente ao melhor método disponível à epistemologia naturalista.
Este ensaio pretende mostrar com argumentos rápidos, porém eficazes, que concepções não-analíticas ou analíticas, porém não-tradicionais, de filosofia não funcionam. Mostraremos que elas, ou não permitem distinguirmos a atividade filosófica da atividade científica, ou são, de algum modo, inconsistentes.
Este artigo discute casos de metaincoerência doxástica em que a crença metaincoerente é ativa na geração da crença-alvo. Esses casos, que são casos de injustificação doxástica, provam a necessidade de complementarmos as propostas confiabilistas de justificação. É essa complementação que tentaremos fazer aqui, mas sem recorrer a qualquer cláusula do tipo antisolapamento da justificação.
Este artigo discute casos de metaincoerência doxástica em que a crença metaincoerente é ativa na geração da crença‑alvo. Eesses casos, que são casos de injustificação doxástica, provam a necessidade de complementarmos as propostas confiabilistas de justificação. É essa complementação que tentaremos fazer aqui, mas sem recorrer a qualquer cláusula do tipo “antisolapamento da justificação”.
Abstract. In this essay, we intend to show that Peter Klein and Marshall Swain defeasibility theories do not resolve the Gettier problem. Klein postulates, to any Gettier counterexample, that there is a true proposition which, when associated with evidence-e of S, genuinely defeats the justification of p to S. Swain postulates that, to any Gettier-type counterexample, there is a true proposition which, when associated with the set of reasons-R of S, ultimately defeats the justification of S to believe p. To show that Klein an Swain proposals do not resolve that problem, this essay presents two Gettier-type counterexamples for which there are no genuine defeaters of justification of p by e to S and there are no defeaters not ultimately defeated of the justification of the belief of S that p by R. After doing that, we try to show that the obtained conclusion regarding Klein and Swain defeasibility theories can be extended to any defeasibility theory of knowledge.Keywords: Gettier problem, belief justification, defeasibility theory. IVamos começar este ensaio assumindo a seguinte tese acerca do conhecimento, que gostaríamos de chamar "tese da não-acidentalidade": (TNAC) Se um indivíduo S sabe que p, então S crê que p, p é verdadeira e não há acidentalidade envolvendo o fato da crença-p de S e o fato-p * . 1Os contra-exemplos de tipo Gettier nos mostram que, embora a crença de S esteja justificada, esse atributo de sua crença não é capaz de eliminar a acidentalidade entre o fato de sua crença e o fato que a torna verdadeira. Nesse caso, aqueles contraexemplos nos mostram que a proposta tripartite de conhecimento é insuficiente para analisar tal conceito.2 Nos casos apresentados por Gettier, a justificação de seus respectivos agentes é inferencialmente dedutiva e é proveniente de uma, ou mais crenças, justificadas, porém falsas. A sugestão implícita de Gettier é a de que, embora o agente possa inferir justificadamente uma crença verdadeira a partir de uma crença falsa, a crença-alvo será acidentalmente verdadeira e sua proposição-objeto não será conhecida pelo agente. No entanto, veremos em seguida, que a acidentalidade epistêmica não se restringe a casos em que a justificação doxástica estaria baseada em crença falsa. 3 Esse fenômeno é mais amplo, já que podemos formular Principia 14(2): 175-200 (2010).
A teoria das alternativas relevantes postula que S sabe que P somente se a sua evidência para crer que P elimina todas as alternativas relevantes para P. Os defensores dessa concepção têm sido pressionados a fornecer uma explicação aceitável para o conceito de relevância. Aqui, pressionaremos as explicações que a literatura relevantista tem sugerido, pelo menos implicitamente, para o conceito de eliminação. Nós tentaremos mostrar que nenhuma delas funciona. Sendo assim, a esperança de sobrevivência para uma concepção relevantista de conhecimento passa por uma mudança radical naquilo que tem sido sugerido para a análise do conceito de eliminação. Abstract:The relevant alternatives theory assumes that S knows P only if S's evidence to believe in P rules out all relevant alternatives for P. Defenders of that theory have been pressed to offer an acceptable explanation of what relevance is. Herein, we will press the explanations that the relevantist literature has suggested, at least implicitly, for the concept of elimination. We will try to show that none of those explanations work properly. If that is so, the hope for the survival of the relevant alternatives theory goes through a radical change in what has been suggested for the analysis of the concept of elimination.Recebido em 09/2012Aprovado em 01/2013
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.