As mudanças climáticas se tornaram uma das questões ambientais centrais na esfera pública contemporânea. Este artigo (re)pensa os pressupostos teóricos do Jornalismo Ambiental (JA) tendo em vista os estudos sobre riscos associados às alterações do clima. A partir da literatura que aborda riscos, percepção de riscos e enfrentamento, discute-se de que maneira é possível melhorar a cobertura jornalística sobre as mudanças do clima, considerando as bases epistemológicas já conhecidas sobre o jornalismo que é comprometido com o meio ambiente. Por fim, sugere-se a incorporação de novos aspectos, tais como o princípio da precaução e a ênfase na relação local-global, de modo a oferecer subsídios para o trabalho jornalístico voltado para este assunto amplo e complexo.
Communication and Climate Change: a necessary and urgent discussionAs Mudanças Climáticas (MCs) são uma -ou, segundo muitos, são mesmo "a" -questão socioambiental central do nosso tempo (e.g. Union of Concerned Scientists, 2017), não apenas por ser um fenômeno de alcance global e com impactos de enorme gravidade, mas por estarem relacionadas com uma série de outros desafios das sociedades contemporâneas, como conservação da biodiversidade, segurança alimentar, produção e consumo de energia, refugiados ambientais, entre outros.As emissões de gases de efeito estufa geradoras das MCs estão associadas a múltiplas práticas características dos modos e estilos de vida modernos, como o consumo ilimitado, algo que é visto como garantido por muitos no planeta e a que muitos mais continuam a aspirar. Desse modelo socioeconômico-cultural, alimentado diariamente por cerca de 100 milhões de barris de petróleo e por mais de 20 megatoneladas de carvão (IEA, 2017a;2017b), emergem, para além de várias formas de poluição, iniquidades sociais e injustiças internacionais e intergeracionais. As MCs são, portanto, uma questão que engloba dimensões
A comunicação das alterações climáticas (ACs) tem importante papel na mediação do discurso científico e é crucial para a percepção, compreensão e enfrentamento da questão climática. Diante disso, este artigo de revisão de caráter interdisciplinar discute aspectos relacionados com o medo na cobertura jornalística e quais as suas possíveis consequências para mobilização das pessoas frente os riscos climáticos. A abordagem espetacularizada, alarmista ou catastrofista das ACs por parte da imprensa preocupa investigadores sobre quais são as reações do público diante da amplificação do problema (e.g. O'Neill e Nicholson-Cole, 2009; Carvalho et al., 2011). Contudo, ainda não há certezas se o enquadramento negativo das notícias, associado especialmente aos seus riscos, seria capaz de gerar uma reação para enfrentar a situação por parte dos leitores ou, de forma contrária, uma inércia, pois o público poderia se sentir incapaz de reverter a situação de caráter global. Apesar da linguagem catastrofista despertar mais atenção, medo e angústia não servem, necessariamente, para motivar as pessoas (Giddens, 2010) ou podem ter perdido sua função “produtiva” (Pulcini, 2013), não gerando mudanças sociais. Além disso, esta perspectiva não contribui para uma cobertura preventiva ou que considere as soluções para minimizar ou se adaptar aos efeitos dos riscos climáticos, centrando-se, geralmente, apenas nos aspectos destrutivos. A partir de pesquisa bibliográfica, procura-se mapear o que já foi investigado sobre o medo e as alterações climáticas na cobertura jornalística, a fim de construir um enquadramento mais assertivo em prol da disseminação de informações que ajudem a transformar as atitudes das pessoas. Constata-se que ainda há uma escassez de literatura sobre medo, enfrentamento e a cobertura das alterações climáticas, e que mais investigações empíricas devem ser feitas de modo a confirmar as hipóteses teóricas e contribuir, de fato, com a eficácia do processo.
Entendemos que el periodismo ambiental puede ser visto como parte de la comunicación del riesgo asociada con el ambiente, debido a que muchos conflictos derivados de la relación hombre-naturaleza son percibidos como peligrosos o una amenaza para la vida. Con el fin de reflexionar sobre su rol en los contextos de crisis, analizamos la cobertura del Folha de S. Paulo sobre tres enfermedades (dengue, chikungunya y zika), que pueden relacionarse con la intensificación del cambio climático. Con la orientación teórica y metodológica del análisis del discurso, concluimos que el abordaje está basado en fuentes científicas, extranjeras y con informaciones discursivas que apuntan al optimismo tecnológico, la incertidumbre científica y la precaución.
Esta proposta compara de que forma dois sites de notícias do Brasil e de Portugal, o G1 e o SIC Notícias, têm apresentado a cobertura ambiental durante a pandemia e se há cruzamento das pautas climática com a disseminação do coronavírus. Realizamos uma coleta a partir da combinação de palavras-chave nos dois veículos, entre março e junho de 2020, e analisamos, por meio de categorizações temáticas, quais são as crises que são evidenciadas em cada um dos países, assim como os enfoques mais recorrentes em cada um deles. Dentre os resultados, destacamos a compartimentalização das crises e um enquadramento mais global nas notícias em Portugal, diferente do foco nacional identificado no Brasil decorrente do aumento das queimadas e desmatamento.
RESUMO.O objetivo deste texto é colocar em evidência as mudanças que ocorreram e ainda estão em processo no campo da Comunicação pela incorporação de alguns elementos da epistemologia ambiental. O procedimento metodológico adotado é a revisão de literatura sobre os dois campos estudados, que embasa o exercício analítico-reflexivo de identificação das interfaces entre os campos da Comunicação e do Meio Ambiente. Busca-se expor as contribuições da episteme ambiental na (re)configuração de determinadas áreas comunicacionais, revelando as novas perspectivas trazidas pelo contato e pela relação de um com o outro. Trata-se aqui das epistemologias próprias de cada um destes campos a fim de assinalar mudanças observadas na Comunicação em função da incorporação de fundamentos epistêmicos de um campo ainda em formação -o ambiental. Como resultados, apontam-se perspectivas para a expansão dos estudos de interface, especialmente daqueles de constituição interdisciplinar e com contornos pouco definidos. IntroduçãoO esforço analítico-reflexivo deste texto consiste em avaliar de que modo a epistemologia ambiental adentrou no campo comunicacional e (re)configurou algumas de suas principais subáreas (jornalismo, relações públicas e publicidade). Tendo em vista o caráter fluido -no sentido de que o fenômeno comunicacional está presente em todos os campos -e a crescente presença das problemáticas ambientais na sociedade, observa-se de que maneira elementos da epistemologia ambiental conseguem ser incorporados ou reformulados no âmbito da Comunicação.Sublinha-se a natureza interdisciplinar da Comunicação e suas constantes relações com a perspectiva ambiental, o que deriva mudanças, em alguns níveis, no próprio pensar e fazer comunicativo.Fundamenta-se em uma pesquisa bibliográfica a fim de compreender as especificidades do campo em destaque e da epistemologia ambiental (que se constitui em uma espécie de embrião para a formação do campo centrado no Meio Ambiente). Posteriormente, realiza-se uma reflexão sobre as práticas e os trabalhos desenvolvidos como consequência deste diálogo ou simples apropriação. Natureza interdisciplinar: o que isso significa?Começa-se com o esclarecimento do que se entende por um conhecimento de natureza interdisciplinar, ou um conhecimento que extrapole as fronteiras de um modo de pensar e fazer único, padronizado. O campo da Comunicação é tido como interdisciplinar, pois surgiu do encontro de diferentes disciplinas das Ciências Humanas que sentiam necessidade de compreender o fenômeno
The article discusses the coverage of climate change through the perceptions of the sources of information and journalists of Gazeta do Povo. This paper is about the news production process of a theme that encompasses multiple levels, uncertainties and non-tangible risks for the population. It presents a content analysis from interviews with those involved in this production. The results show that the need for a relationship between local and global, and a preventive approach are recognized, although the journalistic logic and generalist profile of journalists induce them to write more specific news.
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