Este artigo visa refletir sobre a inserção das literaturas africanas de língua portuguesa para a infância, produzidas no mercado editorial brasileiro. Para tal, tomamos como leitura os títulos de três escritores angolanos: José Eduardo Agualusa, O Filho do Vento (2006) e Nweti e o Mar: exercícios para sonhar sereias (2012); Ondjaki, Ynari - a menina das cinco tranças (2010) e O Leão e o Coelho Saltitão (2009) e Zetho Cunha Gonçalves, Debaixo do Arco-Íris não Passa Ninguém (2006) e A Vassoura do Ar Encantado (2012). Buscamos destacar nestes textos as características comuns de sua estrutura (tema, enredo, personagens, aspectos linguísticos etc.), bem como o interesse pela escrita de uma literatura de recepção infantil e juvenil.
O foco de re! exão deste texto recai sobre a leitura de livros de literatura de recepção infantil e sobre como eles tematizam as questões étnico-raciais, a partir da caracterização das personagens, neste caso meninas e meninos. Os livros escolhidos para análise são Menina bonita do laço de fita, de Ana Maria Machado; Conceição de Vila Rica, de Joaquim Borges; Rufina, de Marciano Vasques; Minha família é colorida, de Georgina Martins; e Minhas contas, de Luiz Antonio. Além de trazerem crianças negras como personagens, as narrativas escolhidas se interligam pelo fato de essas mesmas personagens se encontrarem em espaços contemporâneos, representadas em suas atividades cotidianas. Com esta re! exão, busca-se apontar as escorregadelas dos títulos, que, mesmo bem intencionados, apresentam um viés preconceituoso – (re)velando preconceitos, seja nas ilustrações, seja na caracterização das personagens; bem como em títulos que alcançam a alteridade – desvelando preconceitos.
O presente artigo traz à cena os livros brasileiros para infância Casa de papel, de Gláucia de Souza (2017), e Avoada, de Marilia Pirillo (2014), buscando analisar os aspectos brincantes de suas feituras. O primeiro é marcado pela construção manual, edição comemorativa aos 20 anos de carreira literária, e o segundo, embora marcado pela construção industrial, apresenta estrutura dobrável, em forma de sanfona. O projeto gráfico-editorial de ambos os livros, alvos da análise, são originais e criativos, distanciando-se, de certo modo, da estrutura mercadológica dos livros para infância. Pela elaboração original, como objeto manuseável, a potência comunicativa do livro se amplia, expandindo, por certo, os horizontes do leitor.
A poesia nasce com o ser humano. Ou melhor, nasce quando ele começa a falar. Ela é o nosso ancestral em termos de linguagem, é intrínseca ao ser humano. Quanto mais precocemente as crianças interagem com essa forma de linguagem, maior é o grau de familiaridade e maiores são as possibilidades de constituir uma relação fecunda e prazerosa entre ambas. O presente texto objetiva, de modo geral, refletir sobre a relação infância e poesia; e, especificamente, destacar a ludicidade, a imaginação e a (co)autoria como aspectos que se sobressaem nessa relação. É parte de uma pesquisa realizada no âmbito do doutorado em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), cujo ponto de partida é a escuta sensível na pesquisa com crianças. A empiria ocorreu entre outubro de 2013 e junho de 2014, em uma escola da rede pública estadual de Criciúma- SC, Brasil, e contou com a participação de vinte crianças, oito meninos e doze meninas, com idade entre oito e doze anos. A metodologia utilizada é denominada espaços de narrativa (LEITE, 2008), procedimento caracterizado pela realização de encontros sistematizados entre observador e sujeitos, empregando estratégias de natureza etnográfica e o uso de diferentes instrumentos para captura de dados, especialmente a gravação em vídeo. A problematização e a compreensão da temática possibilita vislumbrar ações que podem promover o encontro poesia e criança e potencializar a presença do texto poético na escola, especialmente nos anos iniciais da Educação Básica.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. APRESENTAÇÃO Dossiê: Literatura e infâncias Eliane Debus (UFSC) 1 Fernando Azevedo (CIEC/Universidade do Minho) 2 Sara Reis da Silva (CIEC/Universidade do Minho) 3 O Dossiê Literatura e infâncias é resultado de uma reunião farta de saberes realizada no contexto do III Seminário Internacional de Literatura Infantil e Juvenil e Práticas de Mediação Literária (III SELIPRAM), ocorrido nos dias 12 e 13 de julho de 2018, na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga, Portugal. O evento foi uma realização do Literalise-Grupo de pesquisa sobre literatura infantil e juvenil e práticas de mediação literária (CED/UFSC) e do Centro de Investigação em Estudos da Criança (CIEC/UMINHO), com proposta a provocar espaços de reflexão às linguagens literárias para infância e juvenil contemporânea, que circulam no mercado editorial brasileiro, português e demais países, e as práticas de mediação da leitura literária com crianças e jovens. Suas duas primeiras edições ocorreram na Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, nos anos de 2014 e 2016. No ano de 2018, o evento ganhou fôlego, ao realizar a sua terceira edição na Universidade do Minho, internacionalizando-se a partir do espaço geográfico de atuação.
A leitura literária na educação infantil: que espaços e tempos são estes?Resumo: Quando pensamos na formação de crianças-leitoras, é essencial refletirmos sobre espaço e tempo disponível para as ações pedagógicas que envolvem a leitura e a literatura. Sendo assim, este artigo apresenta discussões parciais realizadas em pesquisa de mestrado desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com o objetivo de mapear os espaços e tempos coletivos de leitura literária nas instituições de Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis (SC). A análise de dados nos levou a constatar que a maior parte das unidades possuem diferentes tempos e espaços coletivos de leitura literária, organizados e planejados pelos próprios professores(as) e demais funcionários da instituição, considerando que não existe biblioteca em todas as instituições. Com isso, concluímos que há profissionais preocupados em aproximar as crianças da cultura letrada, participando ativamente da formação dos pequenos leitores, inventando e reinventando novas possibilidades a cada dia.Palavras-chave: Espaço e tempo coletivo de leitura; Formação de crianças-leitoras; Leitura literária. Literary reading in child education: what spaces and times are these?Abstract: When thinking about the formation of children-readers, it is essential to reflect on time and space available for the pedagogical actions that involve reading and literature. Thus, this article presents partial discussions carried out in a master's degree research developed under the Post-Graduation Program in Education of the Federal University of Santa Catarina (UFSC), with the objective of map the collective time and space of literary reading in the Child Education Institutions of the Florianópolis Municipal School System (SC). Data analysis has led us to see that most of the units have different collective space and time of literary reading, organized and planned by the teachers and other staff of the institution, considering that there is no library in every institution. With this, we conclude that there are professionals concerned with bringing children closer to literate culture, actively participating in the training of small readers, inventing and reinventing new possibilities every day.
A produção e reprodução do conhecimento em contextos adversos: um ano que não esqueceremos Estamos finalizando o ano de 2020, em um contexto que, lamentavelmente, não podemos augurar melhorias, já que os contágios e as mortes alcançam, no Brasil e no mundo, cifras cada vez maiores. Mesmo assim, e com o mais profundo respeito pela vida, como uma questão de prioridade ontológica, finalizamos o quarto e último número do volume 38 da Revista Perspectiva. Isto significa que os desafios elencados no Editorial do número anterior, sobre o Ensino Remoto e as condições de trabalho dos profissionais da educação ainda são temas que não podem ser ignorados nem considerados en passant, pois se mantém presentes (embora corpos ausentes) no dia a dia nas instituições educacionais e, no caso particular, das universidades. Esta presença implica que problemas educacionais continuam e se agudizaram, se manifestando em declarações, decretos e cortes de recursos que colocam a Educação em patamares de riscos cada vez mais graves, pois o desmonte da educação laica, pública e socialmente referenciada passa por decisões unívocas, com pouca participação da comunidade acadêmica. Esta veemência de decisões chega a todos os níveis educacionais, implicando uma perda de qualidade nos processos de ensino e aprendizagem e na reprodução e produção de conhecimento. Cabe sempre reforçar que não estamos ausentes nem fora desse contexto.
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