Este artigo tem como objetivo apresentar alguns aspectos da história social e econômica que marcou a ocupação humana do território da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, no período que compreende o final do século XIX e inicio do século XX. O artigo se baseia em relatos orais dos moradores das várias localidades que existem nesse território, coletados em intensa pesquisa de campo. Os relatos permitem conhecer as dificuldades e os desafios encontrados por dezenas de famílias para garantir sua subsistência, como eram realizadas as atividades extrativas que constituíam a base da economia dessa região da Amazônia, e também o papel desempenhado pelos comerciantes, os patrões, no processo de ocupação desse território, e sua posterior substituição por outros agentes de desenvolvimento. Palavras-chave: História da Amazônia, memória social, migração.
Nos anos 90, com o crescimento do movimento ambientalista e do paradigma do desenvolvimento sustentável (Sachs 1993), pesquisadores, tomadores de decisão, estudiosos do bem estar social e algumas correntes ambientalistas defenderam a adoção de políticas que conciliassem a conservação de recursos naturais com a melhoria das condições de vida das populações locais. Acreditava-se que ao diminuir a pobreza se reduziriam as pressões sobre os recursos cuja exploração de forma predatória era uma ameaça em potencial à conservação da biodiversidade. Segundo Drummond, trata-se de "uma percepção enraizada de que regiões ou países ricos em recursos naturais deveriam ter populações prósperas, saudáveis e felizes" (Drummond 2002:1).A criação de unidades de conservação (UC) surge como uma forma de garantir a conservação de recursos naturais mas, diferentemente do que ocorreu nos anos 70, quando se excluiu a população humana de UCs como os Parques Nacionais e as Estações Ecológicas, surgem novos modelos de UCs, como as Reservas Extrativistas e as Reservas de Desenvolvimento Sustentável, que visam conciliar a presença humana com a preservação de recursos naturais. Entretanto, a manutenção dentro das UCs de populações cuja economia estava fortemente centrada na exploração de recursos naturais desencadeou novas preocupações relacionadas à necessidade de conciliar a conservação ambiental com a qualidade de vida das populações residentes. Estas foram instadas a participar de planos de gestão e uso do território e dos recursos, e estimuladas a desenvolver atividades com baixo impacto sobre o ambiente, participando de programas de educação ambiental e seguindo códigos de conduta norteadores do uso sustentável dos recursos. Dentre esses projetos considerados inovadores e adequados está o Ecoturismo, cujo nome remete a um equilíbrio entre homem e ambiente.O conceito de ecoturismo tem sido definido como "uma visita às áreas naturais", estando implícito que a presença humana deve ter o mínimo impacto sobre a biodiversidade. Este conceito nasceu como um desdobramento do conceito de "ecodesenvolvimento" proosto por Maurice Strong e Ignacy Sachs no início dos anos 1970 (Bruseke 1995). O conceito de ecodesenvolvimento, por sua vez, foi o antecessor do conceito de "desenvolvimento sustentável" (Relatório Brundtland
O artigo descreve os tipos de construção de casas em ambiente de várzea da região do Médio Solimões, Am, cuja arquitetura envolve esquemas conceituais e processos cognitivos, práticas e habilidades seculares expressas no modo como interagem com o ambiente, escolhem o local da casa, e selecionam os materiais na floresta. Esse tipo de construção reflete o modo de vida das famílias, suas formas de sociabilidade e tipos de uso de cada cômodo da casa. Novas habilidades e técnicas são desenvolvidas como respostas às trocas que realizam com o mundo urbano, moderno, e às mudanças que observam na natureza, que afetam o modo de viver e morar na várzea. Muitas famílias estão adotando outros tipos de construção, as casas flutuantes, e evitar a constante mobilidade e destruição das casas durantes as cheias. Concluímos que o estreitamento da relação rural-urbano com a facilidade de deslocamento, a adoção de novas tecnologias sociais de construção de casas, e acesso a produtos eletroeletrônicos afetam o modo de habitar na várzea.Palavras-chave: Amazônia. Várzea. Estilos de moradia. Mudanças sociais.Tradition and changes in live mode and dwell in the Lowland of Medium Solimões River, AmAbstractThe article describes the types of construction of houses in an environment of floodplain of the Middle Solimões region Am, whose architecture involves conceptual schemes and cognitive processes, practices and expressed secular skills in how they interact with the environment, choose the location of the home, and select the materials in the forest. This type of construction reflects the way of life of families, their ways of sociability and types of use of each room in the house. New skills and techniques are developed as a response to trade they do with the urban, modern world, and the changes they observe in nature, affecting the way of life and live in the floodplain. Many families are adopting other types of construction, houseboats, and avoid the constant mobility and destruction of homes in the floods. We conclude that narrowing the rural-urban relationship with the ease of travel, the adoption of new social technologies of building houses, and access to electronic products affect how you can dwell in the floodplain.Keywords: Amazon floodplain. Housing styles. Social change.
Nas áreas de várzea do médio Solimões, Am, o fenômeno das terras caídas destrói as paisagens, altera a configuração das margens e leitos dos rios, e provoca a mobilidade dos moradores. Nesse processo são destruídos certos vestígios das ações humanas que serviriam como âncoras da memória da históriados lugares. Nesse artigo procuro analisar como os moradores do povoado São João, localizado na RDS Mamirauá, lidam com esse fenômeno, e as estratégias utilizadas para repassar às novas gerações os fragmentos de memória que conservam a história do lugar, e as percepções e práticas que formam o patrimônio cultural do grupo,enquanto conhecimentos que orientam os modos de interagir com esse tipo de ambiente. Ao narrar a história e descrever as paisagens ancestrais, os narradores tomam certas toponímia da paisagem como lugar de memória e que reforçam a memória do lugar: as capoeiras e as plantas cultivadas pelos antigos. Palavras-chave: Amazônia. Paisagem e Lugar. Memória Social. "At that time there was these islands over there": about ways of perceiving the environment and narrate the past AbstractIn the lowland areas of the Middle Solimões River, Am, the phenomenon of land fallen destroys landscapes, changes the configuration of the banks and beds of rivers, and causes the mobility of residents. In this process are destroyed certain vestiges of human actions that serve as anchors for historic memory of the places. In this paper analyze how the villagers São João, located in RDS Mamirauá, deal with this phenomenon, and the strategies used to pass on to future generations the memory fragments that retain the history of the place, and perceptions and practices that form the cultural heritage of the group, while knowledge that guide the ways to interact with this environment. In narrating the story and describe the landscapes ancestors, the narrators take certain place names in the landscape as a place of memory and reinforce the memory of the place: these condary forests and plants cultivated by the ancients.Keywords: Amazon. Environment. Place and landscape. Social Memory.
This manuscript analyzes the socio-environmental aspects of the pirarucus (Arapaima gigas) management project developed by a collective of fishermen and fisherwomen living in four communities of the Mamirauá Sustainable Development Reserve (MSDR), state of Amazonas, in the Jutaí-Cleto lakes system. The objective is to describe the way of organizing the work for the capture of animals, and to highlight the importance of this project for the conservation of fishery resources in the Amazonian floodplain, and for the reproduction of traditional ecological knowledge and fishing techniques. The data analyzed results from surveys conducted between 2011 and 2016 with this group of managers, obtained using participatory methodologies, with direct observation of their practices, participation in meetings and conducting formal interviews with fishermen and fisherwomen. The manuscript shows that the traditional ecological knowledge is combined with scientific knowledge, allowing fishermen to make decisions about when and where to fish in the lakes. The organization of the managed fisheries work is guided by concepts such as equality, cooperation, and gender equity, but the division of the group into teams and the field of expertise on the ecology and behavior of animals, and on the characteristics of the environment, have an impact on fishery productivity and on the individualization of the gains. We conclude by showing that the management project is contributing to the circularity of knowledge related to pirarucus fishing, and the importance of the participation of women, creating the conditions for children to be involved in this activity.
Resumo O artigo trata das festas em homenagem aos santos padroeiros e de devoção, realizadas por moradores de quinze comunidades quilombolas, localizadas no município de Salvaterra, na ilha do Marajó, estado do Pará, Brasil. A análise toma como centrais o conceito de território e a noção de dádiva, para compreender os processos de construção de alianças políticas, envolvendo moradores das comunidades quilombolas Salvá, Mangueiras, Caldeirão, Bairro Alto, Pau Furado, Bacabal, Santa Luzia, Providência, Deus Ajude, São Benedito da Ponta, Siricari, Boa Vista, Paixão, União/Campina e Rosário. O estudo mostra, com base em pesquisa etnográfica, que as festas em homenagem aos santos realizadas nesses locais contribuem para a construção e a reafirmação de alianças políticas, bem como para estabelecer uma ligação entre os territórios, ao enlaçar e envolver as comunidades em um grande circuito de festas, que extrapola as fronteiras dos territórios comunitários. As festas de santo, portanto, são eventos que permitem a reafirmação do sentido de pertencimento a uma comunidade e a um território, reforçando a disposição de lutar pela garantia de direitos territoriais perante o Estado.
A rápida expansão do vírus SARS-CoV-2 (Novo Coronavírus) pelo Brasil tornou o país no epicentro de uma crise sanitária, social e política, reforçando a lógica excludente das políticas públicas direcionadas aos povos indígenas. Centrando no povo Assuriní da Terra Indígena Trocará, este artigo tem como objetivo analisar como esse povo foi afetado pela pandemia, e destacar suas estratégias de enfrentamento do vírus. Os dados analisados foram obtidos por meio da netnografia, realizando entrevistas com duas lideranças locais usando telefones celulares e aplicativo Whatsapp. Os resultados apontam que a proximidade com a cidade de Tucuruí, a falta de orientações sobre medidas de prevenção e de acesso a tratamento são fatores que contribuíram para a morte de lideranças históricas, para acentuar a precariedade sanitária, a insegurança alimentar e reforçar a condição de vulnerabilidade social desse povo, levando-os a desenvolver estratégias para ter acesso a alimentos, proteger os moradores e seu território.
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