Contextualização: ambiente urbano e trânsitoAs estatísticas apresentadas pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1987 1 , indicavam o crescimento acelerado das cidades, que deveriam aumentar a capacidade de produção de infra-estrutura, serviços e habitação, em torno de 65%, nos países em desenvolvimento, num prazo de 15 anos. Atualmente, a qualidade de vida oferecida por uma cidade pode ser avaliada através de um dos aspectos mais significativos da vida urbana: o trânsito, que, com sua influência na vida e na morte do cidadão, relaciona-se diretamente com a saúde e se expressa por meio dos índices de morbi-mortalidade, os quais indicam que dois terços dos acidentes de trânsito acontecem em áreas urbanas 2 .O trânsito -definido como o conjunto dos deslocamentos realizados por pessoas e veículos nas vias públicas, segundo um sistema de normas convencionadas, que tem como objetivo assegurar a segurança dos usuários 3 -torna-se uma forma de controle demográfico ardilosa, constituindo-se na segunda maior causa de mortalidade no país (grupo das causas externas). "No Brasil o coeficiente de mortalidade por acidentes de trânsito, em 1994, era de 18,9 (por cem mil habitantes), sendo superior ao dos Estados Unidos (18,4), da França (16,5), da Argentina (9,1), entre outros" 2 (p. 9). Dados do Departamento Nacional de Trânsito, referentes a 2001, indicam um ARTIGO ARTICLE
Resumo Embora a motocicleta represente alternativa para os usuários que desejam maior agilidade e mobilidade em um contexto balizado por congestionamentos e pela pressão do tempo, é também responsável pelo aumento de acidentes de trânsito nas vias urbanas. Uma das principais causas de acidentes de trânsito está relacionada às infrações cometidas. O debate sobre os fatores que influenciam o comportamento infrator perpassa a investigação de dimensões do processo decisório balizador da conduta indesejada, que é realizada com utilização do paradigma psicométrico da percepção de risco, fornecendo elementos teóricos utilizados nesta pesquisa para investigar a percepção de risco do motociclista infrator. Quatro das principais infrações de trânsito cometidas no Paraná e destacadas em acidentes com motociclistas foram analisadas: excesso de velocidade, avanço de sinal vermelho, uso de celular durante a direção e embriaguez na condução. Foram entrevistados 90 motociclistas infratores, que frequentavam o Curso de Reciclagem do DETRAN/PR em Curitiba, por meio da aplicação de questionário com perguntas fechadas e abertas. Os resultados da pesquisa indicam que o cometimento das infrações está relacionado à familiaridade com a conduta arriscada, à quantidade de risco percebido, à ideia de controle dos riscos e aos benefícios associados, corroborando o paradigma psicométrico da percepção de risco.
Este trabalho focaliza o desenvolvimento moral como um dos fatores relacionados ao comportamento inadequado no trânsito. O objetivo foi estudar a relação entre o nível de desenvolvimento moral e o comportamento infrator dos motoristas, partindo da hipótese que a infração estaria relacionada com os primeiros estágios de desenvolvimento moral propostos por Kohlberg. Para esta pesquisa, foram analisadas entrevistas qualitativas com 20 motoristas com mais de nove multas por excesso de velocidade, das quais 49 respostas foram selecionadas, já que as demais não possibilitavam análise do nível de desenvolvimento moral. O estudo permitiu verificar que o estágio 1 de desenvolvimento moral predomina em 75,51% das respostas dos motoristas infratores entrevistados. A característica principal desse estágio é a preocupação com a punição, expressa na resposta “eu não sabia que ali tinha radar”. Essa resposta indica que, se não houvesse fiscalização e, em consequência, punição, não haveria motivo para não infringir a lei. Este estudo indica limitações na aplicação da teoria de desenvolvimento moral baseada nas justificativas, pois estas se aplicam a ações infratoras ou não. Além disso, o estudo não focalizou dilemas e privilegiou a análise das respostas, portanto, o estágio 1 foi característico de respostas, e não de sujeitos.
Acidentes de trânsito são um problema de saúde pública no Brasil, principalmente entre jovens. A educação para a segurança no trânsito oferece ferramentas para solucionar essa questão, entretanto deve superar o método expositivo tradicional de comunicação de riscos. O Projeto Transformando o Trânsito é uma intervenção extensionista do Núcleo de Psicologia do Trânsito da Universidade Federal do Paraná. Baseado nos eventos dirija sua vida, inova métodos educativos que promovem a discussão sobre a percepção de risco no trânsito, pela aplicação de instrumentos vivenciais com jovens. A dinâmica de grupo metaphor proporciona experiência afetiva no processo de desenvolvimento grupal utilizando o jogo da sobrevivência, que fertiliza a discussão sobre trânsito por meio de metáforas. O facilitador é o cerne do processo de realização dos eventos, pois catalisa as fases do desenvolvimento grupal e estimula a discussão. Este estudo analisa as habilidades inerentes ao facilitador, relacionadas aos fundamentos do projeto, ao arcabouço teórico do desenvolvimento de grupos, ao método de facilitação do jogo da sobrevivência, ao método de facilitação do debate sobre trânsito e temas centrais e ao procedimento de conclusão da atividade. A síntese deste estudo referencia teórica e tecnicamente a elaboração do programa para a formação de facilitadores do projeto.
Resumo: Este artigo focaliza o excesso de velocidade no trânsito urbano e analisa o impacto da legislação sobre a percepção e o comportamento dos motoristas. O ponto de partida para a análise foram os textos legais sobre limites de velocidade: o Código de Trânsito Brasileiro de 1997, a legislação estadual, que modificou o enquadramento das vias no Paraná, e, em conseqüência, afetou as determinações relativas ao excesso de velocidade, e a Lei Federal de 2006, que modificou os limites de velocidade. Os textos legais apresentam ambivalências, que distorcem o conceito de limite e podem reforçar percepções inadequadas de que "correr moderadamente" não oferece risco. Isso se deve às constantes mudanças na legislação e à divulgação confusa, que permite que os motoristas reinterpretem a lei, identificando velocidades máximas conforme seu próprio entendimento. A placa de sinalização perde a função de estímulo discriminativo e torna-se incapaz de orientar um comportamento adequado e compatível com um trânsito seguro, o que potencializa os riscos. Recomenda-se que os textos legais sejam inequívocos, a fim de impedir outras interpretações, e fixem o limite único, a partir do qual todo excesso seja considerado gravíssimo. Palavras-chave: subjetividade e trânsito, percepção de risco, excesso de velocidade.Abstract: This paper deals with speeding in urban areas, surveying the law impact over the driver's perception and behavior. The starting point for the analysis was the legislation about speed limits: Brazilian Traffic Law, from 1997, the State legislation, that modified the streets classification, and consequently affected determinations about speeding, and the Federal Law, from 2006, that altered the infractions on speeding. The analysis of the Federal and State Law texts about driving over the speed limit shows the existence of ambiguities that cause distortions about the limit concept and may reinforce the inadequate perception that driving a little over the speed limit is not risky at all. This perception is motivated by frequent changes on the law text and its confusing advertising, that leads the drivers to misread the law and identify different speed limits. The traffic sign loses its discriminative stimulus sense and thus is unable to lead to a behavior both adequate and compatible with safe traffic, what increases the risk. The recommendation is to write clear texts that forbid double interpretation, fixing a single limit and making speeding to be considered a severe infraction.
Os transtornos do humor e de ansiedade destacam-se como causa de absenteísmo-doença. O objetivo foi verificar a associação entre variáveis socioeconômicas e ocupacional com as prevalências destes transtornos, na população de servidores públicos catarinenses. Trata-se de uma pesquisa quantitativa com delineamento transversal, de abordagem descritiva e analítica. Verificou-se que 19,31%, do total de servidores esteve em licença tratamento de saúde, pelo menos uma vez, no período analisado (2010-13) (8.765 casos). Transtornos do humor e transtornos de ansiedade apresentaram respectivamente prevalências de 57,4% e 39,5%. Nestes grupos verificou-se associação com sexo, idade, estado civil, escolaridade, faixa salarial e tempo de serviço. Os resultados indicam possibilidade de identificar preditores sociodemográficos e ocupacionais destes transtornos mentais nesta população.
O objetivo do estudo foi analisar o perfil epidemiológico de transtornos mentais (TM) e verificar associações com sistemas de remuneração em policiais civis do Estado de Santa Catarina, Brasil. O método foi epidemiológico, seccional, documental, quantitativo e descritivo. A população estudada incluiu 3794 indivíduos. O desfecho de interesse foi a ocorrência de TM em diagnóstico médico pericial de afastamento do trabalho entre 2011 e 2015. Foram calculadas prevalências e a incidência nos totais de indivíduos e de afastamentos em séries temporais, assim como regressão logística para verificar a razão de chance entre os desfechos (afastamento por TM e outros diagnósticos) e sistemas de remuneração (p0,05). A prevalência de TM foi 35,5% nos afastamentos e 11,3% no total de indivíduos. Incidência de 26,1/1000 na população média anual. TM e outros diagnósticos foram associados aos sistemas de remuneração [χ²=13,859 (p=0,000)], aumentando a prevalência de TM em 56,9% [OR=1,569 (1,236-1,992)] no sistema de remuneração por subsídio. Os TM foram a categoria mais prevalente de agravos, predominando nos casos primários os neuróticos, relacionados ao estresse e somatoformes (49,9%) e os de humor (44,3%). Os resultados indicam expressivas prevalências de TM e associação a sistemas de remuneração.
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