Abordam-se as correlações entre saúde e espiritualidade, no campo do adoecimento crônico, visando compreender como os indivíduos buscam subsídios para se fortalecer diante das adversidades impostas pela doença. Emprega-se metodologia qualitativa para se discutirem questões sobre religiosidade que emergiram na fala de pessoas que convivem com o HIV. Com base na narrativa desses sujeitos, foram analisados o relato sobre religiosidade e suas influências no processo saúde-adoecimento, realizando uma análise temática. Foram observadas algumas relações que apontam para: enfrentamentos religiosos positivos e/ou negativos no adoecimento, mudanças de pensamento e comportamentos religiosos, assim como a importância da vivência religiosa na maneira como os indivíduos elaboram suas narrativas de adoecimento. Chama-se atenção para a necessidade de os profissionais de saúde estarem atentos ao surgimento de tais conteúdos, pois trazem aspectos que envolvem questões terapêuticas - como adesão, apoio social, conflitos e singularidades individuais - que podem auxiliar no enfrentamento da doença.
Caminhos do cuidado -itinerários de pessoas que convivem com HIV Routes to care -the itineraries of people living with HIVResumo O adoecimento pelo HIV na atualidade apresenta-se como crônico e controlável. Assim, torna-se pertinente considerar as implicações das trajetórias individuais da busca de cuidado na vida cotidiana de seus portadores. Essas trajetórias são configuradas pelos caminhos que os usuários fazem em busca de respostas a seu adoecimento. Este estudo, de caráter qualitativo, objetivou analisar o itinerário terapêutico das pessoas convivendo com HIV/Aids. Os sujeitos da pesquisa foram homens e mulheres com o vírus HIV, assistidos em um Serviço de Assistência Especializada e no Hospital Universitário, ambos públicos localizados em um município de Minas Gerais. A abordagem dos participantes deu-se por meio de entrevista e para análise dos dados elegeu-se a técnica de análise temática. Dos caminhos singulares que desenharam essas narrativas, emergiram os itinerários dessas pessoas que convivem com o HIV. Estes abrangeram temas como as peregrinações e a forma de entrada no sistema de atendimento, as implicações do custo e acesso, a gestão do tratamento e a importância das relações de vínculo. Essas questões que nortearam a organização do trabalho permitiram inferir sobre as fragilidades e as fortalezas presentes no sistema de atendimento ao portador do HIV, ao ser considerada a vivência pessoal desses indivíduos em primeiro plano. Palavras-chave HIV, Aids, Processo de saúde e doença, Cuidados de saúde, Ciências sociais Abstract Living with HIV infection is currently chronic but manageable. Therefore, it is important to consider the implications of individual trajectories of seeking care for the disease in the daily life of its carriers. These trajectories are in the routes followed by users seeking answers to their illness. This qualitative study sought to analyze the therapeutic itinerary of people living with HIV/AIDS. The subjects studied were men and women with HIV attended in a Specialized Healthcare unit and the University Hospital, both public services located in a municipality of Minas Gerais state, Brazil. The participants were approached through interviews and data were analyzed using the thematic analysis technique. From the individual routes that permeated these narratives, the itineraries of individuals living with HIV emerged. These covered topics such as being sent from place to place and finally discovering how to enter the care system, the implications of cost and access, management of treatment and the importance of affiliation bonds. These questions that oriented the work made it possible to infer the strengths and weaknesses in the healthcare service to the HIV carrier, by considering the personal experience of these individuals.
A adesão terapêutica para portadores da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA/Aids) necessita ser abordada em uma perspectiva multifatorial e singular, que considere aspectos socioculturais, significados construídos e autonomia dos indivíduos. Este estudo qualitativo visa explorar os elementos e formas narrativas desenvolvidas pelos pacientes para promoverem a adesão. Foram realizadas entrevistas em profundidade com nove pacientes com SIDA que apresentavam boa adesão e resposta clínico-laboratorial ao tratamento. A análise das falas identificou os contextos e os recursos narrativos que impulsionaram essas pessoas a enfrentarem a doença e suas repercussões que influenciaram na adesão. Observou-se que o tempo nas narrativas sobre a adesão não era cronológico e as justificativas/explicações para lidar com o contágio, a doença e os preconceitos envolvidos, assumiam uma dimensão terapêutica. O papel de protagonista em relação às estórias de vida e o adoecimento emergiu como elemento central no enfrentamento das rupturas advindas do adoecimento, e influenciou na incorporação da adesão em uma perspectiva terapêutica.
Partindo de uma discussão do conceito de saúde-doença, percebe-se que um dos enfoques atuais inclui a percepção do sujeito quanto à sua condição. Porém, a hegemonia de um método clínico que, muitas vezes, não considera esta individualidade levou alguns profissionais a discutir as necessidades de mudanças na abordagem médica. Por meio da discussão do caso relatado, percebemos que a relação médico-paciente influencia direta ou indiretamente a satisfação, o estado de saúde do paciente e a qualidade dos serviços de saúde. O cuidado efetivo requer um olhar atento às reais necessidades do paciente e respeito às suas opiniões sobre o adoecimento, suas percepções e sua cultura. A Medicina Centrada na Pessoa é um método clínico que propõe uma abordagem médica que possibilita o atendimento integral e humanístico e respeita a autonomia das pessoas.
Resumo A Estratégia Saúde da Família como estratégia de reorientação da Atenção Primária à Saúde é recente no histórico do Sistema Único de Saúde, demandando muitos desafios. O presente estudo tem como objetivo compreender a percepção do médico no contexto da saúde da família em relação ao atendimento à demanda espontânea. Trata-se de uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa realizada em um município do interior do estado de Minas Gerais, através de entrevista aberta orientada por questões disparadoras com 15 médicos da ESF. Os dados foram coletados nos meses de agosto e setembro de 2018, sendo analisados conforme o método análise de conteúdo de Bardin. Os resultados apontaram para dois eixos temáticos de análise: a importância do acolhimento e o equilíbrio do acesso entre demandas espontâneas e programadas. Concluiu-se que é de suma importância reorganizar o processo de trabalho de acordo com as necessidades da comunidade adscrita, equilibrando o atendimento entre demanda espontânea e programada, garantindo acesso ao usuário.
RESUMO A prática médica se alicerça no julgamento e na tomada de decisão acerca das ações de cuidado -dirigidas aos usuários, às famílias e às comunidades -
Este estudo relata a experiência de implantação da disciplina eletiva de Medicina de Família e Comunidade (MFC) no curso de graduação em medicina, na visão dos discentes da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Levando-se em conta a metodologia aplicada, verificou-se que os alunos consideraram os conteúdos práticos mais relevantes em comparação aos teóricos, o que pode ser atribuído ao fato de a prática permitir a crítica, a problematização e a resolução de situações cotidianas, sendo, além disso, um elo entre o jovem estudante de medicina e a realidade da prática médica. Diante da necessidade de aprimorar a abordagem integral à saúde dos indivíduos, considerando seus aspectos biopsicossociais, torna-se necessário que as alterações no currículo médico tenham como eixo norteador os princípios da Atenção Primária à Saúde (APS). Nesse contexto, a Medicina de Família e Comunidade (MFC) é a especialidade chave para a APS, pois estimula a formação de médicos generalistas capacitados a oferecerem cuidado longitudinal e responderem às necessidades em saúde das pessoas.
Resumo: Introdução: A educação médica nas últimas décadas caminhou para um entendimento da importância de que os futuros profissionais sejam submetidos à aprendizagem em cenários de práticas o mais cedo possível dentro da graduação médica. Objetivo: Tendo em vista esse cenário diferenciado, o estudo dedicou-se a realizar uma avaliação pelos pacientes dos atendimentos em ambulatório do SUS realizados por estudantes de Medicina de diversos períodos, sob supervisão de preceptores médicos. Método: Foi realizado estudo transversal e descritivo por meio da aplicação de 200 questionários autopreenchidos. Resultado: A maior parte dos pacientes entrevistados relatou que foi informada previamente desse tipo de atendimento, que houve solicitação de consentimento e que os estudantes foram respeitosos e educados. Por conta disso, os pacientes sentiram-se satisfeitos em contribuir para o aprendizado dos estudantes e receberam mais explicações do seu estado de saúde. Tudo isso resultou em uma taxa de 98,5% de satisfação dos pacientes com o atendimento recebido. Em relação à duração do atendimento, houve relação entre a percepção de inadequação do tempo, a ausência do pedido de consentimento e a baixa escolaridade. Alguns pacientes mencionaram situações de incômodo, constrangimento ou desrespeito. Conclusão: A pesquisa demonstrou que a maioria dos pacientes entrevistados se sentiu satisfeita com o atendimento recebido pelos estudantes, o que comprova que esse tipo de metodologia de ensino tem sido bem recebido pela população. O estudo também evidenciou alguns aspectos que precisam ser melhorados, revelando necessidade de ações por meio da coordenação para aperfeiçoar esse importante método de ensino e o serviço de saúde ofertado à população.
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