Apresentam-se diferentes concepções de contextualização do ensino encontradas em documentos curriculares oficiais e em professores de Ensino de Ciências e de Biologia, e discutem-se as implicações pedagógicas dessas concepções para as respectivas áreas, em especial para a organização do trabalho docente. Para identificar essas concepções, analisou-se o conteúdo desses documentos nos diferentes níveis jurisdicionais - federal, estadual (SP) e municipal (SP) -, bem como, da fala de professores de Ciências e de Biologia envolvidos em uma atividade de formação continuada. A análise do potencial pedagógico dessas concepções demonstrou que a diversidade de interpretações sobre este importante princípio curricular pode oferecer, ao professor, possibilidades múltiplas de mediações didáticas em sua difícil tarefa de planejar e organizar o ensino, desde que estas possam ser explicitadas e exploradas nos processos de transposição do ensino dos quais ele participa. Algumas destas possibilidades são aqui exploradas, finalizando o texto.
O presente trabalho aborda aspectos da educação para a biodiversidade em espaço não formal de ensino, sendo a pesquisa realizada no projeto "Trilhas da Biodiversidade". O objetivo desta pesquisa foi verificar a influência das concepções de biodiversidade dos monitores deste projeto na escrita dos alunos visitantes. Foram realizadas entrevistas com os monitores juntamente com a análise de redações feitas pelos alunos após a visita ao projeto. Nas entrevistas, pode-se notar na fala dos monitores a presença dos três níveis hierárquicos da biodiversidade (genético, de espécies e o ecossistêmico). Além disso, foi encontrada duas novas concepções a respeito deste conceito, em que estão relacionadas com as Ciências Humanas. No tocante à escrita dos alunos, verifica-se na grade de análise das redações que, das múltiplas abordagens constatadas nas falas dos monitores, somente aquela relacionada à diversidade de espécies foi encontrada. Ao evidenciar esta lacuna entre as concepções dos monitores e a escrita dos alunos a respeito do conceito de biodiversidade, este trabalho proporciona alguns pontos a serem refletidos no que tange à educação para a biodiversidade em espaços não formais de ensino.
O presente texto tem o intuito de discutir o papel dos chamados cursinhos populares ou comunitários com relação aos aspectos dos mecanismos de acesso aos espaços e oportunidades assimilados pelos grupos sociais hegemônicos. Outro objetivo é a descrição das principais características desses grupos sociais de acordo as categorias de capital social, capital cultural e habitus criadas pelo sociólogo Pierre Bourdieu (1930-2002). Além de apresentar dados coletados sobre os diferentes grupos do Estado de São Paulo, tais como, nome, localização e instituição a queestão ligados; optou-se por discutir com maior profundidade as características identitárias de onze destes cursinhos, chamados nesse texto de núcleos. Essa escolha deu-se por conta dos registros de participação destes núcleos durante sete anos de encontros no evento chamado Fórum dos Cursinhos Populares de Ribeirão Preto e região, desde o ano de 2004. A discussão desses núcleos como espaços privilegiados na configuração de um capital social e de acesso ao capital cultural nas ociedade de classes converge em uma descrição ainda mais focada em dois desses núcleos por apresentarem características, metodologias e fundamentos que possibilitam conclusões sobre a importância desses espaços para a mudança de perspectiva na vida de trabalhadores que participam desses grupos.
Este artigo tem como objetivo compreender os desafios e as necessidades de professores de Ciências e/ou Biologia dos estados que compõem a SBEnBio – Regional 4 (MG/GO/TO/DF), diante do ensino remoto emergencial. A partir da escuta sensível das demandas dos professores, com embasamento teórico e metodológico freireano e da decolonialidade, propusemos um curso de extensão: “Escolas e territorialidades em contextos de incertezas: construindo BIONAS”. Os resultados apresentam como desafios, entre outros, a falta de formação e experiência prévia dos professores para produzirem as atividades remotamente, as habilidades básica e intermediária com as TDICs e a conciliação do ensino remoto com os cuidados domésticos. Diante dessa conjuntura pandêmica, consideramos emergencial resistir a uberização do trabalho docente e a mcdonização do currículo.
Resumo: Este estudo se fundamentou na teoria ator-rede e investigou processos de ensino e aprendizagem no 6º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública em Belo Horizonte a partir de uma sequência didática que discute sobre ecossistemas e suas transformações. Tomamos esse processo como uma prática sociomaterial em que a aprendizagem decorre de um processo de associação entre humanos, artefatos naturais e tecnológicos construídos por meio de uma rede de múltiplos fatos, objetos e pessoas e nos dedicamos a responder: Como o conhecimento sobre o ecossistema e suas transformações é mobilizado por meio de um conjunto de atividades em uma sequência didática, das quais se destaca uma trilha ecológica? Em nossos resultados, constatamos que as atividades possibilitaram uma experiência que abarca aspectos e assuntos que envolvam o sujeito e seu entorno, caracterizado-se como uma “aprendizagem estética”, o que propicia uma educação científica que amplia percepções sobre ambiente dos estudantes.Palavras-chave: Aprendizagem Estética; Teoria Ator-Rede; Ensino Fundamental II. The actor-network theory in a didactic sequence for discussion of the theme ecosystems and their transformationsAbstract: This research consists of a study based on the actor-network theory to investigate the teaching and learning processes with 6th-grade students from a public school in Belo Horizonte from a didactic sequence that discusses ecosystems and their transformations. We adopted this educational method as a socio-material practice in which learning results from a process of association between humans, natural and technological artifacts built through a network of multiple facts, objects, and people. From this direction, we dedicate ourselves to answer: How is knowledge about the ecosystem and its transformations mobilized through a set of activities in a didactic sequence, of which an ecological trail stands out? In our results, we found that the didactic sequence enabled an experience that encompasses aspects and subjects that involve the subject and his surroundings, characterized as “aesthetic learning”, which provides a scientific education that expands students' perceptions about the environment.Keywords: Learning Aesthetic; Actor-Network Theory; Elementary School.
Entrevista com Dulce Whitaker coordenada por Danilo Seithi Kato (UFTM). Whitaker é professora da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara (FCLAr-Unesp). Graduada em Ciências Sociais (Unesp), ela realizou estudos de mestrado e doutorado em Sociologia na USP, além do pós-doutorado na Universidade de Oxford (Inglaterra). Autora de váriose studos e pesquisas (livros, artigos, capítulos), Whitaker trabalha, basicamente,com temas relacionados a cultura, ideologia, Sociologia da Educação e Sociologia Rural. Antes da carreira docente em universidade pública, ela trabalhou em cursinhos: nossa conversa tratou justamente da inter-relação entre as atividades acadêmicas (pesquisas em Sociologia) e a discussão sobreo cenário educacional brasileiro em suas dimensões políticas e sociais. A entrevista foi realizada em maio de 2013 na FCLAr-Unesp, em Araraquara. Decidimos manter o caráter da oralidade na transcrição da fala de Dulce Whitaker. Apoio: Felipe Ziotti Narita.
O presente artigo origina-se de uma tese de doutoramento que teve como objetivo investigar o conceito de ecossistema presente em teses e dissertações em Educação Ambiental (EA), explorando os seus vários sentidos e significados, presentes em seu campo de origem - a Ecologia, e em suas ressignificações a partir e para além dele. Essa pesquisa, que se insere na perspectiva das investigações na linha do estado da arte da produção de conhecimento em uma dada área, analisou teses e dissertações em EA produzidas no Brasil, no período de 1980 a 2009. A partir da caracterização dessas pesquisas, procurou-se, inicialmente, identificar os principais indicadores resultantes das análises, na tentativa de explorar significados e sentidos sobre o conceito de ecossistema. Para este artigo, em particular, temos como objetivo a discussão dos possíveis significados e sentidos que temos construído sobre aspectos da delimitação espaçotemporal de um ecossistema, e suas implicações para o ensino de ciências/biologia. Os procedimentos metodológicos estão fundamentados na perspectiva da análise dialógica do discurso e inseridos no contexto da pesquisa qualitativa em educação. Os resultados mostraram sentidos divergentes e que são compreendidos a partir de perspectivas diversas sobre conceito de ecossistema, mesmo que estes não sejam enunciados diretamente. Assim, o resultado das análises evidencia esforços de aproximação com os significados originalmente empregados na Ecologia, em um sentido de validação do conhecimento científico produzido e trazendo, de forma mais tímida, elementos políticos e sociais que envolvem as questões ambientais. A partir dos dados analisados neste artigo, destacamos os possíveis desdobramentos, dos significados e sentidos apreendidos, para o discurso de ensino de conteúdos escolares da Ecologia em interface com as questões ambientais, no ensino das Ciências da Natureza. Esses significados possibilitam pensar a tendência das pesquisas em buscar a superação de sentidos contraditórios e dicotômicos encontrados nas pesquisas em EA, tais como, aqueles relacionados à: desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade; equilíbrio ou harmonia; ser humano, cultura ou natureza, como possíveis posicionamentos ideológicos, e que são compreendidos a partir do conceito de ecossistema, mesmo que não sejam enunciados diretamente.
RESUMO. Desde o seu surgimento a Licenciatura em Educação do Campo na Universidade Federal do TriânguloMineiro (UFTM) enfrenta uma série de desafios. Uma das questões posta já a priori é sobre a existência ou não do público alvo, principalmente quanto se o Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba têm demanda para que o curso tenha continuidade. Frente a esta problemática, o presente artigo traz um estudo que visou identificar as demandas formativas, considerando principalmente a dimensão da educação escolar. A perspectiva metodológica é diagnóstica a partir de dados secundários de origem documental. Ao realizar esta análise uma das primeiras contradições que podemos encontrar é referente ao próprio sentido e demarcação do que seja campo, havendo critérios políticos, administrativos e epistemológicos que precisam ser problematizados. Do ponto de vista dos dados encontrados, notamos que a região da abrangência da UFTM possui sim escolas do campo, professores leigos e um cenário de luta pela terra que geralmente é silenciado, desconsiderado e pouco compreendido. Constatamos demandas concretas, não só com relação aos sujeitos, mas também um contexto para investigações que são necessárias para ressignificar os territórios de atuação da universidade. Palavras-chave:Mapeamento, Ensino Superior, Educação do Campo.
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