Esse trabalho tem por objetivo elucidar a importância de alguns líderes evangélicos (pastores, músicos e evangelistas com matizes semelhantes) como nós de redes de contato transnacionais entre Argentina, Brasil e Uruguai, a partir de entrevistas e diários de campo produzidos ao longo do ano de 2008 e 2009. Investimos num estudo qualitativo dessas redes, avaliando os aspectos que os separam em grupos se reconhecem, mas não atuam necessariamente em conjunto. Aqui descreveremos dois subgrupos de relações no campo evangélico-pentecostal, suas ramifcações, seus centros de referência, seus usos dos meios de comunicação e as formas de construção da credibilidade pessoal. Escrever sobre a gênese e desenvolvimento dessas redes é uma forma, também, de contar a história dos movimentos pentecostais pós-denominacionais ao Sul da América Latina a partir da década de 1970.
A Renovação Carismática Católica (RCC) tem sido apontada, não somente em relação a sua origem, tanto por parte dos seus seguidores quanto por outros analistas, como uma estratégia de fortalecimento da identidade católica frente ao avanço do pentecostalismo, ou seja, uma forma de contraofensiva católica (Mariz e Machado 1994;Oro 1996;Machado 1996;Pierucci e Prandi 1996;Prandi 1997;Carranza 2009;Gabriel 2010). Essas análises recaem sobre as diferenças e as oposições existentes entre o movimento católico e o evangélico. Argumentamos neste texto que nos últimos anos a RCC vem cumprindo também um outro papel: estabelecer um espaço privilegiado de aproximação e de encontro entre católicos e evangélicos (especialmente pentecostais), visando superar as fronteiras construídas entre si. Trata-se de um movimento que possui vertentes e iniciativas em ambos os segmentos religiosos, privilegiando especialmente as confluências e as convergências já existentes. 2Este artigo resulta da análise da literatura produzida nas Ciências Sociais sobre a RCC e o pentecostalismo e, especialmente, de uma pesquisa de campo que realizamos no sul do Brasil e na Argentina, nos três últimos anos. O texto está dividido em duas partes: a primeira apresenta um breve histórico de ambos os movimentos religiosos e explicita as suas principais diferenças e oposições; a segunda destaca as convergências e as aproximações existentes, bem como a política do diálogo e os encontros ecumênicos.
O presente trabalho busca fornecer fundamentação teórico-metodológica ao conceito de rede aplicado ao estudo do pentecostalismo. Para tanto, abordarei os métodos de pesquisa associados ao estudo de redes e suas contribuições mais recentes. Num primeiro momento, nas décadas de 1950 e 1960, desenvolveu-se no campo da antropologia uma abordagem empiricista centrada na descrição e análise de relações observáveis dentro de um território limitado. No momento atual, diálogos com a história das ciências, a filosofia e a geografia permitem-nos repensar as redes num quadro teórico amplo, como lócus privilegiado do sincretismo e de novas formas de territorialidade. A análise de processos de transnacionalização religiosa pentecostal ao sul da América Latina pode se beneficiar da ancoragem teórica fornecida por essas discussões.
The present article aims to provide theoretical and methodological basis to the concept of network applied to the study of Pentecostalism. Therefore, I will describe synthetically the research methods associated to network studies and their recent developments. In a first moment, along the 50' and the 60', it was unfolded an empirical approach based on description and analysis of observable relations on a limited territory. Currently, dialogues with History of Science, Philosophy and Geography allow us to rethink networks in a wide-range scope, as a privileged locus in which we can study syncretism and new forms of territoriality. The analysis of transnational religious processes at Southern Latin America could be improved by the theoretical anchorage offered by these discussions
Uma peculiaridade concernente aos praticantes ocidentais budistas diz respeito a uma recusa declarada em afirmar de forma categórica sua identidade religiosa. Aqui, por meio de trabalho de campo e de entrevistas numa comunidade religiosa budista ao sul do Brasil, procuramos apontar nexos possíveis para este comportamento, que pode estar gerando reflexos sobre os dados censitários sobre a situação do budismo no Brasil.
O estudo sobre a comunicação entre as grandes religiões universais guarda uma história associada a contextos políticos, econômicos, e culturais. Esses diálogos nem sempre são amistosos, sendo por vezes repletos de lacunas ou mal-entendidos, dado que cada parte enquadra a conversação a partir de seu próprio horizonte de sentido, que é ainda refratado pela posição dos interlocutores no contexto mais amplo do encontro de civilizações. Quando existem esses diálogos, fundamentam-se em ideias cosmológicas e soteriológicas das religiões, desenvolvidas por especialistas em produção simbólica religiosa como missionários, líderes, teólogos ou filósofos. O livro de Frank Usarski mapeia as relações entre o Budismo e outras religiões universais, a saber: o Hinduísmo, o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo. Dado que a maior parte do livro centra-se no diálogo do Budismo com as duas primeiras, esta resenha centrar-se-á nestas, para ao final descrever sucintamente a relação com as duas últimas.O livro é de conteúdo eminentemente informativo, utilizando algumas ferramentas teóricas para dar o enquadramento analítico necessário ao objeto. Apesar das simpatias teóricas reveladas aqui e ali pela teoria dos sistemas de Luhmann, não há investimento em discussões teoréticas. Esse fato é compensado por uma introdução, no primeiro capítulo, a conceitos centrais do Budismo sabidamente complexos, que demandam atenção e uma exposição consistente, pois implicam no entendimento do restante do livro. As citações acadêmicas, em sua maior parte, indicam a leitura de literatura estrangeira ligada à área específica de estudos sobre Budismo, muito mais forte nos Estados Unidos e Europa que na América Latina.No primeiro capítulo, o autor faz uma síntese de conceitos budistas, na busca de encontrar um "mínimo denominador comum" entre as tradições que emergiram a partir de Siddharta Gautama. Nesse mínimo, temos uma síntese de conceitos como lei do carma, skandhas, gênese condicionada, annata, samsara, nirvana, as quatro nobres verdades, refúgio e o nobre caminho óctuplo, sendo que há referências indiretas a um conjunto de ensinamentos budistas que identificam como os seres surgem em samsara, conhecidos e ilustrados como os doze elos da originação interdependente. A todo o
O processo histórico de encurtamento das dimensões do espaço e do tempo promovido pelas novas tecnologias de transporte e comunicação, a que nos referimos quando falamos genericamente de "globalização", levou a desenvolvimentos que requerem dois tipos de atenção intelectiva. O primeiro, de cunho teórico, envolve a criação de um aparato conceitual que capacite os analistas a identificar e interpretar movimentos globais. O segundo, de cunho empírico, consiste em rastrear fluxos de pessoas, informações e recursos que passam certas vezes ao largo de esferas institucionais do Estado ou de instituições centralizadoras. As interpretações acerca das relações entre religião e globalização ganharam, nas últimas décadas, espaço no campo das ciências sociais, e poderiam se beneficiar do emprego destas duas formas de atenção. Neste artigo analisamos fluxos de missionários brasileiros de Porto Alegre em direção à Europa. Seguindo "imagens da ordem global" (Robertson, 1996) construídas especialmente no mundo evangélico pentecostal, podemos estabelecer a versão dos atores para esse fluxo, que, em grande medida, está calcada na ideia de "missão invertida".A "missão invertida" (Freston, 2004(Freston, , 2010, "evangelização ao contrá-rio" (Mary, 2008), ou "evangelização de retorno" (Trombetta, 2013) constitui um importante objeto de interesse das ciências sociais que se http://dx
O elo que une literatura, geografia e turismo literário é, cada vez mais, uma realidade indiscutível. De facto, na esteira dos estudos preconizados por vários investigadores, as representações literárias de paisagens envolvem uma confluência de conhecimentos que integram conceitos e abordagens procedentes de vários campos do saber. O artigo que apresentamos evidencia o trabalho desenvolvido no âmbito do Atlas das Paisagens Literárias de Portugal Continental (uma parceria IELT e IHC, NOVA-FCSH). Este projeto serve-se de ferramentas e metodologias digitais para recolha, análise e divulgação de representações literárias, tendo desenvolvido publicações, eventos e uma aplicação online que sancionam esta abordagem transdisciplinar. O Atlas deve a sua originalidade ao facto de abranger descrições de paisagens de todo o território de Portugal continental, do século XIX até à atualidade, que podem ser analisadas, comparativamente ou não, numa perspetiva estética, geográfica e histórica. Ao utilizador da aplicação LITESCAPE.PT é dado perceber a transformação das paisagens e dos locais que poderão ser efetivamente visitados, no contexto do turismo literário: os lugares como configurados pelos textos e aqueles que lhes serviram de cenário, bem como o espaço diretamente relacionado com a figura empírica do autor.
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