Resumo Este trabalho apresenta contribuições ao papel dos profissionais em Psicologia na Atenção Diferenciada à Saúde Indígena, destacando o entre-lugar teórico-prático ocupado junto aos povos Guarani, Kaiowá e Terena, e demonstrando a relação entre a Política Pública de Saúde, com suas exigências normativas e disciplinares, e a ordem cósmica, refletidas nos saberes em Saúde das diferentes figurações sociais e grupos-sujeitos com que trabalhamos. A partir dos diferentes ethos e estilos dos grupos indígenas e não indígenas e suas acepções de saúde, nos deparamos com a complexidade desse cenário-contexto, representada pela multiculturalidade/interculturalidade e pelas relações de poder e saber no cuidado em saúde. Assim, a Psicologia e demais profissões de saúde se veem desafiadas a produzirem uma Atenção à Saúde que cumpra sua função e tenha a eficácia simbólico-material necessária aos povos indígenas. Nesse sentido, a Cartografia como recurso metodológico nos permite acompanhar o processo, adentrar os textos e contextos de produção de Atenção à Saúde Indígena e compreender a emergência do pensamento limiar com a participação dos conhecimentos e saberes indígenas no cuidado em Saúde. A Psicologia Decolonial surge como alternativa, não como uma nova receita de atuação, mas provendo uma orientação teórico-prática que viabiliza a coexistência dos saberes indígenas e não indígenas no cuidado em Saúde. A supervisão das lideranças tradicionais e a entrada na cosmologia e nas epistemologias indígenas se tornam imprescindíveis para a atuação da Psicologia, possibilitando novos enlaces afetivo-intelectuais e políticos no cuidado em Saúde.
Esta narrativa é resultado de uma experiência de campo no museu Muquifu no ano de 2019. Foi possível, por meio das fronteiras de identificação e (des)continuidades históricas e territoriais, sinalizar alguns modos de produção de subjetividades racializadas. Procuro descrever experiências pessoais e de identidade coletiva por meio da análise de práticas discursivas sobre pessoas racializadas e também acerca das práticas racistas. A metodologia se encontra alinhada aos estudos decoloniais e à teoria discursiva. O Muquifu é lido em/por suas expressões de arte e resistência, particularmente nas expressões de um grupo de 14 mulheres do Morro do Papagaio, Belo Horizonte, Minas Gerais. Percebo a subversão criativa frente à remoção territorial como força (re)produtora de linhas fronteiriças que colocam a população local em (des)continuidades de cunho social, abrangendo o frequente deslocamento de seus territórios e a descentralização das expressões de sua cultura, provocando a consequente invisibilização de seus corpos.
O presente trabalho objetiva apontar a conectividade entre a música “Letras Negras” de 2017, de Larissa Luz, e o livro Quarto de despejo: diário de uma favelada de 1960, de Carolina Maria de Jesus. A canção escolhida faz parte do Movimento Hip-Hop, entendido como agência de letramento e produção de saberes da educação não formal. Filiados à Análise do Discurso e aos Estudos Feministas Negros e tendo a educação não formal como foco, serão analisadas as regularidades presentes nos objetivos do Movimento Negro Brasileiro e do Movimento Hip-Hop na construção da coletividade, pertencimento e elevação da autoestima de negra/os e como esses aspectos são expressos nas obras analisadas. Concluiu-se que ambos os Movimentos contêm processos educativos e podem ser considerados infames na perspectiva foucaultiana e, a partir de sua sobrevivência ao choque com o poder, tornaram-se mecanismos de denúncia e resgate das subjetividades negras silenciadas pela supremacia branca por meio de opressões interseccionais.
O contato com a assistência e o pensamento sobre a necessidade de uma reformulação dos modos de produção, humanização da atenção e da gestão em Saúde me levou a problematizar o cotidiano, parte integrante do processo de formação acadêmica na graduação e na especialização na Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados. Esse novo modo de produção se interliga a uma forma diferente de pensar na qual a Clínica Ampliada e Compartilhada se faz presente, sustentando um olhar não hegemônico de produção, atrelado à Saúde Coletiva cujo objeto de trabalho deixa de ser centrado na doença e passa a ser um pensamento clínico ampliado, no qual o enfoque é o usuário do serviço, entendido na sua dimensão biopsicossocial. Desta forma, busco por meio da narrativa autobiográfica apresentar algumas vivências destacando as reflexões, contribuições e os movimentos gerados nos encontros entre os estágios em Psicologia da Saúde, a Residência Multiprofissional em Saúde e a Clínica Ampliada e Compartilhada no Hospital Universitário.
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