introDuçãoAté o século XVIII, a pesquisa científica era uma atividade eminentemente amadora. A partir da segunda metade do século XIX, passou a dispor de métodos partilhados e reconhecidos como válidos por uma determinada comunidade de detentores de saber, tornando-se, assim, uma atividade acadêmica realizada nos grandes centros de estudo universitários. Mas é no século XX que se dá a grande fusão entre universidade e indústria, formando o complexo científico-industrial-tecnológico 1 . Neste processo, a pesquisa clínica, e em especial os ensaios para o desenvolvimento de novos métodos diagnósticos, preventivos e terapêuticos, tornaram-se, definitivamente, uma atividade industrial.Atualmente, existe uma clara supremacia do financiamento privado comparativamente às inversões públicas para as pesquisas clínicas. A aceleração do processo de globalização dos mercados, nas últimas três décadas do século passado, internacionalizou as pesquisas clínicas, influenciando tanto nas suas formas de financiamento como no desenvolvimento e aplicação das práticas de pesquisa. Neste contexto, os países com baixa capacidade de pesquisa ficam em situação de desvantagem por não disporem de condições objetivas para determinar prioridades, seja para garantir que os interesses públicos prevaleçam durante a condução de ensaios clínicos em seus territórios, seja para analisar de modo seguro o envolvimento de seus cidadãos em procedimentos metodológicos elaborados e financiados por grandes indústrias farmacêuticas multinacionais.A "capacidade de pesquisa" de um país no campo biomé-dico compreende exatamente: poder para definir prioridades de pesquisa de acordo com os principais problemas de saúde de suas populações; independência financeira para investir em pesquisas prioritárias; e habilidade desenvolvida e institucionalizada para avaliar e supervisionar a condução das pesquisas realizadas em
Moral imperialism is expressed in attempts to
The academic literature in research ethics has been marked in the past decade by a much broader focus on the need for the protection of developing communities subjected to international clinical trials. Because of the proximity of the revision of the Declaration of Helsinki, completed in October 2008, most papers have addressed the issue of a double standard of care following the use of placebo. However, other no less important issues, such as interactions between the lifestyles structures of low-income communities and the efficiency of risk-minimising procedures also deserve attention. The purpose of this paper is to discuss forms of uncertainty involved in clinical trials in poor and low-income countries that are not addressed by conventional methods of risk assessment. Furthermore, the increase in size of risks that are identified by conventional assessment methods will be addressed. Besides, the difficulty in properly applying risk-minimising procedures will be discussed. Finally, this paper proposes the involvement of research ethics committees in the risk evaluation process and the establishment of national ethics evaluation systems.
The acceleration of the market globalisation process over the last three decades has internationalised clinical research and influenced both the way in which it is funded and the development and application of research practices. In addition, in recent years international multicentre randomised clinical trials have become the model par excellence for research on new medicines. The neoliberal model of globalisation has induced a decline in state power, both with regard to establishing national research for health priorities and to influencing the development of adequate ethical guidelines to protect human beings that participate in multinational research. In this respect, poor and low-income countries, which lack sustainable control and review systems to deal with the ethical and methodological challenges of complex studies conducted by researchers from affluent countries and funded by large multinational pharmaceutical companies, are particularly vulnerable. The aim of the present paper is to explore critically some of the actual and possible ethical pitfalls of globalisation of clinical research and propose mechanisms for turning transnational clinical research into a more cooperative and fairer enterprise.
Desde os anos 1990 a bioética tem se aproximado cada vez mais das discussões internacionais relacionadas à saúde e às ciências da vida, o que levou alguns autores a referir-se à "bioética global". O presente artigo analisa este conceito tal como elaborado nas perspectivas de três formulações teóricas da bioética norte-americana: a de Van Rensselaer Potter, a de Tristam Engelhardt e a de Beauchamp e Childress. Ao balancear as potencialidades e as insuficiências das abordagens destes autores, propõe a "bioética crítica" como alternativa teórica melhor capacitada para enfrentar os temas globais da bioética a partir da perspectiva histórica dos países do Sul global.
Este estudo teve como objetivo investigar a percepção de médicos de Unidades Básicas de Saúde de Teresina, considerada uma das mais homofóbicas capitais brasileiras, sobre o acesso e qualidade da atenção à população LGBT. Trata-se de uma análise qualitativa de discurso sobre entrevistas semiestruturadas com profissionais médicos de sete unidades de saúde selecionadas por sorteio entre as 22 existentes na cidade e fundamentada no método hermenêutico-dialético. Quatro principais categorias analíticas emergiram: 1. Percepção confusa entre universalidade e equidade, 2. Patologização e percepção de anormalidade na condição, 3. Negação de barreira ao acesso e imputabilidade da ausência de procura do serviço aos próprios sujeitos, e 4. Baixa demanda do grupo LGBT ou invisibilidade da condição. Conclui-se que um dos principais desafios à implementação da política nacional de saúde dirigida a esta população continua sendo os estigmas e preconceitos incorporados nas subjetividades dos profissionais, os quais dificultam a compreensão de direitos e as razões da existência de políticas compensatórias.
Fisioter Mov. 2013 set/dez;26(4):página 763-75 doi: ISSN 0103-5150 Fisioter. Mov., Curitiba, v. 26, n. 4, p. página 763-775, set./dez. 2013 Licenciado sob uma Licença Creative Commons [T] A interface entre bioética e fisioterapia nos artigos brasileiros indexados [I] The interface between bioethics and physiotherapy in Brazilian indexed papers [A] Cláudio Fortes Garcia Lorenzo [a] , Gláucia Teles Araújo Bueno Resumo Introdução: Apesar de ainda muito incipiente a aproximação entre fisioterapia e bioética no Brasil, tem sido crescente a preocupação com o seu desenvolvimento devido à variedade de conflitos éticos que podem envolver os fisioterapeutas. O objetivo deste artigo foi fazer um estudo sobre as temáticas e a fundamentação teórica dos artigos indexados que pretendiam discutir a interface entre fisioterapia e bioética. Materiais e métodos: Trata-se de estudo de análise de conteúdo pelo método de Bardin em todos os artigos publicados em revistas indexadas, encontrados nas fontes BIREME e SciELO entre 2000 e 2011, utilizando os descritores: fisioterapia e bioética e seus derivados. Resultados: Confirmou-se o nível primário do desenvolvimento da reflexão bioética em fisioterapia, mostrando deficiências conceituais, distanciamento das teorias mais modernas e dos modelos desenvolvidos no Brasil e falta de consideração dos contextos socioculturais e econômicos como elementos que influenciam a geração de conflitos. Considerações finais: Apontou-se a necessidade de desenvolver projetos de capacitação em bioética para professores e pesquisadores da área de fisioterapia, com vistas ao desenvolvimento de conteúdos nos programas de graduação e pós-graduação.[P]Palavras-chave: Bioética. Ética baseada em princípios. Fisioterapia. Teoria ética. Educação.[B]Fisioter Mov. 2013 set/dez;26 (4) [K]
A hemofilia é uma doença rara, hereditária e caracterizada pela falta de fatores de coagulação, o que provoca sangramentos espontâneos e artropatias incapacitantes. O componente mais dispendioso em seu tratamento é a reposição do fator de coagulação. O presente ensaio examina, a partir da perspectiva da Bioética Crítica, modelo teórico baseado na articulação da Teoria Crítica com os Estudos da Colonialidade, o panorama do acesso global ao tratamento e o programa brasileiro. Demonstrou-se um quadro marcado por extremas disparidades de acesso em nível tanto global quanto nacional, cujas causas estão diretamente relacionadas com a formação histórica de um sistema-mundo baseado na dominação dos meios materiais, ideias e instituições pelos países centrais. Para seu enfrentamento, concluiu-se pela necessidade de contínuas pressões sociais, estímulo a uma produção científica e regulação tecnológica verdadeiramente comprometida com o cumprimento do direito fundamental à saúde.
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