No artigo explora-se um conjunto de táticas e estratégias, no sentido foucaultiano dos termos, dirigidas à (con)formação de sujeitos, no quadro mais amplo da produção do jovem vivendo [com HIV/AIDS] como um "novo personagem" da AIDS. É como um "perigo", no sentido de poder disseminar o vírus através de uma sexualidade vista como "exacerbada" e "descontrolada" pela idade, que os jovens são alvo de um investimento pesado de modelagem e modelação moral. Em razão disto, supõe-se que eles precisem construir uma excelência no "controle de si". O texto debruça-se sobre uma oficina de sexualidade/cidadania para desfiar analiticamente, a partir das atividades com recursos pedagógicos, seguidas de debates, a tensão constituinte ao se trabalhar o tema sexo com jovens e soropositivos, quando a temática do prazer é tida como peça principal, porém premida pela obrigação de responsabilidade e, portanto, esquadrinhada pelos discursos da prevenção.
Resumo: Construída como modelar durante as últimas décadas, a “política de AIDS” tem sido, entretanto, posta à prova tendo por base diferentes processos: o aumento de novas infecções entre “jovens” e “populações-chave”; a priorização por parte do governo de abordagens biomédicas; e o arrefecimento do ativismo. Partindo desse panorama, este trabalho discute parte dos resultados de uma pesquisa antropológica que analisou sete Encontros Nacionais de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/AIDS. Observa-se a passagem da construção de uma “juventude” específica, os jovens vivendo com HIV/AIDS, para a configuração de outra “juventude” bastante genérica, que não distingue potenciais infectados daqueles já atingidos pelo vírus. A retomada da centralidade da noção de “risco” na compreensão da epidemia é percebida por alguns interlocutores do campo como uma possível retomada da velha e ultrapassada noção de “grupo de risco”.
Resumo Este artigo tem como proposição discorrer acerca do acolhimento psicológico enquanto uma prática política de afirmação da vida e da saúde no panorama nacional, onde as políticas públicas para tratar a pandemia de Covid-19 tomam rumos distanciados de uma noção mais ampla de cuidado. Inspiradas na vivência de atuar em um dispositivo de acolhimento de uma universidade pública nesse momento de pandemia, nosso objetivo neste texto consiste em discutir os desafios para ultrapassar um modelo clássico de “acolhimento” em psicologia. Fundamentadas na cartografia, percorremos 05 pistas: “a-pandemia-em-nós”, “o acolhimento e seus rastros”, “contato, contágio e a potência dos encontros”, “o cuidado como revolução numa experiência viva de afirmação da vida” e “amparo e afeto numa prática engajada”. Tais pistas problematizam a prática do acolhimento psicológico partindo da reconfiguração das fronteiras relacionais em situações extremas, no caso, a pandemia, bem como das afetações que esse intervir produz nesse campo de atuação.
Resumo: O artigo aborda os significados do tratamento para o HIV/Aids. O referencial metodológico é a pesquisa qualitativa, e o campo de estudo, o serviço de um hospital de referência da Baixada Fluminense. O grupo estudado era composto por dez mulheres vivendo com HIV/ Aids, em terapia antirretroviral (ARV). Os significados do tratamento estão relacionados: 1) ao impacto do diagnóstico; 2) ao momento do tratamento considerando as diferentes fases de convívio com a doença; 3) ao espaço (público e privado) onde se vivem preferencialmente a doença e o tratamento; 4) ao fato de se compartilhar ou não a doença e o tratamento com o parceiro; 5) à busca de outras racionalidades (religião e remédios alternativos) como contraponto às prescrições médicas; 6) ao estabelecimento ou não de um vínculo afetivo com o médico. Há uma inter-relação estreita entre cuidar-se e cuidar dos filhos, tributária do tratamento ARV. O autocuidado é, antes de tudo, afirmação da vida, o que dá a medida da saúde. Não "ceder ao lugar de doente" significa não se entregar à depressão. A doença materializa-se no corpo com o uso da medicação, mas é possível, apesar das dificuldades, conciliar a rotina com o tratamento ARV. Destaca-se a importância fundamental da variável tempo para a criação de estratégias que possibilitem a inserção da doença e do tratamento no cotidiano. Palavras-chave: HIV, Aids, mulheres, tratamento, aderência.
Dimensões biopolíticas da Portaria n o 13/2021 do Ministério da Saúde: impactos nos direitos e no enfrentamento de estigmas de determinados grupos de mulheres Biopolitical dimensions of Ruling n. 13/2021 by the Brazilian Ministry of Health: impacts on rights and on the fight against the stigmatization of certain groups of women Dimensiones biopolíticas del Decreto n o 13/2021 del Ministerio de Salud de Brasil: impactos en los derechos y combate de estigmas de determinados grupos de mujeres PERSPECTIVAS PERSPECTIVES
This text presents the initiatives of a public University of the State of Rio de Janeiro, Brazil during the first moments of the Covid-19 pandemic. It seeks to point out how, in a brief period of time, marked by many intensities due to a new pandemic, numerous activities related to the history of the Institute of Psychology and the University that houses it were organized. As this is an experience report, it describes research, intervention and extension activities carried out by its faculty and students, analyzing the impacts of each one of them not only to the outside world but also to the inside of the institution in its continuous development process facing social demands and historical challenges. The results of this work reveal the major purpose of the University in fulfilling its social commitments and enforcing the tripod of teaching, assistance and research, benefiting the university community, but especially the disadvantaged social groups linked to it.
Uma explosão de vulnerabilidadesA população de jovens vivendo com HIV/Aids (JVHA) normalmente já enfrenta muitos desafios no convívio com a infecção pelo HIV. O estigma da doença, seja ela adquirida de forma vertical (da mãe para o bebê) ou de forma horizontal, muitas vezes gera a necessidade de manejo de um segredo nos grupos sociais de pertença, somada às dificuldades próprias à terapia antirretroviral (TARV) como os efeitos colaterais das medicações, implicando uma readequação da rotina, de estudo e/ou trabalho, mudança de hábitos alimentares e de sono, cuidados com o corpo e com a sexualidade, entre outros. Esses fatores podem ser agravados pela sinergia da condição sorológica com determinados marcadores sociais da diferença, impactando a adesão ao tratamento e promovendo quadros de adoecimento psíquico (CUNHA, 2011).
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