RESUMOEste artigo foi preparado a partir da pesquisa Educação e Relações Étnico--Raciais: o Estado da Arte, trazendo análise sobre a categoria "ações afirmativas". Na primeira parte são analisados dados das publicações identificadas, 94 artigos e 69 teses e dissertações. Os artigos tiveram aumento gradativo até 2012, com diminuição em 2013 e 2014; maior concentração nos estratos de avaliação qualis mais altos; publicados em revistas das regiões Sudeste e Centro-Oeste e distribuição de gênero de autoria equilibrada. As 54 dissertações e 15 teses tiveram aumento gradativo até 2011, com diminuição principalmente em 2013 e 2014; dispersão de programas e orientadores com concentração na Região Sudeste, seguida das Centro-Oeste e Sul. Na segunda parte apresenta-se uma síntese analítica dos 94 artigos e seus argumentos e resultados. Foram discutidos os temas recorrentes (argumentos sobre políticas afirmativas e estudos sobre experiências específicas os mais frequentes), temas emergentes e lacunas. O tema das políticas afirmativas na educação brasileira apresenta, nos artigos publicados em revistas da área de educação, um campo que foi crescente e com análises relevantes. Existem muitos temas a serem abordados pela pesquisa, em especial apontamos: as políticas afirmativas na pós-graduação e na docência; maior investimento em estudos sobre permanência, sobre mudanças nas universidades e polí-
Este trabalho propõe-se a debater a questão fundiária em Cabo Verde na contemporaneidade, a partir do caso paradigmático do Município de São Salvador do Mundo – Ilha de Santiago. Diversos processos históricos provocaram modificações importantes nas relações sociais constituídas no meio rural cabo-verdiano - tais como a decadência dos morgados, a independência nacional, a reforma agrária, entre outros. Sendo assim, objetiva-se trazer à cena as inúmeras perspectivas vivenciadas pelos camponeses na busca de um espaço existencial para assentar seu modo de vida.
Este artigo tem como objetivo principal analisar a prática do exercício interdisciplinar da Turma XIII da Linha Ruralidades, Ambiente e Sociedade do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento (PPGMade/UFPR). Sua justificativa se baseia na urgência e necessidade de construir pesquisas e práticas interdisciplinares, capazes de trazer novos elementos para compreender e intervir na complexa problemática socioambiental. Metodologicamente, consiste em uma análise do processo com base no relato da experiência do grupo, sistematizado no formato de um “projeto coletivo” sob a luz das teorias da interdisciplinaridade. Como resultado, destaca-se a caracterização das principais singularidades da abordagem metodológica do programa, especialmente a construção de um projeto coletivo e interdisciplinar que leva aos temas das teses individuais. Além disso, dificuldades na auto-organização dos discentes, falta de condições materiais, uma tendência de educação bancária e uma cultura de competição, que impera em boa parte do sistema de ensino brasileiro, foram diagnosticados como limites centrais do exercício em questão. Porém, ainda que contenha contradições, a experiência da Linha do Rural da Turma XIII é, ao menos, uma tentativa de rompimento com a hiperespecialização e construção de processos coletivos e interdisciplinares que pode servir como referência para outras práticas interdisciplinares, sobretudo aquelas vinculadas às questões socioambientais, como as discussões em torno do desenvolvimento sustentável.
Na educação escolar quilombola o relacionamento da comunidade e escola são fundamentais para prática educacional libertadora e antirracista. Diante desta problemática social, buscamos compreender como o Colégio Estadual Quilombola Diogo Ramos, nas suas relações com a comunidade, interage com os conhecimentos, tradições e práticas da comunidade. Os objetivos se pautaram em acompanhar, na rotina escolar, a relação entre a comunidade e a escola. A metodologia utilizada para a pesquisa foi a etnografia, comportando pesquisa de campo e observações participantes, acompanhadas do registro em caderno de campo. Tal exercício possibilitou a melhor percepção das relações da comunidade com a escola e com o território. A questão territorial é de extrema importância para a comunidade, estando intimamente ligada à educação presente nas práticas pedagógicas da escola. O trabalho realizado teve como resultado o registro de uma proposta educacional insubmissa que atenda as demandas das Diretrizes Curriculares para a Educação Escolar Quilombola.
Nas últimas décadas, no Brasil e em toda a América Latina, tem se observado uma intensificação de conflitos territoriais e socioambientais envolvendo comunidades tradicionais, camponeses, povos originários e outros grupos que têm em sua territorialidade condição fundamental para reprodução da vida. Tal intensificação decorre dos modelos hegemônicos de ‘desenvolvimento’ que têm sido historicamente impostos à América Latina, expressão da colonialidade do poder constitutiva do sistema-mundo moderno/colonial/capitalista/patriarcal (GROSFOGUEL, 2008), baseado na classificação social, hierarquização e subalternização racial, de gênero e de classe (QUIJANO, 2005). Em sua face atual, este sistema-mundo e sua matriz global de poder, com sua divisão internacional do trabalho, põe em marcha práticas neoextrativistas em todo o continente latino-americano. Nesse ‘modelo de desenvolvimento’ são impulsionados empreendimentos ligados à produção de commodities da mineração e do agronegócio, além de obras de infraestrutura viária e energética de suporte à essas atividades (MACHADO ARÁOZ, 2011; MANRIQUE, 2015; MERCHAND ROJAS, 2016).
Neste artigo discutimos os resultados de pesquisa realizada entre 2018 e 2019 com alunas de uma turma do curso de formação de docentes em uma escola pública de Curitiba - PR. O objetivo era buscar uma aproximação entre a formação escolar e a construção de identidades negras, ou seja, compreender como “raça” enquanto temática foi mobilizada no cotidiano escolar, tal qual a maneira como emerge em narrativas identitárias formuladas pelas alunas. O recorte proposto procura compreender como estudantes que se veem como negras articulam suas identidades no espaço da escola, compreendendo tais identidades numa perspectiva que as entende como sendo negociadas e marcadas pelas diversas posições que os sujeitos ocupam. Através de etnografia, entrevistas semiestruturadas e um questionário de autoidentificação de raça-cor utilizado com a turma, os resultados sugerem a manutenção de formas diversas de racismos que se transmutam num sentimento difuso de “incapacidade” e falta de amparo em relação às estudantes que se autodeclaram negras, bem como a carência de abertura para o tema da história e cultura afro-brasileira nos currículos. Por fim, percebe-se como dos conflitos surgem estratégias de resistências, sobretudo para aquelas mulheres que se veem como negras e militantes e passam a reivindicar suas demandas na instituição escolar.
O presente trabalho intenciona analisar os processos sociais que possibilitaram a ascensão de descendentes de escravos como possuidores de terra em contextos pós-coloniais. O debate ora suscitado busca eleger como foco de reflexão as relações que produzem discursos de verdade, nos quais antigos rendeiros (Cabo Verde) e quilombolas (Brasil) não se constituem facilmente na figura de proprietários. As teorias do estado de exceção leem esses fenômenos deoscilação política como uma forma peculiar de resguardar a segurança pública em um paradigma arbitrário de governo. Sendo assim, serão apresentados argumentos que vislumbrem a insegurança fundiária nos dois países em um quadro complexo que mescla elementos étnicos e políticos. Além disso, as duas localidades oferecem materiais etnográficos densos para trabalhar a questão teórica “terra-segurança”.
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