Este trabalho tem por objetivo realizar uma análise do processo de escolha de candidaturas nos quatro maiores partidos brasileiros (DEM, PMDB, PSDB e PT), levando em conta a percepção dos candidatos sobre tal processo -uma perspectiva ainda pouco abordada no Brasil. A partir desta análise, estabeleceram-se critérios empíricos para a mensuração da democracia interna nos partidos políticos. Para tanto, aplicamos um survey a 120 candidatos à deputado federal nas eleições de 2010. O marco de análise utilizado foi o proposto por Freidenberg (2003) para a definição e mensuração de democracia interna e Hazan e Rahat (2010) para o processo de seleção de candidatos. A hipótese é que seleções mais inclusivas e realizadas por meio de votação produzem partidos mais democráticos. Os resultados apontam que partidos com participação de instâncias organizativas médias (como delegados) e que mobilizam o voto para a tomada de decisão nem sempre apresentam melhores índices de representatividade.
Raynal and the defence of the Portuguese colonization of Brazil: diplomacy and the Memoirs of the Visconde de Balsemão. This article addresses and discusses the Memoirs of Luís Pinto de Sousa Coutinho (1735-1804), 1st Viscount of Balsemão, which were used as sources for the production of the 1780 edition of the Histoire des deux Indes, in respect of Brazil. The Memoirs offer a singular and exceptional portrait of the Portuguese empire -in the most precise and well-informed manner known for the time -, and represent a substantive addition to Abbé Raynal's text and, in particular, a reorientation of its rather uncritical and even apologetic view of the Portuguese colonial administration and of slavery in Brazil.
Assim como a política democrática se modifica, a percepção sobre os partidos que ela compõe também se altera. O objetivo desse trabalho é oferecer uma nova e atualizada classificação ideológica dos partidos políticos brasileiros. A partir de um survey aplicado à comunidade de Cientistas Políticos em 2018 pedimos que estes classificassem os partidos na dimensão esquerda-direita e, também, quanto ao seu principal objetivo, a persecução de votos, de posições de governo ou de políticas. Os resultados apontam para um movimento centrífugo do sistema partidário com a maioria dos partidos caminhando para a direita e com predomínio de partidos que podem ser classificados como fisiológicos, priorizando a díade votos-cargos e desprezando programaticidade.
O objetivo deste artigo é, num primeiro momento, analisar os estatutos de dois partidos situados em pólos opostos do espectro ideológico, quais sejam, o PT e o PFL (atual Democratas). Com relação a este ponto, nosso objetivo é avaliar o grau de inclusividade que cada um dos referidos partidos prevê no processo de formação de suas listas de candidatos. Num segundo momento, pretendemos analisar os perfis dos candidatos à Assembléia Legislativa e à Câmara dos Deputados dos dois partidos e, por fim, ver em que medida tais perfis se relacionam às regras formais de recrutamento previstas nos estatutos partidários. A hipótese é que o processo formal exerce influência de alguma forma no recrutamento de candidatos e que a oposição ideológica sirva como um aparato explicativo das diferenças entre o recrutamento nos dois partidos.
Resumo Este artigo investiga o perfil social e a preferência partidária dos integrantes das Forças Repressivas do Estado que se lançaram na política institucional nas duas últimas décadas no Brasil. Por meio de estatística descritiva, ressaltamos as especificidades de integrantes das Forças Policiais e Militares que se candidataram a deputado federal. Achados desta pesquisa mostraram mudanças bruscas, de uma eleição a outra, entre os tipos de partidos nos quais essas candidaturas mais se concentraram. Se a passagem da polícia à política era feita, nos anos 1990, via grandes partidos de direita, nos anos 2010 ela se dá por meio de pequenos partidos sem identidade ideológica muito clara (“partidos fisiológicos”). Além do impedimento constitucional de militares filiarem-se a partidos políticos, a ausência de preferência sistemática por um tipo de agremiação partidária pode ser o efeito de um comportamento estratégico, já que obter um lugar na lista desses pequenos partidos não é apenas mais simples, mas há mais abertura a discursos personalistas, tais como os sustentados por esses candidatos-policiais. Esse comportamento também está relacionado à sua visão negativa da política tradicional e dos políticos estabelecidos nos grandes partidos e à crítica a programas com apelos ideológicos muito genéricos. Esses candidatos preferem representar agendas determinadas, como as demandas de suas próprias corporações.
As classificações ideológicas dos partidos políticos brasileiros são periodicamente atualizadas a fim de captar mudanças e tendências. Contudo, usualmente apenas grandes partidos nacionais são escolhidos em detrimento do sistema partidário como um todo. Tal escolha reduz a compreensão que temos sobre a representação política no país, na medida que cada dia mais a fragmentação partidária se eleva e partidos pequenos passam a ocupar posições antes reservadas aos grandes. Assim, nosso objetivo aqui é mensurar e validar a medida em relação a um conjunto de partidos que é frequentemente ignorado pela literatura. Para tanto selecionamos oito agremiações menos classificadas pelos cientistas políticos no eixo esquerda-direita. A classificação foi realizada utilizando web based survey com a comunidade de experts brasileiros e brasilianistas. A fim de testar a validade mensuramos a congruência com estudos anteriores e com os programas e manifestos partidáros destes oito desconhecidos. Nossa hipótese é que estes partidos são pouco classificados porque possuem posições ideológicas latentes e não salientes. Os resultados apontam no sentido da confirmação da hipótese, ainda que fatores contextuais e sistêmicos tenham peso na dificuldade da comunidade científica em classificar nossas legendas partidárias.
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