RESUMO Em que pesem as conquistas observadas nas últimas décadas tanto em termos de direitos políticos quanto da crescente participação das mulheres no mercado de trabalho, desigualdades de gênero ainda persistem em vários aspectos da vida social, sendo o econômico talvez um dos mais visíveis deles. Fenômenos como as diferenças salariais entre homens e mulheres que desempenham idênticas funções, a segregação sexual no mercado de trabalho, a inserção feminina em trabalhos mais precários, bem como a sobrecarga nos trabalhos domésticos são alguns dos objetos de investigação da chamada economia feminista. Partindo desta perspectiva crítica e contrapondo-a com a perspectiva-padrão em economia, o presente artigo propõe-se a mapear algumas propostas teóricas e instrumentos metodológicos disponíveis para identificar estas desigualdades de gênero. Além disso, apontamos a necessidade de rever os preceitos e conceitos da economia ortodoxa à luz das críticas da economia feminista e do princípio da igualdade de gênero, considerando as esferas produtiva e reprodutiva e as relações existentes entre elas.
As razões pelas quais um determinado paradigma é escolhido em detrimento de outro não são apenas teóricas, mas também epistemológicas. Esse amálgama teórico-epistemológico, por sua vez, favorece um determinado tipo de propostas de desenvolvimento econômico. A economia neoclássica está estreitamente vinculada ao positivismo – lógico – (enquanto perspectiva epistemológica) e favorece a concepção de que o crescimento econômico virtualmente ilimitado seria condição necessária para o desenvolvimento econômico. A confiança de que o crescimento econômico medido em termos do aumento do PIB (per capita) seja uma boa medida de desenvolvimento reflete e exemplifica o domínio do mainstream em Economia em todos os três níveis: epistemológico/metodológico, teórico e pragmático/político. Quando confrontado com a necessidade de um Desenvolvimento Sustentável, por exemplo, ou com a persistência (ou mesmo o acirramento) do abismo econômico entre Norte e Sul, os limites do paradigma dominante se acentuam. Neste artigo, argumentamos que, a fim de suplantar este estado de coisas, as alternativas ao mainstream devem ser discutidas e articuladas em todos os três níveis supramencionados e que esse objetivo vem sendo perseguido pela proposta do Ecodesenvolvimento/Desenvolvimento Sustentável.
Em seu manual introdutório Filosofia da ciência natural, Hempel apresenta, enquanto ilustração e ponto de partida para uma análise do processo de invenção e teste de teorias científicas, um relato do caso Semmelweis-o médico húngaro que, em meados do século xix, em Viena, descobriu a causa da febre puerperal e um método eficaz de prevenção. O relato, se por um lado não incorre em inverdades factuais, por outro, é bastante sucinto, omitindo uma série de aspectos importantes do caso. A tese deste artigo é a de que, embora tais omissões se justifiquem plenamente em função dos objetivos do relato, elas são também convenientes para Hempel, na medida em que ajudam a transmitir uma imagem da ciência que vai muito além dos processos de invenção e teste de teorias, que reflete a concepção positivista de ciênciae assim, quaisquer que tenham sido a intenções do autor, contribuiu para sua disseminação e fortalecimento. Uma imagem que, pelo menos neste caso, não corresponde à realidade. Para demonstrar a tese, expomos as partes da história de Semmelweis omitidas por Hempel e mostramos como elas não se coadunam com a imagem positivista da ciência. Ao longo desse percurso, distinguimos três tipos de crítica à historiografia positivista: a kuhniana, a pós-moderna e a engajada. Na conclusão, tecemos algumas considerações sobre a pesquisa médica nos dias de hoje.
As práticas predominantes da ciência moderna, desde o seu estabelecimento no século XVII até hoje, incorporam algumas suposições particulares acerca da realidade e sobre como ela pode (e deve) ser investigada pelo homem.3 Podemos esquematizá-las da seguinte forma: [1] Existe um mundo de 'fatos puros' (ou algo semelhante a isso);[2] Existe uma ordem nomológica subjacente a esse mundo;[3] Existe uma (e apenas uma) ciência que expressa [2], representando bastante adequadamente [1].
Tradicionalmente, la historia del pensamiento económico ha relegado a las mujeres y sus aportaciones a un lugar marginal desde el despertar de la economía como disciplina autónoma. El presente trabajo va en contra de esta tendencia al recuperar la notable trayectoria de una de las mujeres pioneras en economía, Jane Marcet (1769-1858), contrastando sus escritos conlas posibilidades de hacer “buena economía”desde diferentes enfoques, incluso desde la literatura. Este rescate tiene lugar a través de las recomendaciones de McCloskey sobre la retórica en economía y la afirmación de la autora de que “la economía es literatura”.
Recebido em 21 de dezembro de 2012. Aceito em 17 de março de 2014. ResumoTrês tipos de críticas são comumente levantadas contra a utilização do postulado da racionalidade na ciência econômica. A primeira delas associa-se ao argumento da circularidade, a segunda diz respeito à blindagem da teoria contra a refutação e a terceira -e mais importante delas -refere-se à inadequação empírica. O presente artigo busca encaminhar esta última, à luz do tratamento dado por Popper ao longo de sua carreira para a questão de qual seria o estatuto epistemológico do princípio da racionalidade nas teorias econômicas. Três possíveis respostas a esta questão são aqui examinadas, explicitando-se suas respectivas estruturas lógicas. A primeira delas propõe que o postulado da racionalidade desempenhe o papel de lei geral do comportamento humano. A segunda requer que ele funcione como um axioma da teoria. Finalmente, a terceira proposta sugere que o postulado da racionalidade seja entendido como regra metodológica. Conclui-se o artigo sugerindo que esta última solução satisfaz ao apelo que o tipo de crítica aqui examinada faz ao conceito de racionalidade. Não obstante, ao situar-se no contexto metateórico, o postulado da racionalidade mantém importância inegável na teoria econômica. Sem ele, não se disporia de instrumentos que conduzissem à seleção de dados empíricos voltados ao teste das teorias. Palavras-ChaveEpistemologia da Economia, Karl Popper, Postulado da Racionalidade AbstractThree types of criticism are currently raised against the acceptance of the rationality principle in economic science. The first relates to the circularity of the reasoning, the second concerns the protection of the theory against refutation, and the third -the most relevant -concerns the empirical inadequacy of the concept. This article aims to discuss the last criticism, considering the work performed by Popper, in different moments of ♦ Os autores agradecem as críticas, comentários e sugestões de João Rogério Sanson, Vinícius Valent, bem como dos pareceristas anônimos da revista Estudos Econômicos. Qualquer imprecisão conceitual que porventura permaneça é, naturalmente, de nossa responsabilidade.
Neste artigo, à luz da filosofia da ação, analisa-se o papel da racionalidade na economia tradicional. Nosso intuito foi problematizar o papel normativo exercido pela racionalidade na filosofia da ação contrapondo-o ao papel positivo por ela exercido na economia (seja em sua versão mainstream, seja em sua versão comportamental). Na conclusão, sob três pontos de vista distintos, nomeadamente o normativo, o positivo e o normativo-positivo, procura-se examinar a questão se os supostos “irracionalismos” do comportamento econômico observados nos testes empíricos da economia comportamental de fato colocam em xeque os padrões de racionalidade estabelecidos pelas chamadas teorias canônicas da racionalidade.
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