Na era de mundialização da comunicação, globalização da economia e planetarização das relações internacionais, os brasileiros, de forma geral, demonstram um interesse cada vez maior em aprender línguas estrangeiras de prestígio, principalmente, o inglês, devido, não só ao fato de que essa língua exerça o papel de comunicação mundial por excelência, mas, também, pela representação que circula comumente no imaginário nacional de que a língua inglesa proporcionaria maiores possibilidades de ascensão social (RAJAGOPALAN, 2009). Nesse cenário, evidencia-se um crescimento significativo, no Brasil, de escolas bilíngues que têm como línguas de instrução o inglês e o português. A demanda por parâmetros legais que regulamentarizem e norteiem essas escolas torna-se cada vez mais premente em face do aumento do número dessas instituições e, consequentemente, da necessidade de formação de professores que atuem nesse contexto. Embora ainda não tenhamos uma lei em âmbito nacional, os estados do Rio de Janeiro e de Santa Catarina lançaram, em 2013 e 2016, respectivamente, documentos oficiais que estabelecem normas para a oferta da Educação Bilíngue em escolas de Educação Básica. Este artigo tem como objetivo apresentar uma análise crítica das premissas teóricas que embasam esses documentos e discutir a formação do professor esperada de acordo com essas resoluções. A análise desses documentos teve como base os conceitos de educação bilíngue (SALGADO et al., 2009; GARCÍA, 2009; FLORES; BEARDSMORE, 2015; WRIGHT; BOUN; GARCÍA, 2015); cultura (KRAMSCH, 1998; 2001; 2013), interculturalidade (MAHER, 2007a; CANDAU, 2008), repertório linguístico (BUSCH, 2012; 2015) e sujeito bilíngue (GARCÍA, 2009; MAHER, 2007b). Os resultados apontam para o fato de que há uma visão monoglóssica de educação bilíngue, presente nesses documentos, centrada apenas no ensino da língua. Desse modo, propõem uma descrição de professores habilitados para a docência nesse contexto pautada apenas em seus conhecimentos linguísticos, desprezando todo conjunto de saberes pedagógicos relacionados aos componentes curriculares e de conhecimentos teórico-metodológicos relacionados à educação bilíngue e ao bilinguismo.
This paper (i) presents the current globalized multicultural context, which supports the interest in the area, and relates its connection with bilingual education; (ii) discusses and problematizes bilingual education in Brazil from the perspective of applied linguistics and (iii) analyzes research and activities carried out in the Brazilian context. Having as a starting point Brazilian bilingual school curricula, texts taken from websites of bilingual schools, and materials related to these schools' language allocation provided by publishers, this study analyses the type of bilingualism aimed at these schools and the type of bilingual education implemented. We also analyzed the research conducted in the area through the abstracts from the communications presented in conferences, articles and thesis in which bilingual education was the theme to identify the conception used. We adopt the theoretical framework followed by applied linguists such as Abello-Contesse (2013), Hornberger (1991Hornberger ( , 2000, García (2009), and Wei (2014), which challenges monolingual conceptions of languages and monoglossic types of bilingual education. The results point to the fact that all the curricula and related materials analyzed from these schools reveal a monoglossic view of language. As for the research produced at universities, the vast majority of these productions have heteroglossic views of language as a theoretical background. Therefore, although heteroglossic views of language have been studied and discussed in the university, these discussions and findings are far from the reality of the schools in Brazil.Keywords: applied linguistics, bilingualism, elite bilingual education, heteroglossia, monoglossia ResumenVivimos un momento histórico en el que la superdiversidad crea una composición y abundancia de importantes variables que afectan dónde, cómo y con quién conviven las personas. En este escenario, el tema de la educación multilingüe en diferentes países se intensifica y la creación de escuelas bilingües de elite también. En el presente artículo (i) presentamos el contexto multicultural de globalización actual, compatible con el interés en la región, y una discusión de su conexión con la educación bilingüe; (ii) discutimos y problematizamos la educación bilingüe en Brasil desde la perspectiva de la lingüística aplicada y (iii) abordamos los enfoques de investigación y las actividades llevadas a cabo en el contexto brasileño, así como algunos investigadores e instituciones involucrados en el tema.
Este artigo se propõe a discutir o conceito de translinguagem, explorando a multiplicidade de entendimentos frente ao termo e buscando tecer ligações entre as principais características da orientação translíngue e as bases de uma educação linguística crítica e decolonial na sociedade contemporânea. Inicialmente, o histórico do referido termo é brevemente apresentado, na medida em que são também tensionados entendimentos acerca da translinguagem e de seus traços constitutivos. A fim de expandir possibilidades de conceituação, toma-se como foco o processo de construção de sentidos, ressaltando-se sua natureza historicamente situada e complexa, além de suas marcas heterodiscursivas, plurissemióticas e multissensoriais. Nesse contexto, as noções de assemblagem e repertórios, entre outras, são discutidas, a partir de uma orientação espacial e temporalmente marcada. Por fim, tomando-se a translinguagem como uma prática de resistência, em um mundo constituído por discursos opressores e diferenças abissais, são apresentados princípios de uma educação translíngue e possíveis desafios para pedagogias de cunho transformador e decolonial.
Este artigo tem como objetivo construir e sugerir o conceito de patrimônio vivencial como uma proposta de congregação da noção de patrimônios de conhecimento (HOGG, 2011; MOLL et al., 1992) ao conceito de perezhivanie/vivência (VYGOTSKY, 1994; VYGOTSKY, 2010), de repertório (BUSCH, 2012; 2015; BLOMMAERT, 2013; BLOMMAERT; BACKUS, 2013; OTSUJI; PENNYCOOK, 2010; RYMES, 2014; GARCÍA; WEI, 2014) e de translinguagem (GARCÍA, 2009; CANAGARAJAH, 2011; ROCHA; MACIEL, 2015). Essa proposição focaliza a necessidade de considerar o contexto de superdiversidade (VERTOVEC, 2007) em que vivemos e as demandas que ele nos impõe neste momento histórico. Consideramos que não seja mais possível pensar em contextos educacionais encastelados na reprodução de saberes fixos, de um determinado grupo social imposto a outro. Em uma proposta de globalização como possibilidade (SANTOS, 2003), consideramos central que os espaços de aprendizagens sejam constituídos para a criação de possibilidades de ser, agir, sentir, viver o mundo. Nessa direção, a educação multilíngue precisa considerar a construção de possibilidades de/para o futuro.
Este estudo teve como objetivo entender os posicionamentos de uma professora de uma escola bilíngue em relação ao seu repertório linguístico. Para tanto, a participante da pesquisa foi convidada a desenhar seu retrato linguístico e, após sua elaboração, narrá-lo a fim de explicitar a alocação das línguas em seu corpo. O exame das narrativas produzidas por Carla revelou que ela se posicionou em relação a seu repertório linguístico a partir de uma visão monoglóssica de língua, na qual suas línguas funcionariam independentemente uma da outra.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2023 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.