ResumoSemiótica crítica: materialidades, acontecimento e micropolíticas têm por objetivo principal discutir a tese de que a linguagem é antes uma questão de política que de linguística. Para tanto, adota alguns procedimentos. Em primeiro lugar, caracteriza três fases do desenvolvimento da semiótica no século XX: a da descoberta, com Saussure e Peirce; a dos modelos e classificações; e a da crítica pós-estruturalista, foco deste estudo. Em segundo lugar, no âmbito desta crítica pós-estrutural, caracteriza alguns vetores que sustentam o projeto de uma semiótica crítica: as materialidades, o acontecimento e as micropolíticas. Com tais relações problematizadas, o artigo procurou demonstrar que, reformulada, a semiótica permanece uma epistemologia em movimento contínuo de autogeração, aberta a críticas que a fizeram diferenciar-se de si para responder às questões postas aos problemas da linguagem e da comunicação no tempo presente. Palavras-chaveSemiótica crítica. Materialidades. Acontecimento. Micropolíticas. Pós-estruturalismo. IntroduçãoO desenvolvimento da semiótica a partir do século XX parece ter ocorrido em três grandes fases: a fase da descoberta, a fase dos modelos e classificações e a fase da crítica
A aventura crítica da semiótica percorre as principais teses sobre a semiótica e a comunicação conforme trabalhadas na primeira etapa da pesquisa Semiótica Crítica, denominada Por uma teoria das materialidades na comunicação. Nela, o Grupo de Pesquisa Semiótica e Culturas da Comunicação procurou discutir as potencialidades e limites de uma perspectiva comunicacional não somente fundamentada nos trabalhos fundadores da semiótica (Saussure, Peirce) e desenvolvida em seus modelos estruturalistas (como em Jakobson, Barthes, Hjelmslev e Lotman), mas também revisitada pelos textos que operaram uma desconstrução do estruturalismo pelo interior dos postulados deste próprio estruturalismo (Derrida, Kristeva, Deleuze, Guattari). O artigo apresenta esta proposta pelos modos como a pesquisa trabalhou com dez desconstruções ligadas a conceitos e problemas teóricos centrais ao debate das materialidades da comunicação: semiótica, comunicação, materialidades, presença, fenômeno, representâmen, meios, signo e significante, estrutura e sistema, sugerindo uma passagem das materialidades à imanência de uma comunicação micropolítica e pós-humana.
O artigo traça um percurso de definição do conceito de micropolítica em uma visada singular da Semiótica Crítica. Busca suplementos nas teorizações de Deleuze e Guattari para pensá-la enquanto força subjacente a alianças que produzem zonas de devir. Em relação às proposições de Rolnik e Guattari, projeta a compreensão da micropolítica enquanto processo de cooperação dissonante entre sujeitos posicionados em subjetividades distintas, processo que faz esses modelos existenciais desterritorializarem-se. Já considerando as características fenomênicas desse processo, recorre ao pensamento de James e de Lapoujade para compreender que a micropolítica é produzida e intensificada a partir do que esses filósofos chamaram de experiência pura.
Este artigo apresenta parte do percurso traçado pela pesquisa Semiótica Crítica: a Comunicação como acontecimento. Como ponto de entrada ao trabalho, apresentaremos aqui a hipótese central e nossos objetivos; a saber, a percepção de que o conceito de acontecimento, a despeito de sua importância, tem dispersão na área da Comunicação, e flutua entre compreensões empiristas, funcionalistas e/ou fenomenológicas. Entrevendo outra vida possível ao conceito, com outra potencialidade à pesquisa comunicacional, passamos a investigar as dimensões pragmaticistas do acontecer, entre a semiótica de Charles Sanders Peirce e a filosofia de Gilles Deleuze. Ao pensar o acontecimento nos seus efeitos, com sua efetuação e contra-efetuação inseparáveis, abre-se espaço a um pensamento da Comunicação que não reifique seus objetos ou a experiência, focando em compreender as traduções aí envolvidas.
Este artigo busca identificar, na obra de Glauber Rocha, elementos ainda em dispersão de um projeto de teoria semiótica do Terceiro Mundo. Para isso, foram selecionados três tipos de signos que podem caracterizar os termos dessa semiótica: os signos do cinema, do transe e da revolução. Sob a influência de Peirce e de Deleuze acerca da semiótica e do cinema, a obra de Glauber pode ser pensada como um projeto cujo propósito principal é o de engendrar novos processos de significação que tenham a capacidade de significar o Terceiro Mundo em sua singularidade. A partir das semioses que engendra, Glauber se aproxima dos conceitos de opsignos e sonsignos propostos por Deleuze à luz de Peirce e que também caracterizam, sob determinados aspectos, a primeiridade: primazia da imagem pura e dos aspectos qualitativos da significação.
Teorias em dispersão dos cineastas brasileiros sobre o audiovisual: arqueologia, semiótica e desconstrução investiga em diferentes registros – verbais e não-verbais – os procedimentos semióticos que indiciam teorias de cineastas sobre o audiovisual. Tais teorias, em devir, encontram-se dispersas entre artigos, entrevistas e filmes realizados por Glauber Rocha, Júlio Bressane e Rogério Sganzerla, cineastas cujas produções constituem o corpus desta pesquisa. As resenhas, dissertações e teses sobre o tema, escritas por outros autores – acadêmicos ou jornalistas – foram utilizadas como materiais de apoio criticamente revisados em função dos vestígios e vetores das teorias em dispersão, a serem sistematizadas teoricamente a partir de três eixos: a arqueologia, a semiótica e a desconstrução. À arqueologia, coube a identificação de traços teóricos em dispersão e de suas regras de visibilidade; à semiótica, a sistematização da lógica das semioses identificadas, e à desconstrução, a transformação regulada do que já foi escrito na forma de uma teoria sobre o audiovisual. A investigação dos materiais resultou (1) em uma metodologia experimental em três gestos analíticos: a atenção flutuante, a dispersão e a serialização, e (2) em séries sígnicas derivadas da obra de cada diretor que indiciam suas teorias sobre o audiovisual (os jogos de designação em Bressane, as cruzes em Glauber e a antropofagia intersemiótica em Sganzerla).
ResumoAo tomar como questão os modos pelos quais o jornalismo representa a vida, este artigo busca discutir como a narrativa pode lidar com a questão da alteridade. Para isso, propomos uma exploração teórica das ideias de fait divers e biografema, aliada a uma análise conceitual do perfil "O andarilho", sobre Fernando Henrique Cardoso. Evidencia-se aí um regime de escrita capaz de tomar o sujeito em suas diversas singularidades, representadas por regimes sígnicos de diferentes níveis de representação. Palavras-chave: jornalismo; perfil jornalístico; fait divers; biografema. ResumenTomando como problema las formas en que el periodismo representa la vida, este artículo analiza cómo la narrativa puede hacer frente a la cuestión de la alteridad. Para ello, se propone una exploración teórica de las ideas de fait divers e biografema, combinado con un análisis conceptual del perfil "O andarilho", acerca de Fernando Henrique Cardoso. Así, podemos ver un sistema de escritura que puede comprender el sujeto en sus diversas singularidades, representada por los regímenes sígnicos de diferentes niveles de representación. Palabras claves: periodismo; perfiles periodísticos; faits divers; biografema. AbstractBased upon the question of in which ways journalism represents life, this article seeks to discuss how the narrative can deal with the issue of otherness. For this, we propose a theoretical exploration of the ideas of fait divers and biographeme, combined with a conceptual analysis of the profile "O andarilho," about Fernando Henrique Cardoso. We can see there a writing system capable of grasping the subject in his singularities, represented by signic regimes of different levels of representation.
RESUMOGlauber e o transe na televisão: o caso Abertura é resultado parcial de uma pesquisa sobre as teorias em dispersão dos cineastas brasileiros sobre o audiovisual, em que se busca identificar elementos de uma teoria por vir que compreenda os modos como os cineastas concebem o audiovisual brasileiro. Este artigo tenta compreender o audiovisual desde uma perspectiva estética que transcenda o meio que o veicula, considerando diferentes estratégias de modelização para atualizar a problemática da indústria do audiovisual no Terceiro Mundo e apresentar as novidades estético-políticas trazidas pela experiência do Abertura, alvo preferencial do cineasta do transe. Palavras-chave:Glauber Rocha, audiovisual, modelização. ABSTRACTGlauber Rocha and trance in television: The case of "Abertura" is a partial result of a research project on the theories in dispersion of Brazilian filmmakers about audiovisual productions which seeks to identify elements of a coming theory that understands the ways in which these filmmakers see Brazilian audiovisual productions. This article tries to understand audiovisual productions from an aesthetic perspective that transcends the medium, considering different strategies of modeling in order to update the issue of the audiovisual industry in the Third World and to present the aesthetic-political novelty brought by the experience of "Abertura".
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