A terceira versão do Diagnostic and Statistic Manual of Mental Disorders (DSM III), publicado pela American Psychiatric Association em 1980, implicou uma mudança de paradigma no conhecimento psiquiátrico vigente, tanto nos Estados Unidos quanto no contexto internacional em geral. Apresentamos um pequeno histórico dessa transformação e procuramos expor e discutir a nova arquitetura do manual e sua lógica classificatória. Construímos nossa argumentação em torno do destino reservado às antigas “neuroses” e aos novos “transtornos sexuais”.
The article analyzes the relations between psychiatric science and social services in Rio de Janeiro from the late 1930s to mid-1950s. The historical development of psychiatric science and social services in France and Germany, each country with its own distinct features, serves as an analytical reference in investigating the Brazilian context, starting with the emergence of psychiatry in Brazil in 1852, when the Hospício Pedro II was founded. In 1938, this asylum was transformed into the University of Brazil's Institute of Psychiatry, bringing the model of German research institutes up to date and reflecting a new correlation of forces between the provision of social services and the production of a Brazilian psychiatric science. At the close of the 1930s, social services and psychiatric science in Rio de Janeiro were taking separate paths: social services still pivoted primarily around asylums while the institutionally, autonomous science of psychiatry focused on the research of mental diseases as manifestations of organic illness.
Mais de uma década após o início do movimento pela Reforma Psiquiátrica no Brasil, novas modalidades de assistência ao dito “louco” como CAPS, NAPS, hospitais-dia, foram implementadas. Nesse sentido, o momento atual parece ser de reflexão e avaliação destas práticas com vistas a apontar quais transformações podem ser assinaladas em decorrência das mesmas. More than a decade after the beginning of the moviment towards Psychiatric Reform in Brazil, new forms of assistance for the so-called “mad”, such as CAPS, NAPS, hospital day-care, have been set up. Thus, the current moviment appears to be one of reflection and the evaluation of these practices with a view to pin-pointing further developmental measures
Tomando como ponto de partida a representação erudita que situa Juliano Moreira como fundador da psiquiatria científica no Brasil, este trabalho analisa as concepções por ele veiculadas sobre doença mental, raça e sexualidade. Suas teorias constituíram uma transposição sui generis do pensamento do psiquiatra alemão Emil Kraepelin, ajudando na construção do ideário em prol do processo civilizatório brasileiro no início do século XX. Fundamentava-se em pressupostos organicistas, ao mesmo tempo em que se contrapunha à idéia corrente na época sobre as condições "naturais" brasileiras desfavoráveis como o clima e a raça. Analisando os trabalhos publicados por Juliano Moreira até 1920, relaciona-se aqui o modo como seu discurso científico discutia o tema da sexualidade, expressa sob a rubrica da "sífilis", da "reprodução" e do "casamento". Com relação a essa temática, Juliano Moreira não se valeu da idéia de uma natureza feminina degenerada, crescentemente difundida em meados do século XIX. Ainda que não desconsiderasse a idéia mais geral da degeneração, pertinente apenas ao nível das unidades orgânicas individuais, descartaria a correlação entre degeneração e natureza feminina, para se ater aos fundamentos médicos hegemônicos na primeira metade do século XIX, que articulavam as marcas diferenciais da mulher à sua fisiologia sexual, paradigmaticamente representada pela imagem do útero.
Discute os sentidos do modelo institucional das colônias na assistência psiquiátrica no Brasil, considerando suas diferentes configurações no contexto das políticas públicas de saúde na primeira metade do século XX. Toma como fio condutor a Colônia Juliano Moreira, fundada em 1924 no Rio de Janeiro. Demonstra o significado atribuído à concepção de colônia agrícola e sua importância na formatação da Colônia Juliano Moreira, para compreender como o ideário da colônia agrícola foi traduzido na concepção de hospital-colônia a partir dos anos 1940, quando essa instituição sofreu processo de acentuada expansão de sua estrutura física e de seus recursos terapêuticos.
RESUMENEste trabajo analiza las relaciones entre la asistencia psiquiátrica y la historia política brasileña durante diferentes momentos: la segunda mitad del siglo XIX, cuando la creación del primer manicomio sirvió como afirmación del poder imperial; el inicio del siglo XX, cuando la configuración de la psiquiatría ayudaba a la joven República a recorrer el camino hacia una nación civilizada; los años 40, en los que un Estado centralizador dio un fuerte impulso a la asistencia psiquiátrica; y desde finales de los años 70, cuando los avances en la psiquiatría brasileña vinieron de la mano de la redemocratización política.PALABRAS CLAVE: Asistencia psiquiátrica. Psiquiatría. Historia. Brasil.
PSYCHIATRIC CARE IN BRAZILIAN POLITICAL HISTORY
ABSTRACTThis study analyzes the relationship between psychiatric care and Brazilian political history at different points in time: in the second half of the nineteenth century, when the creation of the first asylum served as an affirmation of Imperial power; at the beginning of the twentieth century, when the introduction of psychiatry was part of the new Brazilian Republic's pledge to become a «civilized» nation; in the 1940s, when a centralized Brazilian State boosted the expansion of psychiatric care; and as of the 1970s, in which case the Brazilian psychiatric reform has run parallel to political redemocratization.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.