Este artigo analisa um recorte da complexidade enunciativa da narrativa Memórias da Emília (1939 [1969]). Essa análise tem como objetivo descrever em que planos dessa complexidade deslocamentos do locutor-narrador são representados no material analisado. Para tanto, como referencial teórico-metodológico, foram utilizados os estudos sobre a heterogeneidade mostrada, de Authier-Revuz (1998, 2004), e os estudos sobre o paradigma indiciário, de Ginzburg (1991). Os resultados expuseram uma complexidade enunciativa constitutiva da organização do dizer, sob a forma de uma complexa justaposição de enunciações em que o locutor, atribuído à figura de narrador, simula relações dialógicas construídas como enunciadas por diferentes interlocutores nessas relações. Essa complexidade indicia planos de enunciação que marcam uma heterogeneidade de formas de inscrição do outro no (fio do) discurso, que não se enunciam numa transparência do dizer, dada a dialogia que constitui esses planos. Essas diferentes formas sugerem, pois, que se narra por uma justaposição de planos enunciativos.
RESUMO Esta pesquisa filia-se aos postulados do Círculo de Bakhtin no que se refere ao dialogismo da linguagem, em especial, à responsividade ativa atribuída a todo discurso que se faz em resposta a outros. Situada no âmbito da Análise Dialógica do Discurso, propomos uma interface com alguns elementos da Gramática Discursivo-Funcional para a análise linguística dos enunciados. Nosso objetivo é avaliar como a atitude responsiva se instaura no discurso do Governo do Estado de São Paulo em relação a declarações do governo federal, de modo a construir uma política institucional em tempos de pandemia da covid-19. Por meio da análise de dois vídeos, constatamos que a atitude responsiva que o Governo de São Paulo procura demonstrar não configura, necessariamente, atitudes de responsabilidades perante os menos favorecidos, entretanto, alcança seu objetivo, que é contrapor o discurso do governo federal para orientar as atitudes da população no cenário pandêmico.
Em 11 de agosto de 2021, o Curso de Licenciatura em Letras da UFAC comemorou 50 anos. Neste momento em que ainda vivenciamos a pandemia do novo coronavírus e necessitamos de muitos cuidados a fim de evitar a contaminação, todas as comemorações referentes ao cinquentenário aconteceram de modo virtual. Felizmente isso não tirou o brilho das festividades e esta entrevista faz parte dessas comemorações, como uma homenagem e um reconhecimento a um dos muitos educadores formados pelo curso de Letras da UFAC (muitos deles atuando em diferentes cidades do nosso país): o professor e pesquisador Rildo José Cosson Mota, conhecido academicamente como Rildo Cosson. Ex-aluno e ex-professor do curso de Letras da UFAC, Rildo Cosson nasceu no seringal Palmari, em Xapuri, no Acre, local em que ensaiou suas primeiras letras, presentes até hoje em sua trajetória de professor-pesquisador. Dessa forma, para nós, é uma alegria poder contar com sua fala para compor a edição comemorativa dos 50 anos das Letras da UFAC e, sobretudo, compartilhar um pouco de seu saber e, em especial, de sua trajetória nessa instituição de ensino superior.1 Entrevista concedida pelo professor Rildo Cosson, professor visitante da Universidade Federal da Paraíba, às professoras
No presente trabalho, investigamos com quais papéis enunciativos a relação eu/outro se mostrou representada na complexidade enunciativa de um exemplar de escrita produzida para crianças: Memórias da Emília (1939/1969), de Monteiro Lobato. Os resultados mostraram jogos enunciativos organizados por um (L), o narrador, que simula relações dialógicas construídas como enunciadas por interlocutores que desempenham, simultaneamente, múltiplos e entrecruzados papéis nessas relações, a saber: os de falante, de ouvinte, de escrevente e de leitor. Esses entrecruzamentos, ao indiciarem uma não dicotomização dos interlocutores em papéis estanques, acabaram por mostrar uma constituição heterogênea da própria escrita, já que tal multiplicidade de papéis evocou diferentes trânsitos e formas de relação entre o falado e o escrito na própria escrita.
Introdução: A doença alérgica, rinoconjuntivite/asma brônquica alérgicas, são muito prevalentes em todo o mundo, e a terapêutica potencialmente modificadora é a imunoterapia com aerolergénios. Em dezembro de 2019 foi identificado um novo coronavírus na China (SARS-CoV-2), causando uma pandemia com efeitos devastadores. Por este motivo foi decretado o estado de emergência (EE) em Portugal pela primeira vez nesta pandemia, entre 18 de março e 2 maio de 2020 e toda a atividade não urgente foi suspensa no nosso hospital, incluindo a administração da imunoterapia subcutânea com aeroalergénios (ITSCA). Objetivo: Caracterizar os ajustes de dose de acordo com o atraso na administração da ITSCA, verificar a segurança da dose administrada no retomar da ITSCA e avaliar o agravamento de sintomas da doença alérgica nos doentes sob programa de ITSCA que a interromperam durante o EE. Material e métodos: Procedeu-se à análise dos processos clínicos de ITSCA dos 195 doentes que interromperam a dose de manutenção durante o EE. De acordo com a clínica e intervalo de atraso, foi reduzida a dose ou realizado novo esquema de iniciação, segundo o protocolo da Unidade Funcional de Imunoterapia com Alergénios adaptado de guidelines internacionais para esta fase. Resultados: 7,7% tiveram agravamento dos sintomas alérgicos durante o período de suspensão e 6,2% recorreram a terapêutica de resgate. 96,4% diminuíram a dose na retoma da ITSCA, com diminuição maioritariamente superior à prevista à luz do nosso protocolo. Registaram-se reações locais imediatas em 9,2%, não se tendo registado reações anafiláticas. Após a retoma, 9,7% agravaram os sintomas e 5,1% recorreram a terapêutica de resgate. Conclusões: A pandemia trouxe muita dificuldade no acompanhamento das patologias crónicas dos doentes, inclusivamente da doença alérgica. A maioria dos doentes não reportou agravamento dos sintomas e poucos tiveram reações adversas na retoma da ITSCA, demonstrando a segurança do protocolo de ajuste de dose.
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