RESUMO As práticas discursivas na contemporaneidade constituem-se de relações dialógicas cada vez mais inter/multi/transculturais e multissemióticas devido aos processos de globalização e, sobretudo, pelos avanços das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC). Desse modo, emergem outros (multi)letramentos. No entanto, há ainda diversas lacunas que inviabilizam espaços de (multi)letramentos na educação formal do Brasil, entre elas a formação de professores. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa é avaliar em que medida o Projeto Político Curricular (PPC) do curso de Letras Inglês da Universidade Federal do Acre (UFAC), campus Floresta, possibilita (ou não) aos discentes o desenvolvimento da curadoria de sentidos em (multi)letramentos digitais, de maneira crítica, ética e estética para a prática docente. Para isso, sob a ótica da Linguística Aplicada in/transdisciplinar (MOITA LOPES, 2006; ROJO, 2006), avaliamos sete excertos do PPC em foco, relacionados às TDIC. Por meio das análises, de cunho qualitativo, constatamos que a curadoria de sentidos em (multi)letramentos digitais está presente na política de formação de professores do referido curso de Letras, entretanto; as ementas das disciplinas relacionadas aos gêneros discursivos do campo acadêmico e do campo artístico-literário são incipientes às demandas das práticas discursivas emergentes.
Em um mundo marcado por grandes transformações, principalmente no modo como o conhecimento e a informação passaram a ser vistos por meio das tecnologias, torna-se necessário repensar o papel da escola e como as questões relacionadas ao ensino-aprendizagem precisam (re)ssignificar esses novos espaços-tempos. O ensino que ainda se faz presente, na maior parte das escolas brasileiras, é organizado de modo fragmentado, privilegiando o ensino de línguas como algo estável, memorizável e com definições padronizadas. Esse novo tempo, de contextos (super)diversos, exige novos paradigmas, novas formas de compreender e fazer educação. Indagamos, desse modo, como pensar em questões de ensino-aprendizagem que considerem contextos (super)diversos? Quais são os desafios impostos aos educadores nas salas de aula brasileiras? Coadunamos com o pensamento do filósofo Diógenes, segundo o qual devemos considerar o fato de sermos “cidadãos/criaturas do mundo”, e com Appiah (2006), quando sugere que o grande desafio é “pegar mentes e corações” e equipá-los com ideias que permitirão a esses cidadãos do mundo conviver com os outros na “tribo global” na/pela qual nos transformamos. É diante dessa “tribo global” que (re)agimos, significamos e transformamos a realidade à nossa volta. Essa realidade solicita uma proposta de ensino pautada na reflexão, na ação, a fim de que o educando consiga atuar nos mais diferentes contextos em que estiver inserido. Nessa perspectiva, o ensino-aprendizagem de línguas pode propiciar ao educando o desenvolvimento de saberes múltiplos, que lhe possibilitem posicionar-se criticamente acerca das demandas que a sociedade contemporânea impõe, além de ser capaz de fazer escolhas significativas e condizentes com suas prioridades e necessidades. Assim, compreender a realidade vigente é fundamental para se pensar em questões de ensino-aprendizagem de línguas que coloquem o educando como protagonista da história, capaz de estabelecer os caminhos necessários ao exercício pleno e eficaz da cidadania, nas mais diferentes práticas discursivas que o contexto (super)diverso exige.
RESUMO Esta pesquisa filia-se aos postulados do Círculo de Bakhtin no que se refere ao dialogismo da linguagem, em especial, à responsividade ativa atribuída a todo discurso que se faz em resposta a outros. Situada no âmbito da Análise Dialógica do Discurso, propomos uma interface com alguns elementos da Gramática Discursivo-Funcional para a análise linguística dos enunciados. Nosso objetivo é avaliar como a atitude responsiva se instaura no discurso do Governo do Estado de São Paulo em relação a declarações do governo federal, de modo a construir uma política institucional em tempos de pandemia da covid-19. Por meio da análise de dois vídeos, constatamos que a atitude responsiva que o Governo de São Paulo procura demonstrar não configura, necessariamente, atitudes de responsabilidades perante os menos favorecidos, entretanto, alcança seu objetivo, que é contrapor o discurso do governo federal para orientar as atitudes da população no cenário pandêmico.
Que tal uma beleza pura no fim da borrasca? Já depois de criar casca e perder a ternura Depois de muita bola fora da meta De novo com a coluna ereta, que tal? Juntar os cacos, ir à luta Manter o rumo e a cadência Desconjurar a ignorância, que tal? Desmantelar a força bruta Então, que tal puxar um samba? Puxar um samba legal Puxar um samba porreta
Tem quinhentos anos que os índios estão resistindo[...]" 1 : dos espectros de passados rememorados surgem possibilidades de existir "Eu moro na cidade Esta cidade também é nossa aldeia, Não apagamos nossa cultura ancestral, Vem homem branco, vamos dançar nosso ritual.
As palavras 'pe(r)didas' por Caetanosalamaleikum , axé, shalome peki, (palavra da língua indígena Hatxã Kuī pe(r)dida por nós), não são traduzíveis para referentes comuns nas nudezes dos (super)diversos corpos, mas nos vibram: tranquilidade, força, proteção, saúde, sabor saboroso, gratidão, bem-estar... São com essas vibrações que a Revista Geadel abre o volume 02, número 03 (2021) e faz um convite a todes/todas/todos para fluírem, na dança-escrita-leitura que vibra/canta em tempos-espaços hirper-remotos, hipersufocantes, hiperfrenéticos e hiperviolentos, de modo a pedirem/imaginarem o que é "bom" nos próximos (des)encontros para 'fechamento' do 2021 e 'abertura' para o 2022.Essa fluidez imaginada pelo voo da bruxa na garupa de sua vassoura ou das possibilidades do Xamã para encontrar outros mundos, como nos exemplifica Rojo (2016), ao citar Calvino, está na sutileza do sentir em estarmos "alerta[s] sem pensar" (LISPECTOR, 1998, s/p) no emaranhado de tantas inquietações da vida na linguagem e da linguagem na vida. Por isso, estamos longe de acharmos respostas certas para tantos problemas que estamos vivendo e compartilhando, especialmente, durante a Pandemia da Covid-19 e nesse cenário de ignorância e ódio à vida orientado pela atual gestão do governo federal.No entanto, nossas músicas, despidas de razão, dão vazão para nossas vozes (FABÍOLA KARNAS, 2021) que enunciam a nudez de sentir múltiplas alternativas para alegrar as vidas que nos cercam. Como os textos publicados neste volume, os quais nos convidam a ler, imaginar, sentir e conversar (sobre) questões inerentes à Linguística Aplicada e às análises de discursos -A vida na linguagem, a linguagem na vida.Talvez, nessa polifonia (BEZERRA, 2005) 1 de (trans)relações responsivas (BAKHTIN, [1976] 2016) em
Nas fraturas, nos (re)modelamos: lutas, inquietações e (re)existências E aquilo que nesse momento se revelará aos povos Surpreenderá a todos não por ser exótico Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto Quando terá sido o óbvio Caetano Veloso (1997) Diante das inquietações, o que nos resta é sentir. Agir no agora, (re)imaginando o passado e desestabilizando o presente. Para os povos Pano 1 , não é possível mensurar o futuro pela mera sensibilidade do existir, que se configura na importância do tempo mítico, constituído na sensibilidade da não fixação identitáriaum pretérito do possível, porém não cristalizado por não passar nem formalizar (VIVEIROS DE CASTRO, 2018). Bem, futuro e presente são algo só, pois carecem de estabilidade existencial (SOUZA, 2017), diferentemente do passado, ou das variadas formas de passado, que são entendidas como concretamente possíveis. Mas, assim como os tempos presente e futuro nas línguas Pano, a ciência moderna não pode ser compreendida como uma (re)imaginação do que parece passar, por se tratar de uma produção discursiva? Em outros meandros, usamos as artes para se chegar ao futuro e realizar nuances do presente. Pelas artes, conseguimos projetar e criar espaços de ação que são baseados no aqui/agora do sujeito. E, por isso, entendendo que a prática científica é uma invenção, discursivamente possível, que temos possibilidades de questionar o presente como algo natural, cuja essência não pode ser repensada. Desse modo, no bojo da produção discursiva, afirmamos que o presente (ou o que pensamos ser o presente), não está fácil. Estamos em total falta de sintonia entre o eu e o outro, levando-nos a uma ironia existencial: não somos dependentes dos outros para nos tornarmos humanamente passíveis de nossas 1 Algumas línguas indígenas, localizadas em diversos territórios na região Norte do Brasil, são classificadas como pertencentes à Família Pano (SOUZA, 2020).
Ao nos questionarmos sobre o lugar destinado à Linguística Aplicada (LA) nos Cursos de Licenciatura em Letras, no contexto da Amazônia acreana, observamos a multiplicidade de concepções teóricas nos ementários desses cursos ofertados pela Universidade Federal do Acre, as quais nos possibilitam dialogar com Celani (1992), Moita Lopes (2006; 2015), Paiva, Silva e Gomes (2015) sobre as diversas possibilidades de se fazer Linguística Aplicada no cenário brasileiro. Para as análises às quais nos propusemos realizar, foram selecionadas quatro ementas dos cursos de Letras da referida instituição, com o objetivo de verificarmos quais perspectivas teóricas de Linguística Aplicada fizeram-se presentes nessas ementas, visando problematizar o papel da LA na formação de professoras e professores de línguas(gens). Em nossos estudos constatamos que as ementas apresentam enunciados que dialogam com as diversas concepções da Linguística Aplicada abordadas, principalmente, por Moita Lopes (2015) e que, enquanto alguns cursos de Letras valorizam a LA, outros, infelizmente, procuram silenciá-la.
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