Neste estudo, analisamos uma atividade desenvolvida com licenciandos em física de uma instituição federal do estado de São Paulo. O principal objetivo da atividade foi investigar o discurso produzido por estes licenciandos ao se engajarem em um debate sobre as possíveis causas do aquecimento global após assistirem dois documentários de ciências. O primeiro intitulado “Uma Verdade Inconveniente” e o segundo “A grande farsa do aquecimento global”. Ambos utilizam uma textualização persuasiva, como depoimentos de cientistas, gráficos, simulações, imagens, etc. para argumentar em favor de 1) causas antropogênicas e 2) causas naturais do aquecimento global, respectivamente. As seguintes questões orientaram nossa análise: as estratégias retóricas utilizadas nesses documentários contribuíram para o posicionamento desses licenciandos em relação às causas do aquecimento global? Se sim, de que maneira? Até que ponto atividades dessa natureza podem contribuir para o desenvolvimento da alfabetização em mídia científica na educação básica? Utilizamos como apoio teórico-metodológico a Análise do Discurso francesa, principalmente por meio de trabalhos publicados no Brasil por Eni Orlandi, além de trabalhos acadêmicos das áreas de divulgação científica e documentários. A análise sugere que o estilo dos documentários, juntamente com aspectos históricos e contextuais, influenciaram o posicionamento final dos licenciandos em relação às causas do aquecimento global.
Resumo: Neste trabalho desenvolvemos um conjunto de atividades com quatro licenciandos de um curso de física utilizando o documentário A caverna dos sonhos esquecidos, do diretor alemão Werner Herzog, produzido em 2010. Nessas atividades, discutimos por que o uso da datação por carbono 14 nas pinturas rupestres retratadas no documentário causou impacto na área arqueológica. Além disso, problematizamos alguns elementos da leitura de imagens e a narrativa desse documentário. A coleta de informações se deu por meio de gravações em vídeo e da produção escrita dos licenciandos. A análise foi realizada a partir de princípios e noções da Análise do Discurso, principalmente através de textos de Eni Orlandi publicados no Brasil. Durante a realização das atividades destacamos a intenção dos licenciandos de realizar leitura crítica de imagens em movimento e da narrativa contida no documentário utilizado.Palavras-chave: documentário; formação de professores; datação por carbono; análise de discurso; caverna de Chauvet. Abstract:In this study, we engaged four undergraduate students of a physics course in a set of activities using the documentary Cave of forgotten dreams, produced and directed in 2010 by Werner Herzog. In these activities, we discussed how the carbon-14 dating of the cave paintings depicted in the documentary has influenced the field of archaeology. In addition, we problematized some aspects of the students' interpretation of the images and narrative of the documentary. The information analyzed was collected through video recordings and the written production of the undergraduates. The analysis was based on the concepts and principles of Discourse Analysis as appear in texts of Eni Orlandi published in Brazil. We noted that, in the students' view, the use of documentaries in the classroom is associated with the idea of visualization, reinforcement, and illustration. During the activities, however, we observed their intention to interpret critically the images and narrative in the documentary.
Atualmente o conceito de potencial vetor é geralmente tratado nos livros-texto e ensinado nos cursos universitários de eletromagnetismo como um artifício matemático para o cálculo dos campos elétrico e magnético. Porém, a investigação histórica da origem e desenvolvimento deste conceito, principalmente nos trabalhos de Michael Faraday e James Clerk Maxwell, nos deu indícios de que estes cientistas atribuíam significados físicos e análogos mecânicos a grandezas que atualmente recebem a denominação de potencial vetor. No contexto no qual estes cientistas trabalhavam, segunda metade de século XIX, a comunidade científica considerava que os fenômenos eletromagnéticos ocorriam em um éter com propriedades mecânicas e que as grandezas eletromagnéticas deveriam ter análogos mecânicos. No final deste mesmo século, alguns físicos, entre eles, Oliver Heaviside e Heinrich Hertz, reformularam a teoria de Maxwell, abandonando a interpretação física dada por Maxwell ao potencial vetor. Neste trabalho, discutimos sinteticamente como se deu esse processo de mudança. Para isso, realizamos um estudo histórico pautado em fontes primárias e secundárias sobre o assunto e, por último, investigamos a abordagem usada em alguns livros-texto de eletromagnetismo no ensino deste conceito. Apresentamos ainda, indícios de que o abandono da interpretação física ao conceito de potencial vetor esteve associado a posturas filosóficas e metodológicas, bem como ao interesse em solucionar problemas práticos, na recente indústria de cabos telegráficos na Grã-Bretanha do século XIX.
Tem se tornado tática comum no cenário atual, principalmente após a ascensão da Internet e Redes Sociais, a encenação e fabricação de fatos alternativos, por meio da simulação das credenciais de um discurso genuinamente científico. Transmitindo confiança e utilizando-se de elementos da própria natureza da ciência, esses formadores de opinião e falsos experts elaboram uma narrativa persuasiva com vários objetivos. Entre eles, fomentar o ceticismo cego ao questionarem recomendações de instituições científicas e especialistas, e reivindicarem mais evidências e provas irrefutáveis para teorias científicas já consolidadas dentro da comunidade científica. Baseados em trabalhos que discutem a relevância da dependência e confiança epistêmica, reiteramos a importância de levarmos para as aulas de ciências a discussão de aspectos institucionais e sociais da Ciência. Para isso, descrevemos situações-problema que envolvem um posicionamento pessoal e coletivo, nas quais podem ser trabalhados os conceitos de expertise, credenciais, credibilidade, conflito de interesse e consenso científico, com o objetivo de analisar a confiabilidade e credibilidade de (des)informações científicas circuladas pelas mídias. Dado o atual cenário de pós-verdade, nossa reflexão principal é: em casos que apresentam uma estrutura epistemológica complexa de análise, como é o das afirmações de natureza científica presentes na mídia, somos todos dependentes epistemologicamente uns dos outros. Nesse contexto, consideramos que a prerrogativa fundamental é a análise não das evidências científicas em si, mas de evidências e critérios relacionados sobre quem consideramos ser um especialista para falar sobre ciência.
A partir de atividades realizadas utilizando documentários com licenciandos de uma disciplina intitulada Práticas do Ensino de Física, verificamos o potencial destes recursos para o desenvolvimento de práticas em disciplinas científicas do ensino médio. Ao mesmo tempo, verificamos que pesquisas na área de ensino de ciências identificaram que o uso destes recursos em sala de aula, por parte de professores da educação básica, se dá, em grande parte, para motivar, ilustrar e reforçar conteúdos científicos. Neste trabalho, sugerimos outras formas de utilizarmos documentários de divulgação cientifica em sala de aula, tendo como apoio teórico os modelos do déficit, contextual e de participação pública de divulgação da ciência. Selecionamos cinco documentários produzidos pela BBC, PBS e History Chanel e sugerimos atividades e questões endereçadas às disciplinas científicas do ensino médio. Entre elas, destacamos o potencial destes recursos para a discussão de questões envolvendo a natureza da ciência e debates sociocientíficos. Além disso, discutimos a relevância de se trabalhar as representações de ciência contida em recursos audiovisuais, principalmente, numa sociedade como a nossa, onde a principal fonte de informação sobre ciência, ao longo da vida destes jovens, será as diversas manifestações da mídia.
Os livros didáticos constituem os principais materiais que auxiliam os processos de ensino e aprendizagem da educação básica, em especial pela sua distribuição gratuita às escolas públicas. No entanto, presenciamos o surgimento de recursos didáticos apoiados em tecnologias, como os audiovisuais, os quais ainda são utilizados de maneira descontextualizada e não sistemática na maioria das vezes. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi identificar e analisar os modos de uso atribuídos aos recursos audiovisuais por coleções didáticas de Física, com a seguinte questão de pesquisa: quais são as representações de uso dos recursos audiovisuais nos livros didáticos de Física? Como referência para análise, utilizamos os trabalhos de Moran et al. (2000) e Freitas et al. (2018) e, com o apoio da Análise de Conteúdo, analisamos 6 coleções didáticas de Física aprovadas no PNLD 2018. Identificamos 453 ocorrências de uso de audiovisuais no conjunto das 6 coleções, com predominância nos Manuais do Professor. Os modos de uso mais frequentes foram “conteúdo de ensino” e “ilustração”, confirmando a característica instrumental da abordagem pedagógica do audiovisual, também observada nas pesquisas da área de Educação em Ciências. Todavia, atividades e situações pontuais identificadas em algumas coleções podem servir de exemplo para uma utilização dos audiovisuais de maneira “crítica” e como “elemento essencial” para o desenvolvimento do currículo de Física.
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