RESUMO:O texto começa discutindo a velha questão da qualidade das estatísticas educacionais e alguns aspectos metodológicos relacionados com a utilização destas na pesquisa em educação. Analisa a seguir o analfabetismo, focalizando: a) a sua emergência como problema político no final do período imperial; b) a evolução do conceito; c) a tendência secular, em números porcentuais e absolutos, desde o primeiro censo em 1872 até o Censo 2000. Por últi-mo, com base no Censo 2000, classifica a população em diferentes níveis de letramento.Palavras-chave: Analfabetismo. Níveis de letramento. Censos demográficos. Brasil. ILLITERACY AND LEVELS OF LITERACY IN BRAZIL: WHAT DO CENSUSES TELL?ABSTRACT: This text begins discussing the old issue of the educational statistics quality and some methodological aspects related to their use in educational research. It then analyses illiteracy focusing on: a) its emergency as a political problem at the end of the Brazilian Empire; b) the evolution of this concept; c) the long term trend, both in relative and absolute numbers, from the first 1872 Census to the last one, in 2000. Finally, based on the 2000 Census, it classifies the population according to their different levels of literacy.
RESUMO Este artigo é um estudo crítico da perspectiva da exclusão, que ganhou destaque especialmente nos anos de 1980 a 1990 e foi aplicada, tanto na França como no Brasil, em diagnósticos de escolarização, por noções como as de exclusão da escola, exclusão na escola e excluídos do interior. As análises desenvolvidas revelam que, em que pesem as limitações inerentes à noção de exclusão, de poder mais descritivo que explicativo, esta continua prestando-se para dimensionar os desafios ainda postos à universalização da escolarização básica. Com efeito, ressalvados os avanços obtidos desde 1980, o Brasil contava ainda, em 2010, com 3,2 milhões de crianças e adolescentes de 4 a 17 anos fora da escola (excluídos da escola) e outros sete milhões com dois ou mais anos de defasagem nos estudos (de excluídos na escola).
Inicia-se tratando do direito à Educação no quadro dos direitos fundamentais da pessoa humana e do conceito de dívida educacional que decorre da não-realização do direito público subjetivo de cada cidadão e cidadã à Educação Fundamental completa, conforme estabelecido na Constituição de 1988. Utilizando como parâmetro a informação censitária sobre o número de anos de estudo concluídos com aprovação levantados no Censo 2000, estima-se que, nesse ano, o Estado brasileiro devia, aos 119,6 milhões de pessoas de 15 anos ou mais, a astronômica cifra de 325,5 milhões de anos de estudo não realizados na idade própria - uma média de quase três anos por pessoa. São projetados também os investimentos necessários em termos de professores e salas de aula/turno-ano para o resgate da dívida. Mostra-se ainda que a dívida estimada com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2005 (316,4 milhões de anos de estudo devidos) representa uma diminuição muito pequena em relação ao Censo 2000. Por fim, aborda-se a questão dos atores ou agentes da efetividade do direito à Educação e dos instrumentos de exigibilidade que a legislação põe à disposição desses mesmos agentes. Conclui-se afirmando que está posto aí, para a sociedade em geral e para educadores e educadoras em particular, o grande desafio de despertar nas pessoas humildes a consciência de que elas efetivamente têm direito à Educação e de que dispõem de meios para cobrar do Estado esse direito.
Este artigo apresenta os resultados de um experimento de articulação das dimensões gênero, raça e classe social no estudo da dinâmica da escolarização no Brasil, com base nos microdados do Censo Demográfico 2000. O nível de escolarização é medido por meio da média de anos de estudo realizados com aprovação pela população de 10 anos ou mais. O estudo evidencia que essas três dimensões produzem efeitos que não podem ser simplesmente adicionados, porque obedecem a lógicas distintas. À medida que se passa das gerações mais velhas para as mais novas, as mulheres passam da condição de inferioridade à de superioridade em termos de média de anos de estudo, ao passo que a população negra mantém-se em posição de inferioridade, em relação à população branca, em todas as idades, embora com alguma redução no nível de desigualdade. Por sua vez, as desigualdades educacionais relacionadas com as diferentes posições na ocupação, tomadas aqui como indicadores de classe, aparecem como as mais acentuadas, e isso tanto na população masculina como na feminina, tanto na população branca como na negra. O texto reforça, assim, a importância e a viabilidade de se articular, no estudo da escolarização, as dimensões gênero, raça e classe social, como recomendado pela literatura sobre a questão.
Resumo: Este trabalho trata da relação entre métodos quantitativos e qualitativos nas ciên-cias sociais em geral e na área da educação em particular. Começa focalizando a orientação positivista da Sociologia, assim como de outras ciências sociais em sua origem, mas rejeitando a identificação sumária entre métodos quantitativos e positivismo. Aborda, então, a querela metodológica, com destaque para três teses a respeito da relação entre métodos quantitativos e qualitativos: a da oposição ou incompatibilidade; a da complementaridade; e a da unidade. Esta última, como unidade na perspectiva da dialética marxista. Por fim, sugere que, em vez de nos inquirirmos sobre qual a competência metodológica de maior valor em absoluto, deveríamos perguntar-nos se e como diferentes competências metodológicas poderão articular-se no estudo de um determinado objeto ou problema social ou educacional.Palavras-chave: quantidade; qualidade; metodologia de pesquisa; educação; dialética marxista.Quantity and quality in research on education from the perspective of Marxist dialecticsAbstract: This paper deals with the relationship between quantitative and qualitative methods in the social sciences in general and in the area of education in particular. It starts by focusing on the positivistic orientation that sociology and other social sciences had in their origin, but rejects a simple identification of quantitative methods and positivism. It then discusses the methodological dispute, highlighting three theses on the relationship between quantitative and qualitative methods: the thesis of opposition or incompatibility, the thesis of complementariness and the thesis of unity. The latter is seen as a unity in the perspective of Marxist dialectics. The paper finally suggests that instead of wondering what is the methodological competence that has the highest absolute value, we should ask whether and in which way different methodological competences can be brought together in the study of a particular object or social or educational problem.
RESUMO:O artigo analisa como se distribuem pelo território nacional os 8,1 milhões de crianças e adolescentes brasileiros de 4 a 17 anos, que em 1996 não freqüentavam escola. Questiona-se em particular a tese segundo a qual a universalização do acesso à escola estaria assegurada no Brasil desde os anos 80, a qual reduz o não-acesso a algo como 5%. As taxas de não-freqüência à escola em 1996, para as pessoas de 4 até 17 anos, são sempre superiores a 5%, ultrapassando o nível de 20% nos grupos extremos, isto é, dos 4 aos 6 anos e dos 15 aos 17 anos. O não-acesso à escola, portanto, ainda é um problema real no Brasil. Elevadas taxas de pessoas que nunca ingressaram na escola não se limitam ao Nordeste, estendendo-se também a estados como Amazonas e Pará, na Região Norte. As taxas de exclusão da escola são sempre mais elevadas para o sexo masculino do que para o feminino. Sob o aspecto conceptual, a noção de não-acesso deve compreender não apenas os que nunca freqüentaram escola, mas também aqueles que, tendo freqüentado e ainda em idade escolar, se encontram fora da escola. Palavras
IntroduçãoComo o próprio nome o diz, a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) mantém vínculos com dois campos de interesse bem distintos, embora estreitamente relacionados entre si: a pós-graduação em educação e a produção e disseminação do conhecimento nessa mesma área. O tema que me foi proposto -"A ANPEd, a pós-graduação, a pesquisa e a veiculação da produção intelectual na área da educação", acrescido da especificação "resgate de cunho empírico, evolução, produção etc." -abarca, especifica e, ao mesmo tempo, alarga o conteúdo já sugerido pelo nome da associação.Excederia em muito a dimensão de um artigo e avançaria nos temas de outros e outras colegas a pretensão de dar conta dessas duas áreas de interesse da ANPEd em seus vinte e sete anos de existência e dos múltiplos aspectos compreendidos no tema proposto. Fica, assim, excluída qualquer pretensão de escrever a história dessa dupla relação da ANPEd: com a pós-graduação e com a produção e disseminação do conhecimento. Obrigo-me, por isso, a optar por alguns aspectos capazes de projetar luz sobre o tema proposto.Há ainda um ponto que precisa ser explicitado desde o início. Não tenho dúvida de que essa tarefa me foi proposta não enquanto estudioso da ANPEd, mas como ator. Não como ator individual, solitário, mas na condição de membro de um coletivo muito especial, constituído por convicções e laços afetivos muito fortes entre todos os que repartimos a responsabilidade das gestões 1989-1991 e 1991-1993 da ANPEd. Na realidade, esse coletivo -como espero ficará claro na argumentação que segue -estendeuse sempre para muito além da diretoria da associação. Escrevo na primeira pessoa porque o esforço de reavivar a memória é também um ato de seleção e de interpretação, e não quereria responsabilizar esse coletivo por omissões ou distorções em que possa estar incorrendo neste meu rememorar. Agradeço desde já pelas contribuições e críticas que me puderem ser oferecidas.O ângulo de onde ou a perspectiva pela qual examino a questão proposta é o período em que estive diretamente envolvido, como membro de uma equipe, na administração da ANPEd, em dois biênios sucessivos, nos anos 1989-1991 e 1991-1993. Se, no momento em que escrevo este texto, dividisse a trajetória
RESUMO: O artigo analisa o andar da alfabetização no Brasil nas décadas de 1990 e 2000, com base nos microdados de uma série de ѝћюё e dos Censos Demográfi cos de 1991 e 2000. Discutidas a utilidade do conceito censitário de alfabetização e a importância da noção de analfabetismo infantil, o texto demonstra, primeiro, como as desigualdades quanto à alfabetização se constituem na largada do processo de escolarização, passando, então, à análise das trajetórias da taxa de alfabetização, dos diferentes níveis de educação básica e da taxa de alfabetização por sexo e cor ou raça. Introduz, por fi m, a variável classe social, cruzada com sexo e raça. Na conclusão, o texto ressalta novamente que é logo na largada do processo de escolarização fundamental que se estabelecem as desigualdades quanto à alfabetização e aponta para alguns desafi os ainda postos à alfabetização e escolarização no Brasil.Palavras-chave: Alfabetização. Escolarização. Gênero. Raça. Classe social. Tѕђ ђѣќљѢѡіќћ ќѓ љіѡђџюѐѦ џюѡђѠ іћ Bџюѧіљ іћ ѡѕђ 1990Ѡ юћё ѡѕђ 2000ѠABSTRACT: Based on the microdata of a series of ѝћюёs (Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios -National Household Sample Survey) and of the 1991 and 2000 Demographic Censuses, this paper analyzes the development of literacy in Brazil in the 1990s and 2000s. AĞ er discussing the use of the census concept of literacy and the importance of the notion of child illiteracy, the text demonstrates that inequalities as for literacy build up at the very beginning of schooling. It then analyses the evolution of the literacy rates at diff erent basic education levels, before sorting them by sex and color or race. It fi nally introduces the social class variable, which it crosses with those of "sex" and "race". It concludes by insisting that literacy inequalities appear at the very beginning of fundamental schooling and by pointing out some challenges the literacy and schooling still have to face in Brazil.
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