Uso de Álcool por Estudantes de Medicina segundo Características de Cursos e Escolas Médicas: uma Revisão da Literatura

Abstract

RESUMO Introdução O álcool é fator de risco para várias condições de saúde e responde por mais de 3 milhões de óbitos por ano no mundo. A substância contribui para o desenvolvimento de doenças crônicas, como as cardiovasculares e o câncer, e para condições agudas relacionadas ao efeito direto sobre o sistema nervoso central. Apesar disso, seu uso constituí prática comum entre estudantes, particularmente entre os alunos de Medicina. Os objetivos do presente estudo foram: (i) fazer uma revisão de literatura para identificar estudos de prevalência de uso de álcool entre estudantes de Medicina de escolas brasileiras; (ii) analisar as estimativas de prevalência de uso de álcool segundo características dos cursos e das escolas médicas. Método Trata-se de revisão da literatura efetuada para resgatar publicações nas bases bibliográficas (i) Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde (Lilacs), utilizando a combinação de descritores de saúde [(estudantes de medicina AND álcool)], e (ii) US National Library of Medicine of National Institute of Health (Medline/Pubmed), usando a combinação de descritores de saúde [(medical students AND alcohol AND Brazil)]. Os padrões de uso de álcool nos últimos sete dias (7D), 30 dias (30D) e último ano (ANO) foram analisados pela visualização de gráficos de ações e de dispersão, bem como pela verificação de correlação. Resultados Foram incluídos 14 estudos, dos quais oito foram desenvolvidos na Região Sudeste. A maior parte das instituições envolvidas tinha administração pública (n = 8) e estava localizada em capitais (n = 8). A prevalência de uso de álcool nos últimos sete dias variou de 23,0% a 46,5%; nos últimos 30 dias, variou de 20,2% a 87,6%; e no último ano, variou de 79,3% a 92,9%. A correlação da prevalência com a carga horária do curso e com o tempo de existência da escola mostrou intensidade fraca nos três padrões de uso analisados. No padrão de uso de sete dias, a direção da correlação foi negativa nas duas características (carga horária do curso e tempo de existência da escola). Nos últimos 30 dias, a direção da correlação foi negativa com a carga horária e positiva com o tempo de existência da escola. No último ano, a direção da correlação foi positiva com a carga horária e negativa com o tempo de existência da escola. Conclusões O uso de álcool é tema recorrente na literatura científica no Brasil, e as prevalências de uso nos últimos sete dias, 30 dias e último ano são altas entre estudantes de Medicina. A influência das características de escolas médicas e de cursos de Medicina sobre o uso de substâncias psicoativas carece de mais atenção da comunidade científica, sendo notória a necessidade do envolvimento das instituições de ensino superior no controle do problema do álcool no Brasil.

The profile of quality of life and mental health of university students in the healthcare field

“…O uso inicial vincula-se à busca de diversão e prazer, e o ambiente acadêmico é apontado como fator de risco para o uso (Fernandes et al, 2017). Estudo de revisão estimou que a prevalência de uso de álcool entre estudantes de medicina, nos últimos sete dias, variou de 23,0% a 46,5%; nos últimos 30 dias, variou de 20,2% a 87,6% e, no último ano, variou de 79,3% a 92,9% (Nascimento et al, 2019). O consumo dessas SPA entre estudantes da área da saúde, principalmente, de instituições públicas, pode estar sendo influenciado pelo ambiente acadêmico, distância da família, busca por aceitação entre os pares e fatores estressores (Monteiro et al, 2018).…”

Consumo de álcool durante a faculdade: coorte de estudantes de medicina da Universidade Federal do Acre

“…A Organização Mundial de Saúde aponta o álcool como a substância psicoativa mais consumida no mundo (JERNIGAN;TEAM, 2001). É evidente que o consumo de bebidas alcoólicas no brasil é um problema de saúde pública, por contribuir na etiologia e manutenção de vários outros agravos sociais, econômicos e de saúde enfrentados hodiernamente (NASCIMENTO et al, 2020;GALDURÓZ;CAETANO, 2004).…”

“…O ingresso na universidade é um período de transição no estilo de vida dos estudantes, que contribui de diversas formas para a experimentação, manutenção e exacerbação do uso de drogas, principalmente o álcool e o tabaco (NASCIMENTO et al, 2020;CANDIDO et al, 2018). Concomitantemente, a pressão para assimilar uma grande quantidade de conteúdo, distanciamento da família, pouco tempo para atividades de lazer, contato com pacientes em cuidados paliativos e doenças graves em idade precoce são fatores que geram enormes níveis de estresse ao longo do curso, o que pode desencadear consequências deletérias, como o desenvolvimento de válvulas de escape (BÜHRER et al, 2019).…”

O binge drinking por universitários: perfil do estudante e fatores de risco e proteção

“…O ingresso na universidade que, geralmente, ocorre quando o indivíduo emerge na vida adulta, está associado a uma alta taxa de ingestão de bebidas alcoólicas. Estudos apontam que a utilização de álcool por universitários apresenta taxas que variam de 64% a 90% [4][5][6] . Essa situação despertou, ao longo do tempo, muita preocupação por parte de pais, educadores e pesquisadores, uma vez que o uso do álcool está relacionado a uma série de transtornos, não só para quem utiliza essa substância psicoativa, mas também para as pessoas a sua volta.…”