Foi com grande entusiasmo que recebemos o convite da Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde para escrever este Editorial, oportunidade singular para que pudéssemos sintetizar e sistematizar algumas ideias e conceitos acerca da temática que foi proposta e com os quais estamos trabalhando ao longo dos últimos anos no Grupo de Pesquisa em Estilos de Vida e Saúde da Universidade de Pernambuco (GPES/UPE). Um aspecto central a discutir é de natureza histórica, pois a intervenção profissional no campo da atividade física e saúde vem sofrendo intensa modificação nas últimas duas décadas, reflexo dos desafios sociais que vem sendo apresentados e da necessidade de reorganização da atenção à saúde em todos os níveis 1 . Outro elemento que precisa ser discutido diz respeito à análise de como a pesquisa, ação investigativa que ocorre fundamentalmente no âmbito da formação pós-graduada, tem produzido conhecimentos e inovações capazes de induzir avanços nas intervenções no campo da atividade física relacionada à saúde. São precisamente estes os dois elementos centrais que apresentamos como roteiro para as reflexões que serão apresentadas neste texto.Mas, para conferir maior precisão ao ensaio que será apresentado cabe delimitar, inicialmente, que muitas das ilações descritas são fruto da troca de experiências entre pesquisadores mais experientes e com maior vivência na formação inicial e pós-graduada em conjunto com pesquisadores em formação na área de Educação Física. Esta delimitação é importante porque a "atividade física e saúde" não é o objeto concreto e prioritário da intervenção em outras áreas profissionais, mas também não é um objeto exclusivo da Educação Física.Seria desejável, no entanto, que todos os profissionais de saúde pudessem no âmbito da sua atuação desenvolver intervenções e ações para promoção da atividade física. Isto seria importante porque a promoção da atividade física está posicionada como estratégia prioritária para enfrentamento de um dos principais desafios à saúde das populações no Brasil e no mundo: a elevada carga de adoecimento e morte por doenças crônicas não transmissíveis.Até a metade da década de 90 havia somente uma perspectiva para a intervenção profissional com foco na "atividade física e saúde", perspectiva baseada num modelo teórico fundado na ideia de que os benefícios para saúde decorrentes da prática de atividades físicas deveriam, necessariamente, ser mediados por adaptações em parâmetros de aptidão física. Um efeito que não poderia ser alcançado sem a adequada prescrição e supervisão de exercícios físicos. Como reflexo, tanto os esforços de pesquisa quanto de formação profissional recaiam nestes temas, a avaliação da aptidão física e a prescrição e supervisão de exercícios físicos dentro de uma perspectiva clínica e um olhar para a saúde