Uberização: a era do trabalhador just-in-time?1

Abstract

resumo A uberização do trabalho é analisada por meio de duas teses: 1) trata-se de uma tendência global em curso de consolidação do trabalhador em um autogerente subordinado disponível, desprovido de garantias e direitos, definido como trabalhador just-in-time; 2) as empresas se apresentam enquanto mediadoras, quando, em realidade, operam novas formas de subordinação e controle do trabalho; trata-se do gerenciamento algorítmico do trabalho. A discussão baseia-se em resultados de pesquisa empírica com revendedoras de cosméticos e motofretistas, além de dados secundários sobre motoristas de Uber e os chamados bike boys. Compreendendo-se a uberização como um novo tipo de informalização, é discutido como esta envolve uma generalização de características tipicamente femininas e periféricas do trabalho, conferindo uma nova visibilidade a elementos que estruturam o viver de trabalhadores e trabalhadoras da periferia.

Between flowers and fears: the new coronavirus pandemic (COVID-19) and the flower retail trade

“…According to Abilio (2020), nowadays the information technologies generates agility to the production chain processes, which promote the reduction of financial capital and avoid high inventory costs. This way, the administration makes its own effective productivity, controlling the stages of work and the trade shows what is possible to outsource, establishing partnerships, transferring risks and costs of time control and work execution, with no loss of productivity.…”

Riscos e vulnerabilidades dos trabalhadores motociclistas durante a pandemia da COVID-19 no Brasil

“…Por fim, o excesso de carga horária no trabalho é um importante fator a ser identificado, visto que, pode interferir na nutrição desses trabalhadores devido a falta de horários fixos reservados à sua alimentação, uma vez que, os períodos de refeição são a parcela de tempo mais requisitada para entrega. Nesse processo de terceirização precária, é o trabalhador quem agora entra com os meios de produção, arcando com os custos e riscos da atividade, perdendo as garantias e proteções 3 .…”

“…Nesse contexto, o motorista deve entrar com a força de trabalho, e também com os meios de produção, como o veículo necessário para começar a trabalhar, as despesas de internet para celular, combustível, reparos, impostos e seguros, além de assumir a responsabilidade por danos causados a terceiros. Em contrapartida, quase metade dos seus ganhos são retidos pelos aplicativos em que trabalham, os obrigando a dobrar a jornada de trabalho necessária para produzir os ganhos que almejam 3 .…”

Trabalho decente no capitalismo contemporâneo: dignidade e reconhecimento no microtrabalho por plataformas

“…O aplicativo Uber e seu modo de mobilização e gestão de um exército de mão de obra disponível é emblemático da configuração atual. Abílio (2017Abílio ( , 2020, na mesma direção, sustenta que a uberização é um novo estágio generalizável da exploração do trabalho -que ultrapassa o universo da economia digital -, marcado pela passagem do trabalhador a um nanoempresário-de-si. O termo "uberização" seria capaz de designar uma nova organização produtiva que atinge vários setores da economia, sendo o aplicativo Uber uma de suas formas, sem dúvida a mais conhecida.…”