O trabalho aborda as origens, desenvolvimento e perspectivas das Ciências Sociais em Saúde. Procura situar alguns pontos fundamentais relacionados a incorporação de um pensamento social em saúde no Brasil e faz parte de um amplo movimento que ocorreu no pós 2 a Guerra, principalmente junto aos Departamentos de Medicina Preventiva e Social. Trata da construção desse campo do conhecimento, apontando alguns trabalhos da literatura. Conclui apresentando algumas perspectivas em relação à investigação nessa área.
INTRODUÇÃOQuando, há alguns anos atrás, em 1984, Renée Fox, uma das pioneiras da sociologia médica nos Estados Unidos, foi distingüida com um prêmio pela American Sociological Association, pelos seus trabalhos nesse campo do conhecimento, ela iniciou o seu discurso citando, do autor francês Charles Péguy, o seguinte: "-...com 40 anos o homem sente que a sua juventude começa a lhe escapar ... Na plenitude de sua melancolia, ele olha para trás, e torna-se um cronista e memorialista. O que aconteceria se esta terrível melancolia continuasse a crescer na década seguinte? Felizmente, tal não é o caso. O quarentão não se torna um cinqüentão. Ele se torna um historiador". Mais ou menos por esse caminho e pretensão é que eu gostaria de fazer esta apresentação. Dessa forma, eu não corro o risco de transformá-la num simples e desinteressante relato autobiográfico, ou como disse a socióloga que citei há pouco, "sucumbir a uma proustiana volta ao passado" (1).Procurarei alguma correspondência com a lição de Wright Mills, quando dizia que no ofício do sociólogo, entre os valores do seu artesanato intelectual, ele devia " desenvolver e rever continuamente as opiniões sobre os problemas de história, de biografia e de estrutura social, nos quais a biografia e a história se cruzam" (2).