Comunidades que vivem em áreas de proteção integral vivenciam situações conflituosas. Neste artigo analisamos o estudo de caso da Comunidade de Marujá, do Parque Estadual da Ilha do Cardoso (PEIC) (Cananeia, São Paulo, Brasil) e demonstramos soluções práticas que podem ser aplicadas para outras áreas protegidas caracterizadas pelos mesmos conflitos. Baseado em entrevistas semiestruturadas, descrevemos o processo de 10 anos (1998 a 2008) em que a comunidade e o parque construíram sua relação. Procuramos entender como, durante este processo, a comunidade passou de espectador impotente para cogestores adaptativos. Nossos resultados mostram que a comunidade conseguiu desenvolver sua capacidade adaptativa só com a ajuda externa. A gestão do parque auxiliou neste processo por meio de mecanismos como a negociação participativa e deliberativa da tomada de decisão sobre as regras do parque através de um conselho, um plano de manejo participativo e a institucionalização da organização comunitária.