A ampliação das metodologias qualitativas na pesquisa educacional tem aberto inúmeras novas possibilidades de investigação. Uma que tem alcançado grande visibilidade entre os pesquisadores é a etnográfica, oriunda da antropologia. Contudo, há claramente, em boa parte das pesquisas realizadas no campo da educação, uma utilização da etnografia de forma instrumental, reduzindo-a a uma técnica de coleta de dados, o que se origina numa perspectiva deturpada e empobrecedora sobre ela. Essa forma de apropriação é sintetizada muitas vezes na afirmação de que não se realizam pesquisas etnográficas na educação, mas sim pesquisas “do tipo”, “de inspiração” “de cunho”, “de caráter” etnográfico. Buscamos neste artigo afirmar a pesquisa etnográfica no campo educacional, esclarecendo alguns de seus pressupostos epistemológicos, e refutando alguns argumentos utilizados para a sua negação.