O encarceramento feminino é permeado por inúmeras problemáticas estruturais e pela ineficiência na garantia de direitos fundamentais e assistência psicológica às mulheres. Neste artigo, analisam-se os efeitos de oficinas de intervenção para a promoção do autoconceito, da empatia e de valores básicos em mulheres encarceradas. Participaram do estudo 56 mulheres, em uma Cadeia Pública, com idades entre 18 e 63 anos (M = 32,23; DP = 9,25). Quinze destas mulheres participaram do programa de intervenção, enquanto que o restante da amostra compôs o grupo controle. Ambos os grupos foram avaliados no período pré e pós-intervenção, por meio da Escala de Autoconceito, o Interpersonal Reactivity Index e o Questionário de Valores Básicos. Notas de campo e a observação participante foram utilizadas para descrever experiências significativas vivenciadas durante os encontros. Não foram encontradas variações estatisticamente significativas nos escores das escalas empregadas, o que pode estar relacionado à necessidade de adequação desses instrumentos para públicos com baixa escolarização. Em contrapartida, avalia-se que o uso de oficinas possibilitou a construção de um espaço pedagógico, com contingências muito distintas do ambiente carcerário, no qual as mulheres foram estimuladas a experimentar suas emoções e sentimentos.