Saúde mental na estratégia saúde da família: uma compreensão a partir da fenomenologia de Edith Stein

Abstract

Ao Klaus, pelo constante e fiel apoio e pelas muitas e inesquecíveis caminhadas filosóficas À minha comunidade de base, minha família À todos que de alguma maneira se reconhecem como parte deste trabalho.... AGRADECIMENTOS À FAPESP, pelo incentivo à pesquisa e a abertura às novas possibilidades do conhecimento científico brasileiro À CAPES, pelo incentivo à troca e intercambio cultural e científico, sobretudo pelo apoio no doutorado sanduiche realizado na Itália À Universidade de São Paulo e todos os seus representantes, por toda estrutura oferecida ao longo desses anos para uma formação séria e comprometida À Pontificia Università Lateranense di Roma e seus representantes, que me acolheram por um ano para a realização do doutorado Sanduiche em Roma À minha orientadora, Carmen Lucia Cardoso, que proporcionou diversos momentos de aprendizado, discussões e reflexões acerca do que vem a ser a atuação do psicólogo, incentivando novos caminhos e descobertas À minha coorientadora, Angela Ales Bello, disponível em todos os momentos, que me mostrou a grandeza e profundidade do pensamento de Husserl e Stein e que ensina não apenas nas aulas, mas, especialmente, nas atitudes práticas e no contato humano À professora doutora irmã Jacinta Turolo pela atenção e cuidado oferecidos durante minha estadia em Roma Às professoras Patrizia Manganaro e Anna Maria Pezzella, pela disponibilidade e pelo exemplo de ensino orientado para a prática durante as aulas e encontros realizados na Itália Ao Centro de Pesquisas Fenomenológicas de Roma e seus participantes, Itália, no qual pude aprender com a seriedade dos pesquisadores interessados em aprofundar na fenomenologia Aos Núcleos de Saúde da Família e, principalmente, aos entrevistados, que viabilizaram o diálogo entre a fenomenologia e as práticas de saúde mental na atenção primária à saúde. À todos que se fizeram presentes e que me auxiliaram ao longo deste percurso

Contribuições da fenomenologia de Edith Stein para a atuação do psicólogo nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF)

“…A tentativa de superar os modelos asilares é uma política mundial atual, cujo foco se volta ao incentivo de ações de saúde mental direcionadas aos territórios e comunidades. No Brasil, intensas mobilizações sociais provocaram aberturas para novas ações e políticas no âmbito da saúde mental e, no que tange a atenção primária, a Estratégia Saúde da Família (ESF) visa à revisão de conceitos e práticas, ao incluir a possibilidade de ações que abarquem o cultural e as relações entre as pessoas (Silva, 2011). Em 2008, foram implantados os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) que devem ser constituídos por equipe multiprofissional, como profissionais de educação física, nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos, psiquiatras, entre outros, para atuarem em conjunto com as equipes da ESF, compartilhando as práticas em saúde nos territórios de responsabilidade (Brasil, 2010b).…”

Doença grave e internação em terapia intensiva: experiências em longo prazo de pessoas adoecidas e cuidadores

“…Apesar do eu da pessoa ser constituído por um corpo vivente, por uma psique e por um espírito, ele é considerado como realidade única. Para Stein (1933Stein ( /2003 (SILVA, 2011). A pessoa, neste sentido, é entendida como um ser em relação subjetiva e intersubjetiva, podendo formar-se a partir da abertura que apresenta em relação àquilo que vivencia interiormente, em seu mundo particular, mas também àquilo que vivencia em relação ao encontro com o outro, no mundo da vida.…”

“…Os atos empáticos, realizados diante de pessoas de tipos semelhantes a si, permitem despertar e clarificar aquilo que se encontrava encoberto, enquanto, aqueles que se dirigem à pessoas com tipos diversos, coloca em evidência o que somos e o que não somos na relação com o outro. É neste sentido que a empatia pode conduzir a uma abertura a valores desconhecidos pela pessoa, favorecendo a ampliação da consciência sobre si e sobre o mundo (SILVA, 2011). Neste sentido, a abertura às impressões externas e internas, característica do sujeito psicofísico, ganha importância vital, na medida em que pode permitir que a pessoa adoecida se reconheça como vivente, e possa iniciar movimentos direcionados à sua orientação em relação às suas experiências.…”

Reabilitação psicossocial e estratégia saúde da família: desafios no cuidado à saúde mental

“…Ressalta-se que a Política Nacional de Saúde Mental vigente no Brasil, embasada pela Reforma Psiquiátrica, atribui especial ênfase às ações em saúde mental desenvolvidas no âmbito do território. Atualmente, apesar de todos os esforços visando a desinstitucionalização da assistência psiquiátrica, as pessoas em sofrimento mental ainda enfrentam situações de isolamento e exclusão dentro dos serviços de saúde e de suas próprias casas (Alverga & Dimenstein, 2006;Pegoraro, 2007;Silva, 2011). Ainda ocupando uma posição de incapazes, improdutivas e, por vezes, perigosas, estas pessoas contam com possibilidades restritas de trocas materiais e interpessoais.…”

“…Trata-se de umprocesso lento e trabalhoso, que se dá na medida em que as novas formas de fazer saúde são experimentadas, reformuladas e aprimoradas. Transcender as estratégias tradicionais, Mais do que uma estratégia de benefício à saúde mental, objetiva-se a consolidação de um serviço "de saúde" e não "de doença", com espaço para o exercício da cidadania e da solidariedade, possibilitando a construção de novos contratos sociais que apontem para o resgate das singularidades e do respeito às diferenças(Silva, 2011;Minozzo, Kammzetser, Debastiani, Fait & Paulon, 2012). Neste cenário destaca-se a incipiência de estratégias de apropriação dos espaços comunitários e de estabelecimento de parcerias com outros equipamentos, conforme indicam os relatos abaixo: Mara: E você acha que existem espaços comunitários... Maurício: Em outros serviços, aqui da comunidade?…”