2016
DOI: 10.1590/15174522-018004305
|View full text |Cite
|
Sign up to set email alerts
|

Revisitando o desastre de Bhopal: os tempos da violência e as latitudes da memória

Abstract: Resumo Na madrugada de 3 de dezembro de 1984, um acidente numa fábrica da filial indiana da empresa estadunidense Union Carbide Corporation (UCC) viria a desencadear o maior desastre industrial da história: o desastre de Bhopal. Neste texto, a partir de um trabalho etnográfico recente, propõe-se um encontro, mais de 30 anos depois, com as vozes daqueles cujas vidas foram afetadas pelo desastre de Bhopal. Esta abordagem pretende convocar leituras sobre o tempo, a violência e as demarcações de humanidade que def… Show more

Help me understand this report

Search citation statements

Order By: Relevance

Paper Sections

Select...
2
1
1

Citation Types

0
0
0
4

Year Published

2019
2019
2022
2022

Publication Types

Select...
2
2
1

Relationship

1
4

Authors

Journals

citations
Cited by 6 publications
(4 citation statements)
references
References 9 publications
(9 reference statements)
0
0
0
4
Order By: Relevance
“…A partir da perspectiva das EdS e do pensamento abissal, Martins 32 realizou um estudo etnográfico 30 anos após o desastre de Bhopal. Para ele, o desastre testemunha o poder colonial-capitalista que desqualifica o valor da vida, seja nos milhares de mortos, mas também nos sobreviventes que permanecem afetados e resistem em suas lutas por dignidade.…”
Section: Pensamento Abissal E Desastres: Articulando Exclusões Radicaunclassified
See 1 more Smart Citation
“…A partir da perspectiva das EdS e do pensamento abissal, Martins 32 realizou um estudo etnográfico 30 anos após o desastre de Bhopal. Para ele, o desastre testemunha o poder colonial-capitalista que desqualifica o valor da vida, seja nos milhares de mortos, mas também nos sobreviventes que permanecem afetados e resistem em suas lutas por dignidade.…”
Section: Pensamento Abissal E Desastres: Articulando Exclusões Radicaunclassified
“…Para ele, o desastre testemunha o poder colonial-capitalista que desqualifica o valor da vida, seja nos milhares de mortos, mas também nos sobreviventes que permanecem afetados e resistem em suas lutas por dignidade. A partir da proposta de pensamento abissal, Martins 32 propõe a ideia de uma memória pós-abissal capaz de expressar a violência colonial por entre "corpos e violências, mortos e sobreviventes, reconhecendo, como promessa de novos saberes, o tempo testemunhado por aqueles que melhor conheceram os escombros da modernidade" 32 (p. 146). Seria interessante reconstruir a memória abissal de Vila Socó, o desastre industrial mais importante do Brasil em termos de mortes imediatas.…”
Section: Pensamento Abissal E Desastres: Articulando Exclusões Radicaunclassified
“…Em todo esse aparato técnico-científico que, em tese, deveria reparar os danos causados pelo desastre, se perpetua o exercício do poder por meio do saber e se figura a manutenção de uma violência lenta e invisibilizada por procedimentos técnicos que marcam a vida dos vulnerabilizados. Como salienta Martins (2016), essa violência também se expressa na negação e invisibilidade institucional dos problemas de saúde que afetam a população sobrevivente de desastres ou expostas a riscos. Problemas negados que provocam efeitos crescentes.…”
Section: A Vertente Técnico-científica: O Poder-saber E a Manutenção unclassified
“…Entre as décadas de 1960 e 1970, o discurso de "Guerra contra a fome" deu legitimidade para o governo estadunidense, por exemplo, impulsionar e consolidar o poder de grandes corporações do agrobusiness, causando reflexos nos sistemas alimentares hegemônicos atuais (POMPEIA, 2021) e consequências graves como o acidente ocorrido em 1984, em Bhopal, na Índia. Por conta de um vazamento de mais de 40 toneladas de gases tóxicos em uma fábrica de agrotóxico estadunidense -Union Carbide Corporationmais de duas mil pessoas morreram e mais de cem mil ficaram com sequelas permanentes (MARTINS, 2016). As mudanças repercutiram numa agricultura voltada para a monocultura, com uso de tecnologias no plantio e acúmulo de propriedade rurais em latifúndios, além da inserção de produção de comodities como soja, milho e cana de açúcar em detrimento da produção rural de culturas tradicionaiscomo é o caso brasileiro (SOUZA e OLIVEIRA, 2017).…”
Section: Talunclassified