Revisão sistemática de estudos sobre registros de violência contra crianças e adolescentes no Brasil

Abstract

Resumo A presente revisão sistemática investiga como registros de violência contra crianças e adolescentes, no Brasil, são acessados, analisados e discutidos em artigos científicos da área da saúde. Foram selecionados 50 artigos das bases SciELO, PePSIC, LILACS, Web of Science e Scopus baseados em dados do período de 1990 a 2015. A análise de distribuição de frequência caracterizou os registros utilizados nas publicações. Identificou-se que o documento mais utilizado foi a notificação de violência ao Conselho Tutelar. As características das vítimas e das situações de violência foram as mais frequentemente analisadas. Os dados observados informaram sobre a evolução das políticas de vigilância epidemiológica da violência no país. Por meio da Análise Temática, constatou-se que os dados foram discutidos e relacionados aos diferentes níveis contextuais em que se manifesta a violência. Os resultados mostram elevados índices de informações ausentes entre os registros, bem como desconhecimento de variáveis psicossociais anteriores às situações de violência que interferem na testagem dos dados a partir de modelos teóricos atuais.

Forças que interferem no enfrentamento da violência infantil pela escola

“…Divergindo das condutas e posturas assumidas pelos professores que participaram dessa pesquisa, estudos apontam a escola como cenário propício para implementar forças que impulsionam a proteção à criança em risco ou situação de violência (Bright, et al, 2020;Del Campo & Fávero, 2020;Cordeiro, et al, 2019), e os professores como atores sociais importantes para o adequado funcionamento da rede (Macedo, et al, 2019;Wilkinson, et al, 2019).…”

“…Ainda assim, nos dias atuais a violência infantil permanece como fenômeno socialmente aceito e enraizado a rotina de muitas famílias, corroborando sua invisibilidade e dificuldades para implementação de intervenções capazes de interromper seu ciclo (Santos, et al, 2019). É válido pontuar, também, que há fragilidades em relação aos registros das Research, Society and Development, v. 9, n. 10, e1789108503, 2020 (CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i10.8503 violências perpetradas contra a criança (Mathews, et al, 2020;Santos, et al, 2020;Macedo, et al, 2019), ou seja, o quantitativo de casos é maior aos dados publicados.…”

Promoção da saúde de crianças e adolescentes em uma Organização da Sociedade Civil: refletindo sobre os valores e a formação profissional

“…(Nísia) Na fala de Marta, aparece a preocupação com a crescente violência e o reforço de seu uso na resolução de conflitos. A violência é também um grande problema de saúde pública e vem aumentando principalmente entre crianças e adolescentes (Macedo et al, 2019;Barbiani, 2016). A literatura também tem apresentado dados preocupantes no interior da escola, que está repleta de conflitos e violência manifestados em forma de segregação, exclusão e indiferença ao outro (Tognetta et al, 2017), além de preconceitos étnico-raciais, religiosos e de gênero, brincadeiras violentas e de exclusão social (Cowie e Myers, 2016).…”

Perfil epidemiológico da violência contra crianças e adolescentes: uma análise das notificações compulsórias no Estado da Paraíba

“…Desse modo, pode-se associar, de maneira inferencial, o aumento expressivo no número de notificações na Paraíba no ano de 2012 com a implementação da Portaria nº 104/2011. Salienta-se que, mesmo diante desse aumento, estudos têm se preocupado com o fenômeno da subnotificação (Dias, Costa & Musse, 2018;Martins-Júnior, et al, 2019;Cruz, et al, 2019;Macedo, et al, 2019). Neste contexto, a Estratégia Saúde da Família (ESF), por se configurar como porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) e ter acesso facilitado ao cotidiano familiar dos usuários, é tida como importante aliada no processo de enfrentamento aos maus-tratos.…”

“…No entanto, profissionais relatam dificuldades para estabelecer um correto diagnóstico e realizar a notificação (Dias, Costa & Musse, 2018;Martins-Júnior, et al, 2019;Costa, et al, 2020). Além disso, a ficha de Notificação Compulsória da Violência (NCV), instrumento que fornece dados para o SINAN, é desconhecida por grande parte destes profissionais (Cruz, et al, 2019;Macedo, et al, 2019).…”