Repercussões da cirurgia bariátrica na qualidade de vida, no perfil bioquímico e na pressão arterial de pacientes com obesidade mórbida

Abstract

RESUMO A indicação da cirurgia bariátrica (CB) para perda de peso e redução de comorbidades associadas à obesidade é crescente. O objetivo do presente estudo foi analisar as repercussões da CB na qualidade de vida (QV), no perfil bioquímico e na pressão arterial (PA) de indivíduos obesos mórbidos em três momentos distintos: um mês antes, três meses depois e seis meses após a CB. Participaram da pesquisa 42 indivíduos com obesidade mórbida do programa de CB de um hospital da cidade de Juiz de Fora - MG, os quais foram aleatoriamente divididos em grupo intervenção (GI, n=21) e grupo controle (GC, n=21). O GI sofreu intervenção cirúrgica e o GC foi orientado a manter os afazeres diários usuais durante todo período do estudo, além de receberem acompanhamento nutricional. Foram avaliados a QV, o perfil bioquímico e a PA através do instrumento SF-36, do exame laboratorial de sangue obtido no prontuário dos pacientes e do esfigmomanômetro e estetoscópio, respectivamente. Os resultados demonstraram redução nas variáveis bioquímicas High-density lipoproteins (HDL), Low-density lipoproteins (LDL), Very Low-Density Lipoprotein (VLDL), colesterol, triglicerídeos, hemoglobina glicada, glicose, pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica no GI, após 6 meses de cirurgia. Houve melhora significativa nas variáveis relacionadas à QV, exceto nos aspectos emocionais. Conclui-se que a CB pode repercutir positivamente na maioria dos domínios da QV, na melhora do perfil bioquímico e na PA de pacientes obesos mórbidos após 3 e 6 meses de CB.

Mudanças ocorridas após a cirurgia bariátrica: revisão integrativa da literatura

“…Ao diminuir o peso corporal, houve melhora no perfil bioquímico (Oliveira et al, 2018;Castanha et al, 2018;Alkassis et al, 2019;Mendes & Vargas, 2017). Observou-se também, que a cirurgia bariátrica foi eficaz para minimizar os efeitos e/ou sintomas das comorbidades, como diabetes mellitus e hipertensão arterial (Lechaux, Foll & Rascle, 2020;Yilmaz & Yilmaz, 2019;Castanha et al, 2018;Vegel et al, 2017;Alkassis et al, 2019;Mendes & Vargas, 2017).…”

“…Na classe II, demonstrou-se que a perda de peso impactou positivamente a qualidade de vida dos participantes que se submeteram a cirurgia bariátrica (Oliveira et al, 2018;Lechaux, Foll & Rascle, 2020;Yilmaz & Yilmaz, 2019;Major et al, 2016;Vegel et al, 2017;Alkassis et al, 2019;Mendes & Vargas, 2017;Tarride et al, 2017), observando-se aumento na satisfação em relação ao corpo, melhora na função sexual, nos sintomas depressivos, na autoestima e nas relações interpessoais (Cherick et al, 2019;Griauzde et al, 2018). Além destes, após a cirurgia bariátrica, os participantes modificaram seus hábitos de vida, adotando uma alimentação saudável e tornando-se mais ativos (Akkayaoğlu & Çelik, 2020), o que resultou na redução de dores e desconfortos associadas a atividades do cotidiano (Tarride et al, 2017).…”

“…As dificuldades enfrentadas pelas pessoas com obesidade perpassam por atividades cotidianas, como comprar roupas, utilizar os meios de transporte, adentrar no mercado de trabalho e manter relações socioafetivas (Oliveira et al, 2018).…”

“…Estudos demonstraram que a taxa de indivíduos com autopercepção negativa da imagem corporal era mais comum em sujeitos com obesidade (Hamurcu et al, 2015;Sánchez, Dijkstra & Visser, 2015). Tais aspectos representam, em parte, os principais motivos pela busca por cirurgia bariátrica (Oliveira et al, 2018).…”

A experiência de reganho de peso após a cirurgia bariátrica: um enfoque fenomenológico

“…O procedimento cirúrgico bariátrico destaca-se como o método mais eficaz no tratamento da obesidade em longo prazo, acarretando também remissão significativa das enfermidades associadas ao excesso de peso (Oliveira, 2016). Os resultados mais expressivos são observados na remissão do diabetes tipo 2, diminuição das doenças cardiovasculares, bem como redução de risco de certos tipos de câncer, entre outros (Kim et al, 2016).…”