O nervo laríngeo recorrente (NLR) origina-se do nervo vago, décimo par craniano, em níveis diferentes nos dois lados do pescoço, salvo na má formação congênita, quando o nervo laríngeo não é recorrente, isto é, após a saída do nervo vago, penetra na laringe sem recorrer no tórax 4 . Os NLR direito e esquerdo ascendem no espaço anatômico entre a traqueia e o esôfago, dispondo-se medial ao lobo correspondente da glândula tireoide [5][6][7] .Os NLR dividem-se em dois ou mais ramos e passam junto à borda inferior do músculo constritor inferior da faringe, próximo à artéria laríngea inferior, penetrando a laringe atrás da membrana cricotireoidea 6,7 .Relaciona-se topograficamente, de forma variável, com a artéria tireóidea inferior e com a glându-la tireoide, e, mesmo que provavelmente nunca esteja envolvida na sua substância glandular normal, tal proximidade imprime maior chance de lesão nervosa em tireoidectomias totais e parciais [5][6][7] . Do mesmo modo, os NLR mantêm íntima relação com o ligamento de Berry: o espessamento da fáscia pré-traqueal que liga os lobos tireoideanos à traqueia e à parte inferior da cartilagem cricoide. Os NLR somente foram identificados laterais ao ligamento de Berry e eventualmente intraligamentares [5][6][7][8] .A secção unilateral ou bilateral do NLR como possibilidade de acidente transoperatório nos bócios de grande volume, resulta na paralisia dos músculos intrínse-cos da laringe, com exceção do cricotireoideo, determinando alterações na qualidade da voz e transtornos respiratórios [5][6][7] .O presente trabalho objetivou estudar as relações anatômicas do nervo laríngeo recorrente com o ligamento de Berry, e assinalar as diferentes formas de apresentação das relações entre essas duas estruturas.