Os estudos de Linguística Aplicada transcendem a mera aplicação de teorias linguísticas no ensino de idiomas. Ao considerarmos as perspectivas de Moita Lopes (2006, 2009) e Cavalcanti (1986), compreendemos que os debates nesse campo permitem uma interseção entre diversas correntes científicas, como a filosofia e a sociologia, desde que estejam centrados na questão do uso da linguagem. Nesse sentido, esta pesquisa recorre às obras de Foucault (2008, 2019) e Nietzsche (2008) para uma análise filosófica da linguagem, visando entendê-la como um meio de acesso à realidade. Sob essa perspectiva, delineia-se que é por meio da linguagem que nos constituímos como indivíduos e compreendemos o mundo ao nosso redor. Ao considerarmos a linguagem como um processo de construção de significados, percebemos que qualquer prática nesse sentido é influenciada por uma interação circunstancial na qual o sujeito, imerso em relações sociais e de poder, elabora um significado singular para si mesmo. A partir dessa reflexão, compreendemos que não há uma única verdade, mas sim múltiplas verdades, ou melhor, diferentes efeitos de sentido da verdade. Como cada significado é determinado pela conexão feita pelo indivíduo, a verdade não pode ser universal para toda a humanidade, nem mesmo nas ciências; ela é um ponto de observação, um nó em uma vasta rede de significados. Para fundamentar essa reflexão, recorremos aos estudos de Moita Lopes (2006, 2009) e Cavalcanti (1986) para situar essa análise no campo da Linguística Aplicada. Em seguida, utilizamos as contribuições de Vygotsky (1991), Barad (2003) e Buzato (2012) para entender a linguagem como uma prática sócio-interacionista na construção de significados. Por fim, as considerações de Nietzsche (2008) sobre a verdade como uma prática discursiva e a ótica de Foucault (2008, 2019), que argumenta que a verdade é um efeito construído discursivamente, justificam nossa percepção de que a verdade é um fenômeno relativo.