As Cardiopatias Congênitas (CC) são malformações cardiovasculares embrionárias, com incidência no Brasil de 8 a 10 a cada mil nascidos vivos, e podem ser de dois tipos: cianóticos e acianóticos influindo na oxigenação e distribuição sanguínea pelo corpo, determinando quadros mais ou menos graves. Por ser doença crônica e importante, exige acompanhamento médico constante e apoio terapêutico precoce, por vezes, múltiplo, pois pode incorrer em atrasos no desenvolvimento geral da criança. Estudos epidemiológicos sistemáticos são fundamentais para o delineamento das políticas de atendimento destes casos, tanto na rede privada quanto na rede pública. Em março de 2020, com o advento da epidemia do COVID19, serviços ligados ao atendimento de crianças com CC foram, se não interrompidos, minimizados, diminuindo ou cancelando o monitoramento sobre seu desenvolvimento geral. Objetivo: Identificar as crianças com CC durante a pandemia e delinear o seu perfil e o de suas famílias. Método: Esta pesquisa se assentou sobre um design metodológico de busca ativa na internet. Os participantes foram contatados pelas principais redes sociais (Facebook e Instagram) e convidados a preencher uma pesquisa online, concordando com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A casuística do estudo foi constituída por 104 mães de crianças com CC, que responderam a um questionário de 14 perguntas, pelo Google Forms: idade do responsável, estado conjugal, renda familiar, cidade da residência, idade e gênero do filho (a) CC, tipo de cardiopatia, procedimentos cirúrgicos realizados e internações, idade da primeira cirurgia e tempo de permanência hospitalar, acompanhamento de equipe multiprofissional. Resultados: Neste estudo, as cirurgias foram majoritariamente realizadas no primeiro ano de vida da criança (74,76%), com prevalência de 62,14% no primeiro trimestre, seguido de 7,77% entre os 12 e 24 meses. As CC mais predominantes foram: Atresia Pulmonar; Comunicação Interatrial (CIA); Coarctação da Aorta (CoAo); Comunicação Interventricular (CIV); Estenose Pulmonar (EP); Tetralogia de Fallot (T4F); Transposição das Grandes Artérias (TGA) e hipoplasia de ventrículo. A maior parte das crianças se encontra na faixa etária de até 4 anos, com realce para as idades entre 1 e 2 anos, são do sexo masculino (55,33%), 65,05% de crianças que ainda não estão inseridas nesses espaços escolares. Conclusão: Os resultados permitiram conhecer os tipos de cardiopatias congênitas mais comuns, o perfil das crianças e de suas famílias, além das dificuldades que enfrentaram durante o ano atípico da COVID-19. Outras pesquisas deste tipo podem auxiliar no desenvolvimento das tecnologias de cuidado tanto em situações rotineiras quanto em períodos atípicos.