Segundo o Ministério da Saúde a Síndrome de Down (SD) ou trissomia do 21 é uma condição humana geneticamente determinada, a alteração cromossômica mais comum em humanos, constituindo assim, a principal causa de deficiência intelectual na população. A primeira descrição clínica foi feita em 1866 pelo médico pediatra inglês John Langdon Down. Ele trabalhava no Hospital John Hopkins em Londres quando publicou um estudo descritivo acerca do fenótipo dos pacientes 1 .No Brasil nasce uma criança com SD a cada 600 e 800 nascimentos, independente de etnia, gênero ou classe social. Embora a sobrevivência tenha aumentado consideravelmente nas últimas décadas, as crianças com SD ainda têm uma perspectiva de vida mais curta quando comparadas as crianças sem a SD 1 .Sabe-se que a SD afeta múltiplos sistemas orgânicos, incluindo o sistema neurológico, endócrino, respiratório, cardiovascular, gastrointestinal, hematológico, imunológico e musculoesquelético. Complicações respiratórias são comuns nesta população, por apresentarem risco para anormalidades anatômicas de vias aéreas e pulmões, infecções respiratórias recorrentes, apneia obstrutiva do sono, força muscular respiratória reduzida emodificações na resposta imune adaptativa 2-4 .Condições do trato respiratório superior acometem a maioria destas crianças (58,5%), seguidas pelas condições do trato respiratório inferior (37,5%). Em geral, crianças com SD apresentam uma taxa de hospitalizações cinco vezes maior do que a população em geral, sendo que um quarto de todas as admissões ocorre no primeiro ano de vida 5 .Nesta síndrome, as morbidades mais comuns envolvem predominantemente o sistema respiratório. As infecções agudas do trato respiratório representam uma das causas mais comuns de internação sendo caracterizadas por altas taxas de morbidade 3,4,6 .As infecções recorrentes do trato respiratório são apontadas, pelos pais, como situações impactantes no desenvolvimento de seus filhos. Este grupo de crianças apresenta um desenvolvimento neurológico atípico, maior incidência de problemas de comportamento e menor qualidade de vida quando comparadas com crianças diagnosticadas com SD sem infecções recorrentes do trato respiratório 4 .Este cenário implica a importância dos estudos concentrarem-se nestas questões, visto que estas infecções são potencialmente evitáveis, bem como, pela prevenção ser favorável ao desenvolvimento neuropsicomotor, a prevenir problemas comportamentais, a melhorar a qualidade de vida e a obter sucesso no processo de alfabetização 4 .Neste número da Revista Neurociências, no artigo intitulado "Programa de Fisioterapia Respiratória para Indivíduos com Síndrome de Down", encontram-se contribuições relevantes acerca dos benefícios de um programa de fisioterapia respiratória (PFR) na força muscular respiratória em indivíduos com SD 7 .O método do trabalho contemplou um estudo intervencionista, ao avaliar sete indivíduos de ambos os gêneros, com idade média de 24,57 anos. O PFR foi constituído por exercícios de reeducação diafragmática contra resistida e exe...
