Diversas localidades da Paraíba possuem níveis moderados ou elevados de fluoreto in natura nas águas de abastecimento. Nas áreas onde os níveis de fluoretos são considerados "ótimos" para a região (0,6 ppm), já constatou-se uma moderada prevalência de fluorose dentária (30-40%). O presente trabalho teve por objetivo observar a prevalência de fluorose dentária na cidade de Princesa Isabel, com níveis "subótimos" de fluoretos (0,4 ppm). Foram selecionados aleatoriamente 142 escolares de 10 a 15 anos para o levantamento de fluorose dentária pelo índice TF (de Thylstrup e Fejerskov). Os exames foram realizados por três examinadores previamente calibrados, sob luz natural indireta e após escovação supervisionada e secagem dos elementos dentários. Cerca de 20% dos escolares examinados apresentaram fluorose dentária, sendo que 70% com TF 1 e outros 30% distribuídos em diversos graus (TF 2 a 5). Fluorose foi mais prevalente no sexo masculino e em dentes pré-molares. Embora a fluorose dentária observada esteja dentro dos níveis esperados para o teor de fluoretos (0,4 ppm), outras fontes sistêmicas de fluoretos devem ser controladas. A prevalên-cia de fluorose dentária observada não é problema de saúde pública nesta localidade.UNITERMOS: Flúor; Fluorose dentária.
INTRODUÇÃOOs fluoretos podem produzir efeitos adversos de forma crônica ou aguda. Na crônica, os fluoretos circulantes no organismo afetam a mineralização dos dentes formando um esmalte hipoplásico de diferentes manifestações clínicas que se denominou fluorose dentária 6,7,18 . Clinicamente, a fluorose dentária caracteriza-se por apresentar esmalte opaco e manchas de coloração que podem variar do branco ao marrom escuro, como também por apresentar áreas hipoplásicas e de erosões 5,11 . A severidade dessa condição do esmalte depende, segundo VILLENA; CURY 18 (1998) da dose, duração, exposição, estágio da atividade dos ameloblastos, da idade do indivíduo e da susceptibilidade individual.A concentração de fluoretos na água de abastecimento, considerada como "ótima" para a prevenção da cárie, é de 0,7-1,2 ppm conforme a temperatura média anual, podendo provocar o mínimo de fluorose dentária 3 . Em zonas tropicais, onde altas temperaturas levam a uma maior ingestão de líquidos, a concentração de fluoretos recomendada pode ser ainda mais baixa variando em torno de 0,5 a 0,7 ppm 2,19 . Apesar dos diferentes índices utilizados para registrar fluorose dentária, recentes estudos observaram que a prevalência de fluorose em diversas zonas urbanizadas do país está abaixo de 30% para cidades com 0,8 ppm F na água de consumo 1,4,9,16 . Uma prevalência acima deste percentual tem sido atribuída ao efeito combinado de produtos dentários e fluoretos em águas de abastecimento 17 . A maioria desses estudos epidemiológicos é realizada em cidades com fluoretação artificial nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. No Nordeste, poucos estudos exploraram a questão de fluorose dentária, embora existam fontes de água para consumo humano com teores elevados de fluoretos de forma natu...