Prática de análise linguística sem ensino de gramática?

Abstract

As práticas pedagógicas baseadas nas orientações oficiais para o ensino de Língua Portuguesa no país, sobretudo após os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN-1998), acabaram por estabelecer uma oposição entre "prática de análise linguística" e o suposto tradicional "ensino de gramática". O pilar básico dessa oposição, detalhada na Seção 2 deste artigo, reside na concepção de que, enquanto a prática de análise linguística toma o texto e as atividades de leitura e produção textual como prioritárias, sendo o componente gramatical utilizado de forma instrumental, o ensino de gramática consideraria, como elemento central

Gramática, variação e ensino: reflexões teórico-metodológicas e propostas de aplicação

“…Embora a proposta seja desafiadora e, à primeira vista, possa parecer utópica, ela consagra apenas o que a ciência já comprovou: a linguagem é um dos objetos mais complexos a ser descrito e comporta, a um só tempo, incrível sistematicidade e variabilidade de expressão no contexto interacional em que necessariamente se insere. Em outras palavras, é preciso assumir que toda língua comporta sistematicidade -interação -heterogeneidade (VIEIRA, 2017c).…”

A unidade e a diversidade no ensino de Língua Portuguesa

“…(VIEIRA; BRANDÃO, 2007, p.56) Na realidade, é a orientação que se dá em termos metodológicos ao terceiro desses pressupostos que mais tem causado diferenças nas abordagens, sobretudo em termos metodológicos. Vieira ( , 2017aVieira ( , 2017bVieira ( , 2017c tem insistido, em continuidade ao desenvolvimento dos pressupostos ora apresentados, que os elementos pertinentes aos diferentes níveis da gramática precisam ser explicitamente trabalhados -por meio de atividades não só linguísticas, mas também epilinguísticas (cf. FRANCHI, 1998) -como objeto do ensino, e devem ser sistematizados -por meio de atividades metalinguísticas -na medida e no momento oportunos e adequados ao alunado.…”

“…No que se refere ao desenvolvimento de metodologias, as experiências com a proposta de ensino de gramática em três eixos (cf. VIEIRA, 2017aVIEIRA, , 2017bVIEIRA, , 2017c2018) têm demonstrado o êxito das atividades no sentido de contemplar a sistematicidade da variação e, ao mesmo tempo, a complexidade das regras variáveis no campo linguístico e extralinguístico. Nesse sentido, entende-se ser possível promover a ampliação do repertório dos alunos em termos de variação e normas, seja no âmbito da produção, seja no da recepção/leitura.…”

O Dogma do Sujeito e Outros Dogmas

“…Com a terceira versão da BNCC destacando a análise gramatical, que, inferida a partir das habilidades previstas, parece ser fortemente filiada à abordagem de ensino de nomenclatura, e a formação inicial do professor de Língua Portuguesa -ainda lacunar no que diz respeito ao ensino de gramática -, recai sobre a disciplina Gramática, Variação e Ensino a responsabilidade de construir uma linha de trabalho sobre o que é análise gramatical, e promover a inter-relação com a análise linguística (VIEIRA, 2017).…”

“…No que tange ao ensino de gramática, a terceira versão trouxe mudanças, propondo explicitamente a divisão entre a análise linguística e a análise gramatical. Sobre essa questão, verVieira (2017).…”