Brazilian Portuguese possesses two forms used as 1st person plural pronouns: nós and a gente, both meaning ‘we’. The form nós has always been pronominal, whereas a gente is derived diachronically from the noun phrase a gente ‘the people’. In accord with this historical evolution, the standard language prefers the use of the 1st plural verb desinence -mos with nós, as in nós falamos ‘we speak’ or ‘we spoke’. The 3rd person desinence 0 is reserved for a gente, giving a gente fala ‘we speak’ as the preferred form. In popular speech both nós fala and a gente falamos are used frequently. We examine the use of these variable forms across four generations in Rio de Janeiro. In the older generations, phonic salience is the principal controlling factor for both nós and a gente. Since preterit desinences are stressed more frequently than present desinences, this induces a biased surface distribution, with -mos occurring more frequently with past tense reference. Nonetheless, for older speakers tense does not play a statistically significant role. In younger speakers, tense becomes statistically significant as a determining factor in the use of the desinences, with preterit favoring -mos for both subject forms. So far, there has been no change in the grammar itself, but the locus of determination of the use of -mos seems to have shifted from saliency to tense across the generations. One can speculate that some time in the future -mos may become a preterit marker.
A variação é constitutiva das línguas humanas, ocorrendo em todos os níveis. Ela sempre existiu e sempre existirá, independentemente de qualquer ação normativa. Assim, quando se fala em 'Língua Portuguesa' está se falando de uma unidade que se constitui de muitas variedades. [...]" (BRASIL, 1998a, p. 29) Resumo O objetivo deste texto é fazer algumas reflexões, a partir de pressupostos sociolinguísticos, sobre certas questões que envolvem variação e mudança linguística, com implicações diretas no ensino da língua 2 . Discutimos os seguintes tópicos: a língua como atividade social e as variedades linguísticas; a questão da norma, do valor social das formas variantes e do preconceito linguístico; e esboçamos algumas sugestões metodológicas para o ensino de gramática, considerando a diversidade linguística e o aprimoramento da competência comunicativa dos alunos. Esses tópicos são abordados tomando como pano de fundo um contraponto entre um ensino gramatical 'tradicional' e o papel social da escola, conforme proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa. Palavras-chave: Ensino de gramática. Variação linguística. Preconceito linguístico. Norma.
This paper investigates the variable use of the infinitive in oralBrazilian Portuguese considering both the verb morphology and the formalrepresentation of the subject. The analysis of sociolinguistic interviews shows thatthe speakers prefer both the non-finite verb form of the infinitive (92%) and nosubject expressed (71%). These results display a tendency for a regularization ofthe infinitive as an impersonal form. Empirical results also point out a correlationbetween finite verb form and formal representation of the subject, which are highlymarked constructions. The independent variables subject coreferentiality, semantic(in)determination of the subject and syntactic coding of the clause are statisticallysignificant for the expression of the subject.
Numa abordagem funcionalista de gramática (cf. GIVÓN, 2001; 2018), o trabalho objetiva (i) apresentar uma descrição qualitativa e quantitativa do leque de funções desempenhadas por bem e bom, considerando tanto o estatuto gramatical prototípico de advérbio e adjetivo, respectivamente, quanto os usos discursivos como marcadores e outros possíveis usos, a partir do exame de situações dialógicas em 72 entrevistas sociolinguísticas (Projeto VARSUL); (ii) tratar comparativamente os usos discursivos, buscando padrões contextuais de comportamento; e (iii) analisar as mudanças envolvidas como instâncias de gramaticalização (cf. HIMMELMANN, 2004; TRAUGOTT, 2010a; DIEWALD (2011b). Entre os resultados destacam-se: (i) em termos frequenciais, o uso de bem adverbial é significativamente maior que o uso de bom adjetival; como marcador discursivo, bom é largamente mais usado que bem; e em outros usos, bem supera bom, apresentando um comportamento mais polissêmico; (ii) como marcadores discursivos, os itens compartilham uma propriedade geral textual/interpessoal e sinalizam um duplo movimento (de estruturação discursiva e de negociação), com presença significativa encabeçando respostas imediatas, mas apresentam especificidades contextuais de uso: enquanto bom predomina em abertura de turno, particularmente introduzindo preâmbulo, bem prevalece em posições intraturno, em contextos de organização tópica, especialmente de sequenciação e retomada do fluxo discursivo, incidindo sobre a fala do próprio informante; (iii) os marcadores apresentam padrões contextuais distintos na fala do informante e na fala do entrevistador. Conclui-se que o funcionamento dos itens é dependente do tipo de situação comunicativa e aponta-se a necessidade de as análises considerarem os gêneros textuais/ discursivos e suas particularidades, especialmente em estudos comparativos.
Neste texto, a leitora e o leitor terão acesso a uma espécie de síntese do percurso acadêmico de Votre, uma linha temporal imaginária que emerge de suas respostas gentilmente a nós concedidas nesta entrevista. O ponto inicial, como não poderia deixar de ser, marca seus primeiros passos no campo teórico do Funcionalismo linguístico da costa oeste norteamericana, em diálogo com grandes nomes como Sandra Thompson, Talmy Givón e Gillian Sankoff. Nesta conversa, também entram em cena temáticas como: (i) o debate repaginado nomeado pelo entrevistado como novo Funcionalismo Linguístico; (ii) uma retrospectiva ao surgimento do Grupo de Estudos Discurso & Gramática, seus objetivos, parcerias e alguns resultados alcançados; (iii) uma exposição sobre as interfaces teóricas propostas nos últimos anos que envolvem o funcionalismo linguístico de vertente norte-americana, e sobre os principais desafios teóricos e descritivos para os estudos funcionalistas do Português do Brasil; e (iv) as justificativas e motivações que o levam a distanciar-se dos estudos funcionalistas, voltando-se, em suas palavras, ao “alargamento da atenção para outros aspectos sociais que interferem na formação da gramática”.
• RESUMO: Sob uma perspectiva teórica funcionalista que busca identificar padrões de uso linguístico que se originam e se estabelecem nas situações comunicativas, o presente estudo investiga a multifuncionalidade do item linguístico "capaz", numa amostra sincrônica atual de fala de informantes gaúchos, captando uma trajetória de mudança semântico-pragmática (associada a valores de modalidade) e categorial (adjetivo > marcador discursivo) que pode ser interpretada como uma instância de gramaticalização. A partir da análise de contextos dialogais, foram identificados: i) valores no âmbito da modalidade epistêmica (possibilidade, probabilidade, dúvida e certeza), derivados de um significado-fonte (habilidade) associado à modalidade orientada para o agente; e ii) outras expressões de subjetividade como surpresa, ironia, alegria. O controle da frequência permitiu esboçar padrões de uso do item: "capaz" é mais recorrente em contextos de certeza (em respostas negativas e afirmativas) e de dúvida/ surpresa, aparecendo predominantemente como item sintaticamente autônomo, na função de marcador discursivo. Verificou-se que a natureza da informação dada pelo interlocutor (pergunta, opinião, fato/notícia), bem como aspectos prosódicos que envolvem o item são determinantes para a interpretação do significado de "capaz".• PALAVRAS-CHAVE: Capaz. Marcador discursivo. Contexto dialogal. Modalidade. Padrões de uso.Queria tanto dar um presente pra prenda Ponta de gado, fazenda, e um montão de coisas mais Dizer palavras, que sei e penso em segredo E que só em pensar tenho medo por isso não sou capaz [...].Noel Guarany (1973). INTRODUÇÃO 3Este trabalho se fundamenta numa perspectiva teórica funcionalista -também denominada mais recentemente como teoria baseada no uso (BYBEE, 2010) -,
Taking Fishman’s concepts of macro- and micro-sociolinguistics, this article explores the relation between the sociology of language and sociolinguistics in the Brazilian context. We analyze the relation between both fields in American and Brazilian academic contexts and problematize Brazilian sociolinguistics’ bias towards the use of quantitative approaches. Sociological interpretation to Brazilian sociolinguistic analysis on race, class and nation is given in light of Fishman’s concerns on the sociology of language. We argue that sociolinguistic data production in Brazil, aiming at quantifying linguistic variation by using simplified social categories, ends up producing robust knowledge that is used politically to legitimate, in a postcolonial context, Brazilian Portuguese as being different from European Portuguese.
A sistematização dos estudos da sociolinguística variacionista em três ondas (ECKERT, 2012), ou fases, organiza, de certo modo, os trabalhos que vêm sendo realizados na área desde a década de 1960. Refinando essa sistematização, este artigo objetiva discutir a (in)adequação epistemológica (e teórico-metodológica, por conseguinte) da aproximação entre as ondas com base em argumentos favoráveis e desfavoráveis à ideia de continuidade/complementariedade entre as fases. De cunho interpretativista, esta investigação constitui-se como pesquisa bibliográfica e examina Eckert (2000; 2008; 2012; 2016a; 2016b; 2018), Labov (2001, 2010), Eckert e Rickford (2001), Coupland (2001; 2007, 2014); Camacho (2013; 2015) Bell (2001; 2014; 2016), Eckert e Labov (2017), Hernández-Campoy (2019; 2020), dentre outros autores. As reflexões apontam para a possibilidade de duas diferentes interpretações sobre a relação que se estabele entre as diferentes fases variacionistas: por um lado, a de que há um continuum epistemológico entre as três fases, de modo que seus preceitos se encontrariam integrados, na terceira onda, ensejando uma teoria de variação robusta; por outro lado, a de que “não” há um continuum epistemológico entre as três fases, uma vez que a primeira fase se harmonizaria com procedimentos de uma abordagem estrutural e a terceira fase, com procedimentos de uma abordagem antropológico-discursiva, ensejando, essa última, uma teoria de variação robusta pelos aspectos que lhe são constitutivos (e não por uma integração de preceitos das três fases). Diante da discussão desenvolvida, destacamos a relevância de a área se debruçar sobre esse controverso ponto metateórico.
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