Os Significados Das Crianças Indígenas Brasileiras (Séculos Xvi E Xvii)

Abstract

A partir da análise de cartas jesuítas, documentos históricos e crónicas de viajantes estrangeiros, referentes aos séculos XVI e XVII, identificaram-se diferentes significados para as crianças indígenas brasileiras. Verificou-se, a partir dos relatos, que a criança indígena brasileira era bem cuidada pelos membros da sua tribo, treinando-a para que se tomasse um adultoigual àqueles pertencentes à sua cultura tribal. As crianças das tribos inimigas não eram consideradas crianças, mas inimigos que deveriam ser mortos e devorados. Os jesuítas concebiam as crianças como tendo particularidades, ou seja, especificidades que as tomavam mais maleáveis que os adultos. Reconheciam que estavam em período de desenvolvimento, no qual a forrna,cão do futuro adulto deveria ser moldada. Havia, entre eles, portanto, um sentimento de infancia, apesar de pouco claro. O colonizador português (não jesuíta) via a criança indígena como escravas em potencial.

O aleitamento materno e a alimentação infantil entre os indígenas da região oeste do estado de São Paulo: um movimento entre a tradição e interculturalidade

“…O autor Chaves (2000), ao falar sobre o significado das crianças para os indígenas, descreve que Anchieta (1585) afirmou sobre o carinho imenso que os pais tinham pelos filhos. Acrescenta o cuidado extremo que tinham com os filhos sobre a higiene, e ainda, na segunda metade do século XVII, influenciados pelo cristianismo preocupavam-se em batizá-los.…”

“…As índias amavam seus filhos e não os deixavam sozinhos, pois sempre levavam o mais novo dependurado no seu corpo, e os outros a acompanhavam segurados pelas mãos. Quando estavam nas ocas os deitavam em peles de animais, pela inexistência dos berços (Chaves, 2000). Silva (1990) A segunda fase infantil era chamada de kunumy-miry para os meninos (até sete ou oito anos) e kugnatin-miry (até sete anos) para as meninas, segundo d'Evreux (1864 apud Chaves, 2000), e se iniciava quando as crianças começavam a caminhar sozinhas.…”

“…Quando estavam nas ocas os deitavam em peles de animais, pela inexistência dos berços (Chaves, 2000). Silva (1990) A segunda fase infantil era chamada de kunumy-miry para os meninos (até sete ou oito anos) e kugnatin-miry (até sete anos) para as meninas, segundo d'Evreux (1864 apud Chaves, 2000), e se iniciava quando as crianças começavam a caminhar sozinhas. Aqui, "tinham a liberdade de mamar enquanto quisessem.…”

“…Existem, também, relatos de Thevet (1558) e d'Abbeville (1614) que em pouco tempo as índias já davam ao recém-nascido frutas e farinha de mandioca mastigada, chamada de manipoy (apud Chaves, 2000).…”

O sentimento de infância no Brasil

“…Em seguida, passaremos a apresentar o conceito de criança e sua construção a partir do colonizador e do colonizado, explorando o texto de Ariès (2016), através do qual é a apesentada a história da família com base nas vivências europeias, no período compreendido entre a Idade Média e a Idade Moderna, e a criação do sentimento de infância, para, em seguida, discorrer a respeito das considerações de Chaves (2000), que se relacionam à criança indígena no Brasil, durante os séculos XVI e XVII.…”