O trade off do crescimento no Brasil nos anos 1990-2000: Análise crítica e alternativas de política monetária

Abstract

Resumo -O artigo discute o clássico trade off do crescimento econômico no Brasil, expresso em dois dilemas recorrentes: entre crescimento e estabilidade de preços e entre crescimento e equilíbrio do balanço de pagamentos. O texto analisa dois modelos de crescimento (e ajustamento) adotados recentemente no país: o modelo dos anos 1990, baseado no regime de "âncora cambial"; e o dos anos 2000, que combina câmbio flexível com um modelo de metas de inflação para a política monetária e de metas de superávit primário para a política fiscal. A partir de um modelo macroeconômico básico para a análise do caso brasileiro, demonstra-se que, além de um viés recessivo, o modelo atual tem limitada eficácia como "solução" do trade off do crescimento. Propõe-se, então, uma estratégia alternativa, na qual: a) o modelo de metas de inflação é substituído por algo semelhante à "regra de Taylor", que contempla tanto a inflação, quanto o crescimento na função-juros do Banco Central; b) a política de juros deixa de ser o único instrumento de estabilização de preços, dividindo esta tarefa com políticas de rendas; c) o regime de flexibilidade cambial é combinado com polí-ticas de controle dos fluxos de capital, especialmente na "porta de entrada", visando evitar o overborrowing externo típico das fases de otimismo, reduzindo, de forma estrutural, a volatilidade cambial a que se expõe o país. Palavras-chave -Crescimento econômico. Trade off. Política monetária. Balanço de pagamentos. JEL -E52; E61 IntroduçãoEconomias de mercado são, inevitavelmente, sujeitas a choques e, portanto, a situações de instabilidade da atividade econômica e/ou dos preços dos bens e ativos financeiros (aí incluída a taxa de câmbio). Encontrar uma forma de conciliar crescimento real com estabilidade mo-* Professora-adjunta do Instituto de Economia

Financial constraints on economic development: theory and policy for developing countries

“…The Shaw-McKinnon model relies on three core hypotheses (Fry, 1995;Hermann, 2003): (i) saving is required to finance economic growth; (ii) aggregate saving is a positive function of the real interest rate, and (iii) freely operating financial markets ensure that the real interest rate, aggregate saving and, by extension, economic growth settle at their "optimum" levels.…”

“…The post-Keynesian approach is even more radical in its criticism of the efficient market hypothesis, its argument being that the main obstacle to market efficiency is the uncertainty surrounding all economic decision-making, and particularly financial operations (Carvalho, 2010;Hermann, 2011a). As Kregel (1980) observed, the problem is not confined to information costs and access, but includes the very existence, at the critical juncture, of the forward-looking indicators needed to estimate asset risks and returns.…”

“…This has implications for financing costs: the interest rates demanded for longterm securities by the savers and financial institutions that might acquire them are generally higher than those for short-term securities. In other words, the yield curve (the interest-rate term structure) is typically rising (Cargill, 1983;Hermann, 2011b). This situation makes the second phase more fraught than the finance phase, implying that activities requiring long-term funding will be penalized more heavily.…”

“…From this basic condition arises the importance of financial development for economic development, as the various schools of theory dealing with the issue recognize. The complexity of the development process, however, has major implications when it comes to understanding and determining financing needs (Studart, 2005;Carvalho, 2010;Hermann, 2011a). The greatest difficulties include: (i) The large volume of capital required: this restricts many firms' access to what prove to be scarce or costly outside resources.…”

“…potential borrowers (Hermann, 2011b): starting from a high base that reflects the high cost of short-term credit, they are short (because the market is incomplete in long-term segments) and steep (because of the chronic reluctance of the financial system to engage in longer-term lending, which is also manifested in the high cost of the loans that are made despite this rationing) (see figure 1). Source: prepared by the author.…”