A produção acadêmica sobre a infância vem tendo um crescente aporte dos novos estudos sociais da infância. De forma geral, tal perspectiva considera a intervenção das crianças na sociedade, em oposição às explicações adultocêntricas de desenvolvimento, socialização e educação. No entanto, ao afirmar a construção histórica da infância e questionar as concepções biologicistas e psicologizantes, esses estudos correm o risco de desconsiderar que a criança, em sua complexidade, é natureza e cultura, é corpo e mente. O presente estudo analisou a produção científica em periódicos da base de dados Scielo Brazil que tratam das temáticas: infância, cultura e corpo. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, utilizando os descritores: infância e cultura, infância e corpo. Foi identificado um total de 24 artigos, entre os anos 1999 e 2018. A grande maioria dos estudos foi publicada em periódicos da área da Educação, seguido dos periódicos em Psicologia e em Ciências Sociais. A análise demonstrou que os estudos costumam priorizar apenas uma dimensão da infância, de forma que as noções de corpo e cultura não se apresentam articuladas nos textos. A maioria se caracterizou como estudo teórico, apenas 5 estudos apresentaram relatos de pesquisa empírica e, entre esses, em 4 estudos, os informantes eram as crianças. Por fim, este estudo ressalta a necessidade da articulação dos conceitos corpo e cultura e a importância da escuta das crianças nos estudos da infância. 1 Uma versão do presente texto foi publicada em:DORNELLES, Leni Vieira; LIMA, Patrícia de Morais (orgs.). Por uma luta sem fronteiras na defesa dos direitos das crianças: corpo e cultura [livro eletrônico]. Goiânia: Editora Vieira, 2019.