O “Programa Mulheres Mil” no Espírito Santo: uma política pública educacional de equidade de gênero?

Abstract

Resumo Evidências empíricas revelam um aumento significativo do trabalho feminino, que alcança mais de 40% da população ocupada no Brasil; embora ainda seja marcado pela informalidade, pela divisão sexual do trabalho e pelos rendimentos em média menores que os dos homens. Portanto, o objetivo geral deste artigo é verificar se as técnicas utilizadas na implementação do Programa Mulheres Mil são capazes de fomentar a equidade de gênero por meio da inclusão educacional e produtiva e como se dá esse processo. O método de pesquisa proposto foi o estudo de caso, com abordagem qualitativa. Os resultados demonstram que o programa não atingiu seu objetivo de incluir produtivamente essas mulheres, pois a maioria delas ainda está desempregada. Notou-se também que, ao utilizar a metodologia de avaliação e reconhecimento de aprendizagem prévia, o programa tende a reforçar as normas de gênero já existentes. Recomenda-se a reestruturação do programa, considerando a adequação da sua metodologia aos projetos de vida das mulheres, bem como à realidade do mercado de trabalho local.

The Discursive Construction of the Thousand Women Program in Brazil

“…The majority of the training courses offered by the PMM are short-term and related to domestic activities. Therefore, the policy reinforces traditional gender roles and their hierarchies, contributing to perpetuating domination relations between genders (Carpenedo, 2011;Gois, 2016;Altoé;Silva, 2017;Corcetti, Souza & Loreto, 2018). "Professional qualification, in this sense, does not solve the problem and aggravates it, as the participant receives a certificate recognizing her as the "heart of the home" (Altóe & Silva, 2017, p. 25, our translation).…”

Cenários da Educação de mulheres jovens e adultas em situação de privação de liberdade no contexto brasileiro

“…Os cenários da Educação de mulheres em situação de privação de liberdade no Brasil inscrevem-se no reconhecimento do direito à Educação das pessoas jovens e adultas que se encontram nessa condição, e é urdido na força de movimentos sociais, no aprofundamento das reflexões teóricas e na construção de um arcabouço legal no campo da Educação, dos direitos humanos e dos estudos de gênero que denunciam as persistentes desigualdades entre mulheres e homens (CORCETTI; SOUZA; LORETO, 2018;MEYER et al, 2014).…”

Do Programa Mulheres Mil ao Pronatec: uma análise das interfaces entre o perfil socioeconômico das mulheres e sua inserção no mercado do trabalho (From Thousand Women Program to Pronatec: an analysis of the interfaces between the socioeconomic profile of women and their insertion in the labor market)

“…Reconhece-se, entretanto, que as atividades desempenhadas pelas mulheres têm sido subvalorizadas, em relação às exercidas pelos homens, pois, mesmo com seu aumento significativo, que alcança mais de 40% da população ocupada no Brasil, e com níveis de escolaridade mais elevados, elas se encontram inseridas em ocupações mais vulneráveis, com taxas maiores de informalidade e precariedade, marcadas pela divisão sexual do trabalho e pelos rendimentos inferiores ao do segmento masculino (CORCETTI et al, 2018).…”