Descreve-se neste trabalho resultados recentes, obtidos com 32 alunos do Ensino Médio a respeito de concepções alternativas sobre corrente elétrica em circuitos simples. Utilizou-se um teste de 14 itens elaborado no IF-UFRGS e validado após aplicação a alunos de engenharia da mesma universidade, em 1989. No presente experimento, 7 alunos foram selecionados para entrevistas clínicas, a partir do padrão de respostas no teste escrito. Os resultados do teste escrito foram comparados àqueles obtidos na UFRGS e analisados no contexto da literatura internacional pertinente ao tema. Confirmou-se a recorrência de concepções alternativas já amplamente relatada por autores de diversos países em diferentes continentes. As entrevistas clínicas permitiram uma investigação mais detalhada deste fenômeno e sinalizaram a necessidade de novas abordagens didáticas no ensino de circuitos elétricos. Palavras-chave: concepções alternativas, circuitos elétricos, corrente elétrica, eletricidade, entrevista clínica. This paper describes recent results obtained with 32 students from the Middle School regarding alternative conceptions about electric current in simple circuits. A 14-item test developed at IF-UFRGS was used and validated after application to engineering students from the same university in 1989. In the present experiment, 7 students were selected for clinical interviews, from the standard of answers in the written test. The results of the written test were compared to those obtained at UFRGS and analyzed in the context of the international literature relevant to the topic. The recurrence of alternative conceptions, as observed in the present investigation, has already been widely reported by authors from different countries on different continents. The clinical interviews allowed a more detailed investigation of this phenomenon and signaled the need for new didactic approaches in the teaching of electrical circuits. Keywords: alternative conceptions, electric circuits, electric current, electricity, clinical interview.
IntroduçãoDe tudo que se sabe hoje sobre o processo de ensinoaprendizagem, talvez a coisa mais importante possa ser resumida em uma frase: descubra o que seu aluno já sabe e ensine de acordo. O significado dessa frase aparece em diferentes teorias da aprendizagem, sob diferentes formas. Ao propor uma pedagogia para a educação de adultos, em um processo dialógico baseado no universo vocabular do aprendiz, Paulo Freire escreve [1]: "quem dialoga, dialoga com alguém sobre alguma coisa" (p.69). A frase sugere que essa "alguma coisa" é o que o aluno já sabe. Ao discutir sua teoria de aprendizagem, Bruner enfatiza que a eficiência de uma sequência de ensino depende do cabedal de informações e do estágio de desenvolvimento do aluno a quem se destina [2,3]. A frase acima também tem a ver com as ideias de Vygotsky a respeito do que ele define como zona de desenvolvimento proximal [4]. Por trás desses significados, está a estrutura cognitiva, um * Endereço de correspondência: cas.ufrgs@gmail.com.conceito muito debatido ...