Para este artigo, proponho uma discussão a respeito de como a dramaturgia, especialmente a dramaturgia negra contemporânea, vem tomando como uma de suas preocupações a escrita de acontecimentos históricos. Nesse processo, observo que se estabelece uma apropriação de formas da biografia, o que implica um olhar direcionado à maneira com que elementos como a cronologia e o personagem biografado são confeccionados no texto dramatúrgico. Ilustro brevemente essas questões a partir da leitura de Mercedes, dramaturgia de Sol Miranda, que toma como núcleo da tessitura do drama a vida da bailarina Mercedes Baptista (1921-2016), primeira dançarina negra a compor o balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.