Resumo: O estudo em questão teve como objetivo apontar a importância que séries e versões de obras de arte contemporânea possuem como fonte de informação para as atividades de preservação, pesquisa e comunicação, de uma obra musealizada e destacada desses conjuntos. Para suscitar o debate, elencamos a performance Puxador (edição Colunas Pampulha), da artista Laura Lima, presente no acervo do Museu de Arte da Pampulha. Apesar de ter como exigência por parte da artista ser exibido somente enquanto presença, esse trabalho não possui documentação museológica que garanta essa forma de perpetuação ou memória. Diante disso, demonstramos ao longo do artigo, como a série Homem=carne/Mulher=carne (H=c/M=c), as edições Puxadorarquitetura e Puxador-paisagem, e a reperformance dessa obra podem contribuir para sua preservação. Ao final, consideramos que tais dados, podem ser importantes para compor um possível dossiê documental do trabalho. A metodologia adotada inclui levantamento bibliográfico, análise da documentação institucional e entrevista com a artista.Palavras-chave: Documentação museológica. Comunicação museológica. Performance. Arte Contemporânea.
IntroduçãoNa segunda metade do século XX, quando as instituições museológicas buscavam colecionar algo relacionado às performances vinculadas às artes visuais, elas o faziam por meio de vídeos, fotografias, indumentárias e objetos, mas, raramente por meio da própria obra enquanto evento presencial. Tomar a performance como item colecionável era um desafio para toda uma cultura institucional habituada ao acervamento de bens materiais. Além disso, diferentes criadores recusavam-se a reencenar o ato performativo, defendendo Séries e versões na documentação e preservação de performances em arte: Os Puxadores peremptoriamente a unicidade e irrepetibilidade da ação. Peggy Phelan (1993) é uma das vozes que se erguem contra o arquivamento:A performance não pode ser armazenada, registrada, documentada ou, de outro modo, participar da circulação de representações: uma vez feito isso, torna-se outra coisa que não a performance. (PHELAN, 1993, p. 146, tradução nossa) 1 .Recentemente, artistas e pesquisadores têm contestado a noção da performance como um evento único e não reiterável, ou de seus registros e vestígios como signos exclusivos para sua representação. Tal contestação abriu caminho para a reperformance, ou seja, a reexibição da obra enquanto presença, como uma possibilidade de perpetuação em acervos convencionais. A mudança de perspectiva, por sua vez, repercutiu sobre os museus de arte, que passaram a aperfeiçoar seus procedimentos metodológicos para atender às novas demandas de preservação das ações performáticas. Instituições como a Tate Modern de entre tantas outras, desenvolveram estratégias específicas para gerenciar e organizar as informações sobre suas performances; algumas, até mesmo, com equipes e departamentos especializados.No Brasil, conseguimos constatar, através de um mapeamento realizado por nós entre os anos de 2017 e 2018, um aumento do número de assimilaçõ...